A busca por autonomia movimenta a economia, que de acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico conta com 22.666 empresas ativas na Capital Nacional do Vinho
O Rio Grande do Sul vive um momento de transformação, onde o empreendedorismo se destaca como uma nova rota para milhões de trabalhadores. Uma pesquisa recente do Sebrae RS revela que mais de um milhão de gaúchos abandonaram o trabalho com carteira assinada para abrir seus próprios negócios. Em Bento Gonçalves, cidade conhecida por sua vocação turística e industrial, esse movimento é igualmente intenso e reflete a adaptação dos habitantes a novas oportunidades e desafios econômicos.
De acordo com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico (SDE), Bento Gonçalves é um exemplo de como o empreendedorismo pode florescer mesmo em tempos adversos. Em 2024, foram abertas 1.156 novas empresas no município, das quais 540 são de Microempreendedores Individuais (MEIs).
Atualmente, a cidade possui 22.666 empresas ativas, um indicador robusto de um ecossistema que continua a se expandir, impulsionado pela atuação do Sebrae e pela Sala do Empreendedor do município, que oferece suporte na formalização de negócios. “É possível afirmar que, dos 22.666 empreendimentos no município, uma parte significativa está concentrada nos setores de comércio e serviços, representando aproximadamente 70%, segundo dados do DataSebrae. No entanto, esse indicador não reflete necessariamente o crescimento de novos negócios, mas sim a representatividade desses setores entre as empresas já existentes”, declara Roberta.
Roberta explica que essa onda de empreendimentos tem múltiplas motivações. “A decisão de iniciar um empreendimento pode ocorrer por diversos fatores, como as habilidades que o empreendedor possui, as influências sociais e o ambiente econômico. Muitos procuram fazer a diferença no mundo, um dos principais motores para a abertura de novos negócios”, destaca.
A pesquisa GEM (Global Entrepreneurship Monitor) revela que 64% dos empreendedores iniciais no Rio Grande do Sul conseguiram seus negócios ao identificar uma oportunidade, e não apenas por necessidade econômica. Em Bento Gonçalves, o desejo de autonomia, flexibilidade e uma visão de crescimento sustentável também impulsionou essa transição, estimulando negócios em áreas como turismo, hospitalidade e, especialmente, enoturismo, um dos pilares econômicos da cidade.
Perspectivas para o futuro
Apesar do otimismo, empreender em Bento Gonçalves não é isento de dificuldades. De acordo com Roberta, os desafios mais especificados pelos empreendedores locais são a burocracia, a carga tributária e o acesso a recursos financeiros. Flutuações nos custos de matérias-primas também impactam diretamente a sustentabilidade dos negócios, tornando ainda mais essencial a inovação e a busca por diferenciação. “O Sebrae oferece assessorias e consultorias em gestão e tecnologia para apoiar negócios já estabelecidos, além de promover eventos que geram conexões e oportunidades de negócios”, diz.
Felizmente, os empreendedores da região contam com o apoio de políticas locais, como a Lei de Incentivo ao Desenvolvimento Econômico, que oferece benefícios para novos negócios e para a expansão de setores já consolidados, como o industrial e o de serviços.
O futuro do empreendedorismo
A pandemia acelerou o empreendedorismo no município, exigindo adaptação e novas formas de operar. Segundo Roberta, a pandemia estimulou a digitalização e a adoção de estratégias multicanais, transformando desafios em oportunidades de inovação. O estudo GEM de 2020 revelou que o número de empreendedores no Rio Grande do Sul saltou para 2,7 milhões durante a pandemia, refletindo um momento de reinvenção e fortalecimento. “Apesar das dificuldades recentes, especialmente em relação às enchentes e ao estado de calamidade do Rio Grande do Sul e do município, alguns indicadores sugerem um processo de reconstrução e retomada. Nesse contexto, em um ambiente favorável, é possível que a intenção dos gaúchos em empreender nos próximos anos se mantenha ou até aumente”, conclui.