Com atuação voluntária, entidade criada por mães atípicas promove inclusão, informação e acolhimento a famílias com crianças e adolescentes com TEA

Em meio a desafios diários enfrentados por famílias de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA), a Associação Voz Azul de Apoio ao TEA surgiu como um ponto de luz e acolhimento em Bento Gonçalves. Criada em 2022 a partir da união de mães atípicas que se conectaram inicialmente por meio de um grupo de WhatsApp, a entidade nasceu da urgência em buscar acesso a terapias, combater a desinformação e promover a inclusão dos filhos nos espaços educacionais e sociais.

Sob a liderança da presidente Silvana Alves, a associação se consolidou como uma rede de apoio voluntária. “Atualmente trabalhamos com apoio e suporte a crianças e adolescentes com TEA e seus familiares, levando informação, buscando a inclusão e garantia dos direitos dos autistas”, destaca Silvana.

Ação de fim de ano com voluntários da instituição

Ações que transformam

Entre as principais atividades realizadas pela associação estão eventos inclusivos, palestras educativas, ações de assistência social (com doações de roupas e alimentos) e rodas de conversa com apoio psicológico conduzidas por profissionais voluntários. Os encontros promovidos pela Voz Azul se tornaram símbolo de afeto e segurança para as famílias. “Vivemos momentos marcantes durante nossa caminhada, os mais significativos acontecem em nossos eventos, onde vemos nossas crianças e adolescentes brincando e interagindo em segurança e sem julgamentos. Momentos esses em que os pais se sentem mais leves e seguros, podendo ver seus filhos felizes em um ambiente acolhedor”, conta Silvana.

Além disso, a associação promove capacitações para professores, profissionais da saúde e a comunidade em geral, abordando temas relacionados ao autismo com base científica e empática. A missão é clara: preparar a sociedade para acolher e incluir, não apenas tolerar.

Passeio no Parque Gasper com beneficiados

Voluntariado com vivência real

Toda a diretoria da Voz Azul é composta por voluntários diretamente ligados ao TEA: pais, mães e familiares. Isso garante um nível de sensibilidade único nas ações promovidas. Hoje, dezenas de associados atuam de forma ativa na organização dos eventos e na condução das iniciativas da entidade. “No entanto, atualmente não temos patrocínio fixo, mas estamos trabalhando em diversos projetos para obtenção de recursos financeiros, com o objetivo de atender mais amplamente as necessidades dos nossos associados”, destaca a presidente.

Parcerias e desafios

Apesar de trabalhar de forma 100% voluntária, a associação conta, pontualmente, com parcerias de instituições públicas e privadas, conforme a necessidade de cada ação. A busca por apoio financeiro é constante, e o maior desafio atual é garantir direitos básicos como o acesso à educação, especialmente diante da falta de monitores nas escolas municipais, e atendimento em saúde com acesso a médicos especializados e terapeutas multidisciplinares, como fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, psicólogos e fisioterapeutas. “Apesar disso, são promovidas ações de assistência social, como arrecadação de alimentos e vestuário, para as famílias atípicas em situação de vulnerabilidade. Além destes, realizamos encontros periódicos para os pais, para apoio psicológico com profissionais voluntários”, salienta.

Encontro de famílias promovido pela Associação

Conscientização

Para a presidente, o preconceito ainda é uma barreira presente no cotidiano das famílias com autistas. “Infelizmente enfrentamos diariamente o preconceito em relação ao autismo, convivemos com esse problema no ambiente escolar, em ambientes públicos e privados, no ambiente de trabalho e até mesmo em instituições de saúde, como postos de saúde, clínicas e hospitais”, denuncia Silvana.

A resposta da Voz Azul para esse cenário é simples: educar e informar. “A conscientização sobre o TEA é uma luta permanente da Associação, já que é fundamental para promover a aceitação, inclusão e garantia dos direitos das crianças e adolescentes com TEA”, pondera.

Gilberto Zandoná, Silvana Alves, presidente da Associação Voz Azul e José Emanuelli do Rotary São Francisco

Olhar para o futuro

Entre os projetos em andamento, estão iniciativas nas áreas de educação, esporte e assistência social, mas o maior sonho da associação é construir uma sede física própria. “Queremos oferecer um suporte mais completo às crianças e adolescentes com autismo e às suas famílias na cidade”, ressalta.

Como ajudar

A comunidade pode contribuir de várias formas: por meio de doações financeiras, doação de alimentos e roupas, voluntariado e, principalmente, com abertura para aprender. “Somente o conhecimento irá quebrar as barreiras do preconceito em nossa comunidade, que impede a evolução das pessoas com autismo. Durante as ações promovidas pela Associação, diversos associados trabalham em prol da causa, auxiliando na organização dos eventos e monitoria, palestras que oferecemos à comunidade local”, afirma Silvana.

A mensagem que ecoa

A frase que resume a missão da Associação Voz Azul também é o seu maior chamado à sociedade: “mais informação, menos preconceito. Mas não é simples, já que somente o conhecimento sobre o Autismo pode garantir o direito e a inclusão”, finaliza a presidente.