Sócia-proprietária da Monitora Bento, em entrevista, fala sobre a sua empresa, o trabalho de segurança e monitoramento e os novos projetos. Solange também exprime sua opinião sobre a fragilidade da segurança na cidade a falta de mão de obra qualificada e as novas tecnologias
Solange Maria Cima, de 51 anos, é sócia-proprietária da Monitora Bento, empresa de segurança na cidade. Há 21 anos em Bento Gonçalves, Solange veio de Itatiba do Sul, Santa Catarina, para implantar sua o negócio na Serra Gaúcha. Formada em Gestão de Varejo pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), a empresária é mãe de Jefferson (in memorian) e Jéssica. A empresária também faz parte do Rotary Clube Planalto e se considera uma bento-gonçalvense.
A Monitora Bento
Quando chegamos em Bento as pessoas mal sabiam o que era monitoramento, fomos os pioneiros na região. Desde 1999 trabalhamos com o que tem de melhor no mercado e análise presencial para ir de encontro às necessidades de cada empresa que atendemos. Tudo que é na parte de segurança, a gente tem. Fomos evoluindo e nos tornando uma empresa sólida. Temos um bom mercado no Rio Grande do Sul e estamos expandindo para todo o Brasil. A Monitora trabalha com profissionais qualificados e utiliza a mais alta tecnologia em sistemas de segurança adaptáveis para os mais diversos segmentos do mercado. Contamos com um centro de controle equipado com geradores para garantir 24h de monitoramento sem risco de apagão, zoneamento de equipes estratégicas, treinamento e supervisão periódica das terceirizadas, análise de setores internos e externos e suporte técnico com avaliação frequente dos equipamentos instalados. Atendemos residências, empresas, e o meio corporativo de grandes grupos. Por exemplo, os Ministérios Públicos, as Receitas e órgãos do estado, além das lojas Colombo do Paraná e do Rio Grande do Sul. Estamos avançando, temos um escritório em São Paulo e a ideia é realmente ir para todo o país. Monitoramos acima de três mil clientes, fora os que só instalamos os equipamentos.
O diferencial
Fazemos sempre o melhor para o nosso cliente, prezando pela transparência do trabalho. Tenho pessoas que trabalham comigo há anos. Temos oferecer o que realmente o consumidor precisa, sermos fiéis e sinceros com quem vamos atender. Fizemos um projeto específico para cada um. Contamos também, pensando na agilidade para atendimentos de emergência, com unidades de apoio nos bairros Santo Antão, Garibaldina, São Valentim e São Roque. Com eles, conseguimos chegar muito mais rápido à casa do cliente. Desde que começamos, nossa preocupação não é meramente vender um sistema de segurança, mas sermos honestos, e ter essa relação com quem utiliza os nossos serviços. Crescemos com esse trabalho, pois para ter uma empresa, é preciso ter uma boa índole.
A Monitora hoje
Ainda é uma adolescente, que tem muito o que crescer. O mercado é muito bom, nossa empresa está bem. Com a pandemia deu uma estagnada, mas agora estamos crescendo de novo, expandindo para outras cidades, o que é muito importante. Temos em torno de 50 funcionários, com uma equipe maravilhosa. Tem a assistência técnica, que cuida só da questão de instalação de alarmes, câmeras e cercas elétricas e, quem faz o monitoramento, onde uma base fica na empresa 24h e também na rua, com as unidades de apoio. A maioria das pessoas nos procura para colocar o sensor de alarme e de movimento, depois as câmeras. Em relação a atendimentos, 80% dos nossos clientes são empresas e 20% residências.
Bendito – Monitoramento de idosos
Sobre novos projetos, temos um em andamento que quero muito fazer com que seja referência e se expanda para todo o Brasil. É algo bem legal, que com certeza fará a diferença na vida e na segurança da terceira idade: o Bendito – Monitoramento para Idosos. Temos clientes em várias cidades e, nesse ano e no ano que vem, estamos dando ênfase nesse produto. O Bendito é um sistema de monitoramento 24h para os que moram sozinhos e podem precisar de uma ajuda ou socorro. Para utilizar o serviço, basta o usuário apertar o botão de alarme, em uma pulseira em forma de relógio, que realiza uma chamada em viva voz com a central, que entrará em contato com a lista de emergência fornecida pelo cliente. Se não conseguimos contato com ninguém, chamamos o Samu. O Bendito tem sensor de temperatura e de fumaça. É um trabalho muito bacana que partiu do meu filho e prometi, por ele, tocar esse negócio. Com o tempo pode mudar um pouco o processo, de como cuidar, ou funcionar, mas quero que esse projeto bombe.
O futuro é a nova tecnologia
Muita tecnologia é o que teremos pela frente. A nossa área tem infinitas coisas de modernidade, e Bento está comportando isso, muito diferente de quando chegamos. Hoje as pessoas entendem um pouco mais que precisam de segurança. O futuro é tecnologia moderna, com menos atuação de material humano. A ideia é, por exemplo, colocar câmeras e equipamentos que possam fazer o papel de um vigilante, protegendo e não arriscando vidas. Teremos um monitoramento mais à distância, mas com muita eficácia.
A falta de mão de obra
No meio de tudo isso, a instabilidade econômica do Brasil complica bastante, mas sofremos também com a falta de mão de obra qualificada para os nossos serviços, principalmente falando em técnico de instalação. Treino as pessoas dentro da empresa, pois é muito difícil encontrar alguém no mercado que já venha pronto. Os que estão na área, normalmente aprendem na Monitora, eu quem os ensino e qualifico.
A constante busca pela atualização
Estamos sempre de olho no que tem de melhor e mais avançado no mercado. Vamos a grandes feiras em São Paulo e na China, buscando conhecimento e novas tecnologias, principalmente em equipamentos ao cliente, para que eles se sintam seguros. Por isso, cada cliente tem um projeto específico, exatamente para o que ele quer e precisa. A nossa área vive em constante transformação. Cada ano as coisas vão mudando, com mais tecnologia e menos material humano. Os aparelhos estão cada vez mais modernos, com qualidade e eficiência. Um sistema de segurança hoje, está diferente de 10 anos atrás, as coisas vão se aperfeiçoando e o cliente tem que entender que, com todas essas mudanças, deve ocorrer a troca de equipamentos e sistemas mais defasados.
Proteção à empresa e não à casa
Bento evoluiu, mas ainda precisa abrir a cabeça no que diz respeito a sua segurança. Hoje, a cidade esquece da sua residência, e isso é uma pena. A casa é tão vulnerável e a empresa tão protegida. Muitas pessoas chegam a cancelar o monitoramento da residência para deixar só na empresa. Até digo para os meninos que fazem a instalação tentar negociar, cobrar até um valor menor e incluir no pacote, mas nem sempre isso acontece. Às vezes, a empresa vem antes da própria segurança, da própria vida.
A segurança em prédios residenciais
Se não há um bom sistema de segurança para entrar em prédios, é um abraço. O programa de segurança às vezes é muito simples e não suporta uma demanda de condomínio. Com muitas pessoas que entram e saem, precisa de um sistema mais completo, que dê realmente segurança aos condôminos. O mais correto seria cercar o prédio com uma cerca elétrica, colocar alarmes com câmeras e sensores, um sistema de acesso com boas imagens e que gere relatórios, porque quando algo acontecer, tem que se reconhecer o indivíduo. Tem que ter um sistema que, quando você precisar, vai te responder e realmente te ajudar. Não adianta brincar com a segurança, como se nada fosse acontecer. Há algumas tecnologiaa e coisaa boaa, como sensor de movimento, de impacto e de quebra vidro, e a grande maioria não tem isso.
A segurança nas casas
O padrão segue o mesmo, mas na residência, é um pouco diferente. Por exemplo, colocar uma cerca elétrica no pátio, mas com sensores externos, porque se à noite a pessoa estiver dormindo e um indivíduo conseguir cortar a cerca, pular o portão e entrar, vai disparar um alarme. Outra coisa importante é cuidar quando estiver chegando em casa. Olhar se tem gente estranha rondando a casa ou a rua. O sistema de pânico, onde a pessoa aperta o botão, também é eficiente e o colocamos em lugares estratégicos. O meu maior medo é a mão armada. As pessoas só se preocupam realmente depois que acontece alguma coisa e isso não é o correto, o sistema tem que ser uma prevenção. A segurança no município ainda é muito frágil.
A segurança em Bento
As pessoas ainda não estão se preocupando com a segurança. A violência está aumentando, ainda que na cidade isso esteja até um pouco mascarado, é muito mais do que se mostra por aí. As pessoas ainda pensam que Bento é como há 30 anos, falta informação, porque poder aquisitivo as elas têm por aqui. São coisas simples, às vezes, que podem fazer a diferença. Por exemplo, deixar uma luz acessa quando sair de casa, isso pode dificultar o assaltante, mas as pessoas não fazem. Essa falta de cuidado ainda é muito cultural. O mais difícil é vender a ideia para proteger ainda mais clientes. É complicado mostrar que ele realmente precisa de um sistema bom e que irá fazer a segurança da família.
Bairros mais perigosos
Nós que monitoramos, recebemos chamados regulares. Não há um que tenha muito mais que outro, mas a maior parte dos chamados é de empresas. Os nossos clientes, quando protegidos, é mais difícil do ladrão mexer, pois há uma plaquinha que mostra que a casa ou a empresa está sendo monitorada.
Porte de arma
Todos deveriam ter uma arma em casa, por segurança. Não sou 100% a favor do porte, pois muda totalmente a vida e os pensamentos depois disso, não sei se as pessoas estariam preparadas para usar a arma na rua, mas em casa sim.
A atuação da Brigada Militar e da Polícia
Elas são muito importantes, mas às vezes, carecem de efetivos. O estado é falho, e a empresa sofre com isso. Quando precisamos, tanto a Brigada como a Polícia, sempre nos atenderam com eficiência. Agora, é complicado quando há, por exemplo, duas viaturas para atender toda uma cidade. Eles fazem o melhor que podem.
Conselho de proteção
Ter sempre muito cuidado ao chegar e sair de casa, pois é aí que, normalmente, acontecem os assaltos à mão armada. É importante ter um sistema de segurança, com monitoramento. Uma câmera que possa mostrar quem passa na rua e na calçada. Cuidar quem circula na redondeza. Quando tem alguém, ou algum carro estranho, tentar desviar, fazer uma volta a mais antes de entrar em casa, tem que ficar atento a isso. O mundo está violento e quanto mais nos prevenirmos, maiores são as chances de aproveitarmos nossa vida e família. As pessoas têm que colocar a segurança como prioridade.
Mulher empreendedora
Existe muito preconceito ainda em ter uma mulher em uma grande empresa. Há aquele pensamento de que nós, mulheres, não faríamos tão bem como os homens, mas acredito que isso esteja mudando. Na minha área, há poucas mulheres no Brasil, acredito que menos de 10 %, porém, nunca me senti muito discriminada. Eu toco a empresa, ajudo, sou ouvida e tenho credibilidade pelo meu trabalho, por tudo que batalhei para chegar até aqui. Para qualquer mulher conseguir algo, tem que colocar a mão na massa. No início não é fácil, tem que ter persistência, coragem e não desistir. Cercar-se de gente boa e com perspectiva. Mostrar que, independentemente do gênero, somos competentes e trabalhamos muito bem.
A sociedade bento-gonçalvense
Mesmo não nascendo aqui, me considero uma bento-gonçalvense. O povo aqui é muito próspero e trabalhador, me sinto acolhida. Por mais que o turismo venha crescendo muito, sinto que ainda precisamos vender mais a imagem de Bento lá fora. Que os turistas procurem mais a cidade, pois Bento é linda demais.
Conselho para os jovens
Vou dizer o que falava sempre para meu filho, que ele tinha que se especializar e ter muita informação. Hoje em dia, não se pode ser mais um no mercado. Tem que estudar, buscar qualificação e ter um diferencial, mas mesmo assim, ter uma boa qualidade de vida, se divertir e passear.
Qualidade e defeito
Admiro muito as pessoas de caráter, é o que faz a diferença. O pior defeito, é a mentira. Temos que encarar a realidade, por mais dura que seja.
Viver plenamente
A vida é muito boa, então, é saber que tenho muito o que viver ainda é que me encoraja a levantar da cama todos os dias. Essa vontade é o que conta, o resto vem junto. Temos agradecer sempre por mais um dia, se não, não faz sentido à vida. São as pequenas coisas que contam. Passamos por muitos perrengues, mas no final, sempre vale a pena escolher viver.