Anvisa se posicionou a favor do uso emergencial das vacinas Coronovac e de Oxford, com ressalvas e recomendações. Pedidos foram apresentados em janeiro pelo Instituto Butantan e pela Fiocruz e são referentes a 8 milhões de doses importadas.
A diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), aprovou neste domingo, 17, a o uso emergencial das vacinas Coronavac e da Universidade de Oxford contra a Covid-19.
Os diretores acompanharam o voto da relatora Meiruze Freitas. No caso da Coronavac, a Anvisa condicionou a aprovação à assinatura de termo de compromisso e publicação em “Diário Oficial”.
A decisão deste domingo passa a valer a partir do momento em que houver a comunicação oficial ao laboratório. Ela será publicada no portal da Anvisa, no extrato de deliberações da Diretoria.
“Quanto à vacina Coronavac, desenvolvida pelo instituto Butatan, voto pela aprovação temporária do seu uso emergencial condicionada a termo de compromisso e subsequente publicação de seu extrato no DOU”, disse a relatora.
“Quanto à vacina solicitada pela Fiocruz, voto pela aprovação temporária de seu uso emergencial referente a 2 milhões de doses. Guiada pela ciência e pelos dados, a equipe concluiu que os benefícios conhecidos e potenciais dessas vacinas superam seus riscos”, completou.
Leonardo Filho, estatístico da Anvisa, disse que a eficácia da Coronavac é de 50,4%, em percentual arredondado. Já o gerente de Medicamentos, Gustavo Mendes, entende a eficácia da vacina de Oxford é de 70,42%.
Na apresentação dos dados, Gustavo Mendes informou ainda que a área técnica da Anvisa recomendou a aprovação emergencial “condicionada ao monitoramento das incertezas e reavaliação periódica”.
Mendes também ressaltou que há aumento no número de casos e ausência de alternativas terapêuticas. A aprovação, embora as ressalvas, são motivadas pelo aumento do número de casos da Covid-19 e a falta de medicamento de cura ou de prevenção.
“Até o momento não contamos com alternativa terapêutica aprovada para prevenir ou tratar a doença causada pelo novo coronavírus. Assim, compete a cada um de nós, instituições públicas e privadas, sociedade civil e organizada, cidadão, cada um na sua esfera de atuação tomarmos todas as medidas ao nosso alcance para no menor tempo possível diminuir o impacto sobre a vida do nosso país”.
Voto da relatora da Anvisa
Meiruze Freitas
Coronavac
O pedido para liberação do uso da Coronavac foi apresentado no dia 8 de janeiro pelo Instituto Butantan e é referente a 6 milhões de doses importadas, produzidas pela farmacêutica chinesa Sinovac. O Butantan também desenvolve a vacina no Brasil.
AstraZeneca
O pediodo sobre a vacina de Oxford também foi apresentado dia 8, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e é referente a 2 milhões de doses importadas do laboratório Serum, da Índia, que produz a a vacina desenvolvida pela universidade do Reino Unido e pelo laboratório AstraZeneca. A Fiocruz também desenvolve a vacina no Brasil.
Primeira dose
A primeira pessoa a ser vacinada contra a Covid-19 no Brasil foi a enfermeira do hospital Emílio Ribas Mônica Calazans. Paulista, de 54 anos, ela foi a vencedora do prêmio Notáveis CNN em 2020 pela sua luta contra o coronavírus.
O nome da primeira imunizada foi revelado pela jornalista Mônica Bergamo e confirmado pela CNN. O Hospital das Clínicas de São Paulo iniciou a vacinação assim que a Coronavac foi aprovada pela para uso emergencial pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
A aplicação da vacina ocorreu durante coletiva com a presença do governador de São Paulo, João Dória, que começou assim que acabou a reunião da Anvisa.
Heroína
Ao receber o prêmio Notáveis CNN em dezembro do ano passado, em 2020, Mônica se emocionou. “Eu não sei nem se essa palavra, heroína, cabe a mim. Falo por mim, por todos os profissionais de saúde que ainda estão na linha de frente e aqueles que não estão mais com a gente, que tentaram fazer um trabalho perfeito e foram arrebatados pela doença”, disse.
No país com o maior número de enfermeiros vítimas da Covid-19 em todo o mundo, ela falou sobre como tem enfrentado a realidade da pandemia. A equipe da premiação acompanhou Calazans antes de ela saber que receberia o troféu.
“Desde o início, eu estou na linha de frente. Eu tenho hipertensão, tenho diabetes e obesidade. Eu não sei por que eu não tenho medo. Não consigo explicar isso. É uma profissão em que você não pode ter medo”, contou a enfermeira.
Imagens: Nelson Almeida / AFP, divulgação CNN e Agência Brasil