Especialistas destacam expectativas e tendências para 2025
O mercado imobiliário de Bento Gonçalves está prestes a entrar em um novo ciclo de expansão em 2025, após um período de retração e baixa oferta nos últimos anos. A expectativa é de reaquecimento do setor, impulsionado por investimentos represados, retomada da confiança econômica e crescente demanda por imóveis residenciais e industriais.
Demanda e tendências do mercado
Segundo Adelgides Stefenon, proprietário da Prestige – Imóveis Especiais, consultor de empresas e professor universitário, a demanda por imóveis para aluguel está aquecida, especialmente no segmento residencial e industrial. “O cenário imobiliário de Bento Gonçalves guarda certa semelhança com as expectativas econômicas do país inteiro, notadamente nos últimos três anos onde houve pouco incentivo para as construtoras pisarem no acelerador dos investimentos. Com isto, no município, houve poucos lançamentos de novos empreendimentos em 2023 e 2024, o que mudará completamente neste ano de 2025, onde estão previstos muitas novidades especialmente por investimentos represados nos últimos anos”, destaca Stefenon.
Lúcio Salvadori Possebom, diretor da Mon Faro Incorporadora, empresa de construção de imóveis, reforça a mesma tese. “A cidade, hoje, é um polo indutor de turismo de experiência de nível nacional. O perfil de turismo que recebemos é diferenciado e possui alta necessidade de conexão cultural. Isso significa que há sim uma demanda aquecida localmente para determinados tipos de produtos que ofereçam diferenciais claros e que há, também, uma demanda crescente por segunda residência, ou seja, procura por imóveis que servem como residências de férias na Serra Gaúcha, principalmente oriunda de apaixonados pelo mundo dos vinhos e dos espumantes que querem morar na região”, destaca.

Comparações para retomada
Os dados do último Censo da Ascon Vinhedos (Associação das Empresas da Construção Civil da região dos Vinhedos) de 2023, mostram uma queda expressiva nos lançamentos: de 667 apartamentos em 2022 para apenas 180 em 2023. “Avalio esse movimento pelas expectativas da entrada do Governo Lula 3 como não muito positivas à época e ao cenário macroeconômico do Brasil. Mesmo sem os dados de 2024 (o Censo Ascon sairá dentro de 60-90 dias), a sensação é que também em 2024 houve poucos lançamentos e muitos se concentrando na parcela do Minha Casa, Minha Vida (MCMV)”, comenta Stefenon. O Censo da Ascon busca dimensionar o número de imóveis ofertados e comercializados em Bento Gonçalves.
Stefenon relembra que houve um ápice de lançamentos e vendas entre 2009 e 2012, período de maior incentivo ao MCMV. “Quando o país realmente estava em crescimento, enfrentando nova realidade a partir de 2013-2014, culminando com um dos piores momentos econômicos de toda história brasileira, os dois últimos anos do governo Dilma, 2015 e 2016 quando o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 7% em dois anos”, frisa.
Apesar da aparente abundância de construções, o estoque de imóveis é, na verdade, segundo o corretor de imóveis e economista, menor do que há quase três décadas. “Para quem olha de fora do setor, parece que há muita oferta, o que não é verdade, bastando ver o estoque de unidades para venda caindo de 1.214 em 2022 para somente 907 em 2023, sendo 812 unidades residenciais (89,5% do total) e 95 unidades comerciais – salas/lojas (10,5% do total). Quando um prédio começa a aparecer ao público em geral, normalmente ele já foi lançado há um ou dois anos, sendo que muitas unidades são vendidas ainda na planta”, destaca.
Ele ressalta que em 2001, por exemplo, havia um estoque de 1.179 imóveis. “Temos 23% menos imóveis à venda na cidade do que tinha há quase 30 anos atrás. A cidade cresceu, mas a demanda também, absorvendo o crescimento da construção civil. Isso demonstra que há poder de compra no município, que, apesar de dificuldades econômicas consideráveis nesses últimos 30 anos, os imóveis foram comprados pelos clientes em maior número do que a oferta”, salienta Stefenon.

O Mercado Total, segundo o Censo Ascon (residenciais e comerciais), em 2023, foi de aproximadamente R$ 300.000.000,00 (trezentos milhões de reais), tendo em 2021 R$ 400.000.000,00 (quatrocentos milhões de reais).
Segundo Stefenon, os imóveis mais procurados são apartamentos de dois e três dormitórios, além de pavilhões industriais. No segmento comercial, salas térreas bem localizadas mantêm uma demanda estável. “Fora do padrão MCMV, sempre há mais procura por edificações centrais ou próximas do centro, Cidade Alta, Osvaldo Aranha, São Bento e Humaitá, em detrimento de bairros mais distantes. No MCMV, não há tanta preferência, pois depende-se muito dos construtores e do tamanho da obra, podendo ocorrer em bairros mais distantes. Portanto, os condomínios fechados são opções mais selecionadas para construções de maior valor agregado, sendo, em número, muito menores que a demanda por residências mais centrais”, comenta.
Nota-se, também, que, entre 2022 e 2023, 68,4% das unidades vendidas na cidade foram com valor de até R$ 500.000,00. Já as unidades à venda que permanecem remanescentes, no percentual de 62,20%, foram acima desse valor.
Stefenon dá dicas para os compradores. “O financiamento direto dos construtores é a melhor forma de enfrentar esse desafio. O que, felizmente, as construtoras estão conseguindo disponibilizar. Além disso, em momentos de menor oferta e com taxas de juros em elevação, sempre há oportunidades a serem conquistadas pelos compradores. Boas imobiliárias sempre terão excelentes alternativas e boas ofertas, com preços muito convidativos. É preciso sempre pesquisar a localização dos empreendimentos antes. Já as imobiliárias devem investir em diferenciação de projetos e qualidade de vida, verificar a facilidade de acesso e se o empreendimento fez o EIV (Estudo de Impacto de Vizinhança), além de posicionar a empresa de forma diversa dos concorrentes atuais”, reitera.
Stefenon finaliza destacando a Prestige Imóveis como fornecedora de boas opções para aluguel e venda. “ Somos uma empresa diferenciada, no Brasil e no Mundo, sendo a primeira imobiliária temática Uva e Vinho do planeta e tendo como princípios a confiança, a satisfação dos cliente e todos os envolvidos, a segurança, a ética nos negócios, a inovação e a busca pela sustentabilidade ambiental e organizacional”, pondera.
Inovações
Possebom destaca inovações do mercado imobiliário. “No caso da Mon Faro Incorporadora, seguimos no caminho dos imóveis de Alto Padrão nos últimos anos, com as entregas do Sense Residencial, do Piazza Verdi e do Villa Di Tondo. São empreendimentos que chegaram com inovações no mercado local, como os rooftops, os jardins verticais, as amplas áreas de lazer e bem estar, o que redefiniu localmente os padrões de conforto térmico e acústico, por exemplo”, evidencia.
Para ele, o próximo passo é ainda mais ambicioso. “Nos preparamos ao longo dos anos, a partir de um propósito maior, que é o de ‘Construir hoje um amanhã melhor’, para criar um novo segmento imobiliário no interior do Estado que chamamos de luxo sustentável. Então, nosso novo empreendimento, que será lançado em março, apresenta um novo padrão e uma quebra de paradigmas agregando turismo, negócios e residências de luxo, um lugar absolutamente único em um projeto transformador para a Mon Faro e para a cidade”, pontua.

Desafios e oportunidades
O mercado imobiliário, apesar de estar aquecido, enfrenta desafios econômicos como as altas taxas de juros, que impactam diretamente os financiamentos. Para contornar esse cenário, muitas construtoras estão adotando financiamento direto aos compradores, facilitando as condições de pagamento. “Na empresa a comercialização de boa parte dos empreendimentos é feita em planta. O processo de vendas dos nossos imóveis começa com a aprovação dos projetos, que, posteriormente, são incorporados pelo regime de patrimônio de afetação. Além disso, todos os nossos empreendimentos, atualmente, contam com parceria associativa da Caixa Econômica Federal para financiamento, mesmo antes da entrega do imóvel, durante a obra. Essa modalidade de financiamento bancário gera, além de facilidades únicas de pagamento a longo prazo no alto padrão, a garantia na transação imobiliária, como o seguro de término de obra, aumentando a solidez e segurança do negócio”, informa.
Os caminhos ESG (Environmental, Social and Governance – Ambiental, Social e Governança) e a inovação constante são aspectos inseparáveis do crescimento econômico, como destaca Possebom. “Nós acreditamos que não há desenvolvimento de longo prazo sem trilhar o caminho da sustentabilidade. Isso se comprova com o fato de sermos a primeira incorporadora gaúcha reconhecida com o selo global Green Building Council (GBC) Brasil Condomínio, já há quatro anos, com o empreendimento Villa Di Tondo”, salienta. O selo do GBC é uma certificação que atesta a sustentabilidade de um empreendimento. O GBC é uma organização que promove a construção civil sustentável em todo o mundo.

Os empreendimentos atestados possuem terraços e telhados que reduzem a descarga de água sobre a rede pública, além de painéis de geração de energia. “Há uma redução forte dos custos condominiais e no desenvolvimento, entre elas, destacam-se: captação e armazenamento de águas das chuvas, com distribuição condominial e projetos que geram índices altos de luz natural interna, reduzindo o uso de energia da rede”, menciona.
Por fim, Possebom declara estar otimista com o futuro do mercado imobiliário em Bento Gonçalves. “Não podemos olhar apenas para a cidade em si, mas para esse ecossistema de inovação, negócios, indústrias, cultura e turismo que possuímos. Imóveis são mais do que edificações, são parte indissociável desse ecossistema e cabe a nós construir, literalmente, as condições para atrair e atender clientes. O nosso passado, a nossa cultura, as nossas vinícolas, indústrias e serviços fizeram muito por nós, do setor imobiliário. Cabe a nós oferecer espaços para qualificar a oferta de produtos e retribuir com mais desenvolvimento”, finaliza.
A Ascon foi contatada e através da Associação, a reportagem obteve o último relatório sobre o mercado imobiliário em Bento Gonçalves, disponível também através do link:
https://acrobat.adobe.com/id/urn:aaid:sc:VA6C2:484f6792-09ef-4dbc-8551-00f5c3b16cfd
Estratégias para os compradores segundo os especialistas:
- Procurar sempre uma imobiliária de confiança, que conheça o mercado e se relacione com bons construtores e parceiros comerciais; que transmita segurança durante todo o processo da negociação
- Se comprar para morar, procure sempre locais que facilitem sua vida, como próximo às escolas dos filhos, supermercados, local do trabalho e que tenham projeção de valorização futura;
- Para investir, procure sempre imobiliárias com experiência em investimentos para que a escolha recaia nas melhores oportunidades, minimizando riscos e aumentando rentabilidade futura;
- Sair do aluguel, para quem estiver nesse setor, sempre será um ganho a médio e longo prazos;
- Pense sempre mais longe. Não faça negócio somente pensando para dois, três anos. Pense no hoje e no amanhã;
- Busque soluções que te ajudem a viver melhor.