Bento Gonçalves financiou aplicativo pioneiro em 2019. Um possível sucesso no Brasil e no mundo

A Capital do Vinho é pioneira em mais um segmento: a de um aplicativo de jogos e de leitura, ao mesmo tempo. A história do Reden, ferramenta que possui diferenciais que nenhum outro jogo por aplicativo no mundo tem, iniciou no bairro Santa Rita, no Colégio Estadual Visconde De Bom Retiro. O local foi responsável por iniciar a amizade entre Lucas de Lucca e Victor Ochoa, que frequentavam o mesmo ambiente escolar.

Victor Ochoa e Lucas de Lucca são os idealizadores do aplicativo Reden
Foto: Arquivo pessoal

Após anos cultivando os mesmos gostos por jogos, histórias e tecnologia, hoje os jovens são idealizadores do projeto. “Tive uma dificuldade gigante para começar a ler na minha infância, mas sempre gostei muito de contar histórias. Demorei para ter um computador ou um console que funcionasse, então acabei me acostumando muito com o formato RPG (Role Playing Game) de mesa, que acabou virando uma das minhas principais formas de consumo por muito tempo”, afirma de Lucca.

Já Ochoa tem uma história um pouco diferente e mais envolvida com tecnologia, que o fez escolher a profissão que exerce atualmente, a de programador. “Tive computador em casa muito cedo. Sempre estava ali jogando”, explica. Foi dele que partiu a ideia inicial de criar o jogo. “Em 2016 eu estava olhando os aplicativos e vi um da China que contava uma história, um livro-jogo, e falei que a gente poderia fazer isso de uma forma melhor. Tentamos algumas vezes, não deu certo, até que depois de muito tempo o Lucas mandou uma proposta para a prefeitura de Bento, que foi aprovada. Essa é uma ideia que sempre esteve com a gente”, lembra.

Foram três tentativas, até que em 2019 os sócios foram beneficiados pelo Fundo Municipal de Cultura. “Em 2017 o projeto foi reprovado. No ano seguinte, em 2018, também não deu certo. Ano passado decidi mandar de novo, mas reformulei a explicação, foquei mais na história e menos no aplicativo”, relata de Lucca.

O auxílio foi de cerca de R$ 30 mil, quantia necessária para que o aplicativo fosse construído. “Esse foi o pontapé inicial que faltava, sem essa primeira aposta em nós, no caso o fundo, a gente não teria conseguido sair do chão”, reconhece o contador de histórias.

Para Ochoa, sem a verba fornecida, não seria possível transformar o Reden em realidade. “Foi graças ao Fundo que a gente conseguiu contratar o nosso pessoal. Por mais que eu seja programador, sozinho não teria como fazer, porque tenho uma família para gerir. Financeiramente, não seria interessante para mim”, argumenta.

O Fundo aprovou “O Valor da Força”, uma das histórias presentes no aplicativo. Também foi financiada uma versão física dessa história em livro, que vai ser distribuída gratuitamente. O lançamento vai ser a partir de novembro deste ano. “Faremos de forma online durante a pandemia, vamos explicar como a gente fez e mostrar os problemas que a gente enfrentou, como superou”, observa de Lucca.

Reden também é biblioteca

Inicialmente, a dupla tinha o intuito apenas de fazer o aplicativo com a história “O Valor da Força”, mas perceberam que com um pouco mais de investimento, poderiam fazer uma biblioteca de histórias. “O diferencial principal que a gente tem hoje, em comparação com os concorrentes é a forma de construir as narrativas. As histórias do Reden não são um diálogo, um box de conversas, algo superficial, é de fato como consumir um livro. Você está jogando uma literatura, consumindo algo profundo e narrado”, afirma de Lucca.

Logotipo do Reden, o aplicativo que nasceu em Bento
Foto: Divulgação

A variedade de histórias, de acordo com Ochoa, o diretor de desenvolvimento do projeto, é o que vai trazer dinamismo e, consequentemente, interesse das pessoas pelo aplicativo. “A gente está trabalhando com muitos nichos diferentes. Vai ter jogos longos ou curtos, histórias de todo estilo, onde o jogador pode se ver em algumas. Acreditamos que no Brasil ele vai ser impactante. Todo mundo que gosta de leitura ou de jogos, independentemente da idade, vai gostar do aplicativo. Estamos nos focando para conseguir atender o maior número de pessoas e ter um produto de qualidade para todo mundo”, planeja.

Acreditando no potencial do projeto, a expectativa do criador de histórias, apenas para o primeiro ano é de 100 mil downloads no Brasil. “Com essa marca a gente consegue consolidar um bom catálogo, com boas histórias e um número de leitores ativo e que realmente valha a pena para outros escritores participarem. Para 2022 a gente pretende conseguir pensar em uma expansão para esse aplicativo”, esclarece de Lucca.

Pôster de “O Valor da Força”, história principal do Reden
Foto: Divulgação

No primeiro mês de lançamento do livro-jogo, cinco histórias vão estar disponíveis: O Valor da Força; Isabel, a cartógrafa; Casados pela quarentão; Nero e Agripina e o último título, que está em período de finalização. “Já estamos conversando com editoras, produtoras e outros escritores também que vão produzir material para sair nos próximos meses. Essas cinco vão sair no primeiro mês, em novembro, só que se a nossa campanha em busca de investidores no catarse.me/reden der certo, em fevereiro já estaremos publicando três ou quatro histórias, com certeza”, conclui de Lucca.