Um levantamento divulgado recentemente pela Federação do Comércio do Estado de São Paulo (FecomércioSP) aponta que os nove feriados nacionais previstos para este ano devem gerar impacto de 11,8 bilhões no varejo nacional. De acordo com dados da entidade, a perda será 53% maior que a estimativa realizada em 2019 de 7,6 bilhões de reais.
Em Bento Gonçalves, o comércio tem representação média de 33% na estrutura do município. Com isso, de acordo com o pesquisador do Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais na Universidade de Caxias do Sul (UCS), Mosár Leandro Ness, “o valor de faturamento bruto no setor comercial é de R$ 1.748.991,04”, aponta.
Para chegar nesses números, Ness explica que foram utilizados dados da Secretaria da Fazenda, tendo como base apenas o Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS). “Calculou-se uma estimativa de faturamento diário para a cidade. Foi considerada a arrecadação do ano de 2019 como base para o ano de 2020”, esclarece.
O auxiliar administrativo na loja Pague Pouko, Lucas André Jauer, afirma que a loja sente os impactos dos feriados, principalmente os que caem em datas próximas ao final do mês. “No carnaval, por exemplo, a gente sente mais, porque esvazia a cidade, as pessoas saem para viajar e também por ser no final de fevereiro”, expõe.
Jauer conta que em 2019 o crescimento das vendas foi de 2% na loja em que trabalha, mas reforça que embora 2020 tenha muitos feriados, a intenção é superar o número do ano passado. “A ideia é crescer mesmo com a presença dessas folgas, que afetam sim, mas temos que estar preparados”, acrescenta.
Expectativa das entidades representativas
O Presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Bento Gonçalves (CDL-BG), Marcos Carbone, afirma que a incidência dos feriados é uma situação que independe da vontade da entidade e reforça: “o que está ao nosso alcance é trabalhar antevendo essas datas para minimizar o impacto, com planejamento. Por isso, por exemplo, fizemos o Liquida Bento em janeiro, para estimular as vendas em um mês tradicionalmente pouco movimentado”, destaca.
Carbone alerta que quem trabalha no setor deve estar ciente do calendário para aproveitar e extrair todo potencial possível. “Oferecer parcelamento nesses meses iniciais, com os clientes cheios de impostos para pagar é uma alternativa para ter mais renda entrando. Reduzir as despesas operacionais, mantendo um estoque menor para as semanas mais curtas. Manter acordos para negociar os dias de folga também é viável”, indica.
“É preciso entender as necessidades de cada consumidor porque, não tenha dúvida, as empresas que mais estiverem preparadas, mais serão beneficiadas pela conjuntura econômica” – Presidente do CDL-BG, Marcos Carbone.
Apostando em um ano positivo, Carbone ressalta que, de maneira geral, ainda em 2019, o setor varejista começou a dar sinais exitosos de melhora. “Em parte, pela estabilidade econômica, o mercado respondeu bem a esse cenário, que pode ser ainda melhor para 2020”, conclui.
Já o presidente do Sindicato do Comércio Varejista (Sindilojas Regional Bento), Daniel Amadio, acredita que Bento e região “acabam mais se beneficiando do que se prejudicando com a questão dos feriados, porque se parte da população sai para praia, litoral, campo, outra parte vem para cá, de outras cidades”, analisa.
De acordo com Amadio, a cidade tem cinco feriados proibitivos, determinados em convenção coletiva, ou seja, aqueles que não podem ser negociados, nem mediante pagamento de bonificação para utilizar a mão de obra dos funcionários. São eles: natal, ano novo, sexta-feira santa, dia do trabalhador e finados. “Gramado e Canela não tem feriado proibitivo, lá é direto e às vezes até em condições melhores que as nossas. Se queremos nos espelhar e chegar nesse patamar, temos que ter o mesmo raciocino deles. Mas aqui infelizmente esbarra na negociação”, analisa.
Segundo Amadio, existe um movimento nacional junto com os sindicatos dos trabalhadores para que as lojas atendam nos feriados. “Devido à concorrência da internet, comissões, movimentos turísticos. Tudo isso leva a crer que temos que abrir nos feriados, principalmente nós que somos uma cidade turística. O comércio tem que aproveitar o movimento. Não em todos os setores, mas os produtos que estão em rotas turísticas há necessidade das pessoas estarem trabalhando”, defende.