Auxílio da população é essencial para preservar a vida e saúde dos pets. Lares temporários e doações financeiras são necessidades urgentes
A companhia de um animal doméstico pode ser uma saída para amenizar os efeitos do isolamento social ou mesmo trazer um pouco de alegria para os dias mais complicados. Entretanto, mesmo em época natalina, momento em que se deveria compartilhar de sentimentos positivos e empatia, muitos pets estão sendo abandonados.
Segundo a Organização não governamental (Ong) Patas e Focinhos, a procura por adoção em 2020 foi considerada boa, com bastante procura por cães e gatos adultos. “A maioria nos pedia por filhotes e porte pequeno (cães), mas quando viam fotos e vídeos se interessavam mais e acontecia adoção. Porém, notou-se que a partir do fim de setembro, as pessoas começaram a se desfazer de seus pets mais antigos de idade e tempo de adoção”, relatam os voluntários.
As justificativas para o abandono são, principalmente, relatos de falta de tempo, dificuldades financeiras e mudança de endereço. “Muitos conseguem achar outro lar realizando postagens e pedindo adotantes, outros abandonam e a maioria não é castrado, o que gera as crias indesejadas, e o número de animais abandonados nas ruas só aumenta”, lamentam.
Na Ong Todos Por um Focinho, porém, não houve incidência de aumento de adoções, nem no primeiro semestre do ano. Em contrapartida, a responsável por cuidar dos gatos que chegam até a entidade, Paula Trigo, afirma que “há muitos animais abandonados, principalmente gatas prenhas com seus filhotes”, frisa.
Já na Amigos Pet, a responsável financeira Morgana Formaleoni explica que nessa época do ano o abandono sempre costuma aumentar. “Com a pandemia este número só vem crescendo, pois o poder financeiro das famílias diminuiu drasticamente e os animais se tornaram segundo plano”, esclarece.
Como adotar?
Adotar é a principal solução, pois os voluntários das Ongs costumam abrigar os animais em suas próprias residências, contando com doações para sustentar os pets com ração, consultas veterinárias, exames, remédios, banho, produtos para higienização de espaços, entre outras necessidades.
Na Patas e Focinhos todos os interessados podem entrar em contato por meio das redes sociais, onde é encaminhado um termo de adoção responsável com perguntas que eram feitas presencialmente nas feiras de adoções. “Quais os motivos pelos quais você deseja adotar o animal?”, “você tem condições de custear os gastos que terá com alimentação, vacinas e atendimento veterinário, quando necessário?”, “o que faria você desistir da adoção?” e “quando viajar, o animal ficará onde ou com quem?” são alguns dos questionamentos.
Além disso, dados pessoais e informações sobre o local onde o pet vai morar também são solicitados. Ao passar pelo formulário, o adotante assina e se torna responsável pelo animal. Após isso, é feito uma vistoria na residência para ver se há condições de a adoção ser concretizada.
A Amigos Pet faz descrição e divulgação dos animais nas páginas do Facebook e Instagram. “Qualquer pessoa pode adotar um animal, desde que a mesma tenha consciência de que um ele vive em média 15 anos, precisa de cuidados veterinários e necessidades essências como, banho, antipulgas, passeios e principalmente lembrando que ele é uma vida, faz xixi, cocô e gosta de brincar”, lembra Morgana.
Na Todos Por um Focinho também é simples. Basta entrar em contato pelas redes sociais informando qual animal quer adotar. Porém, existem algumas regras. “Quem mora em apartamento precisa ter telas de proteção para gatos. Castração obrigatória pelos adotantes, vacinas e toda a assistência veterinária que ele for precisar. Damos preferência para quem já tem ou teve um pet. Para pessoas que perderam animais por atropelamento ou envenenamento, não doamos”, aponta Paula.
Adoção para famílias com filhos, apenas se eles tiverem acima de cinco anos. “Ou que vejamos se já entende que não pode esmagar ou machucar o bichinho. Já doamos para famílias que tinham crianças menores e nos pediram para buscar, porque elas estavam judiando dos animais”, afirma.
Por fim, os cachorros precisam de espaço, então para quem mora em locais muito pequenos a adoção não é realizada. “Fazemos vistoria em todos os casos antes de entregar o animal, para vermos onde vai viver e conhecer as pessoas que vão adotar. O adotante sempre assina termo de adoção, onde pedimos que tudo que acontecer com o animalzinho, seja informado para nós”, salienta.
Todos podem ajudar
Para manter os animais, as Ongs necessitam de auxílio financeiro todos os meses e de voluntários que se disponibilizem a ajudar. Além disso, a atitude de socorrer um animal pode partir de cada um, não necessariamente de uma entidade específica, conforme explica Paula. “Precisamos ter empatia. Ver um animal na rua e fazer algo, porque já temos inúmeros casos em nossas mãos. A Ong é composta por pessoas iguais a todos. A gente trabalha, tem vida além de sermos voluntários e não ganhamos nada pelo que fazemos. Só colocamos a ‘mão na massa’ e tentamos resolver, coisa que todos podemos”, argumenta.
Para a Patas e Focinhos, a principal necessidade é com lares temporários. “Oferecemos ajuda como o alimento, camas, cobertas, casinhas, vacinação, castração e exames, caso o animal não se apresente bem de saúde”, frisam os voluntários.
Além disso, há outras formas de colaborar. “Ajudando nas feiras de adoção, na venda de nossos produtos e doando recursos financeiros, pois dependemos inteiramente de doações da população”, finalizam.
Fotos: Divulgação