Quando o assunto é saúde, muitas são as estratégias alimentares que surgem no mercado. Com o isolamento social, os brasileiros são levados à readequação em seus hábitos
Entre os muitos desafios trazidos pela pandemia do coronavírus, está o de as pessoas se alimentarem com segurança, e bem. Ela traz consigo a necessidade de que todos se adaptem a novos modos de viver, condizentes com a prática recomendada de isolamento social. Limitada a sair de casa, a população brasileira é levada a readequar hábitos do dia a dia relacionados à alimentação.
Acontece que fazer uma dieta sem nutricionista pode trazer muitos riscos à saúde. A reportagem do Jornal Semanário conversou com especialistas da área para esclarecer as mais utilizadas e os benefícios e, ainda, como o organismo funciona.
De acordo com a nutricionista Franciele Valduga, entre as estratégias alimentares mais comentadas atualmente estão três: low carb, cetogênica e jejum intermitente. Enquanto em uma o objetivo é excluir carboidratos refinados e industrializados e priorizar o consumo do que vem da natureza (frutas, legumes, tubérculos e raízes), outra visa estimular com que o organismo produza corpos cetônicos a partir da gordura do tecido adiposo. Uma outra, ainda, serve como estratégia no controle de peso, melhora metabólica, modular inflamações e longevidade.
A profissional destaca que é importante manter um certo equilíbrio na hora de se alimentar. “A manutenção das estratégias citadas ou qualquer estratégia nutricional são dependentes de várias combinações que são realizadas entre o nutricionista e o paciente. Utilizo e oriento a regra dos 80 por 20, ou seja, 80% da sua rotina deve ser saudável, com alimentos adequados, prática regular de atividade física, higiene do sono, e os outros 20% são os extras. Comer um pedaço do bolo de cenoura que sua vó fez no final de semana é uma forma maravilhosa de celebrar, de ser gentil com você e com quem fez o bolo. Isso vai liberar hormônios do bem estar. Por isso, sem radicalismos e sim consciência alimentar”, enaltece Franciele.
O que devemos priorizar é a ingestão de alimentos naturais e integrais. Franciele Valduga, nutricionista
Ao contrário do que muitos pensam, a nutricionista reitera que os carboidratos não são os vilões da história. “O que devemos priorizar é a ingestão de alimentos naturais e integrais. Desde sempre a nutrição prioriza o consumo de comida de verdade e a baixa ingestão de refinados, ou seja, produtos industrializados, que são repletos de açúcares simples, gorduras ruins, aditivos e conservantes.
Carboidratos refinados, pobre em fibras e com alto índice glicêmico deve ser de consumo esporádico. Como exemplo cita refrigerantes em geral, biscoitos, doces refinados, açúcar cristal ou adicionado a alimentos”, esclarece.
Em contrapartida, a oferta e busca da indústria a alimentos mais saudáveis têm crescido, assim como o movimento do resgate ao cozinhar. “É possível, incluir o pão na rotina, com farinhas funcionais, grãos integrais e muito sabor, assim como massas, pizzas e biscoitos”, pontua Franciele.
As dietas publicadas não são sugestões do Jornal Semanário a serem seguidas pelos leitores. Procure um profissional da área da saúde.
Mas, então, qual dieta devo seguir?
A procura por adequação nutricional aumentou no primeiro semestre do ano. Somente na clínica Magrass, em Bento Gonçalves, o número subiu 76%, de março a agosto. A nutricionista Jéssica Cibulski, responde a pergunta do título: “uma alimentação correta é aquela que harmoniza todos os nutrientes necessários para o organismo, em quantidade adequada, permitindo que exista a satisfação do paladar”, afirma.
Ela destaca que a solução é aprender a fazer escolhas alimentares mais saudáveis. “Reconheça cada vez mais a diferença entre fome e vontade de comer, pois sentir o paladar é bom, natural e necessário. Assim que incorporar o processo da transformação alimentar em sua rotina, ficará fácil acompanhar a melhora dos índices corporais e celebrar suas conquistas. Goste mais de você e admire suas mudanças!”, enfatiza.
Dietas restritivas na pandemia?
Jéssica orienta que, neste momento, a menos que haja alguma orientação médica por conta de alguma doença, não sejam feitas dietas restritivas, que poderiam gerar compulsões. “O segredo está em você descobrir como preparar versões mais saudáveis de seus alimentos prediletos, focando especialmente nos nutrientes corretos. Isso vai fazer seu corpo ficar repleto de energia, desempenhando suas funções com mais saúde e alegria”, sublinha.
Todas as pessoas, do grupo de risco ou não, devem agir da mesma forma no que diz respeito à alimentação: ingerir frutas e legumes alaranjados, que auxiliam no sistema imunológico, e caprichar nos alimentos fonte de vitamina C. “Aqueles ricos em zinco, como castanhas, vegetais verdes-escuro, e ômega 3, presente no salmão, são alguns exemplos”, finaliza Jéssica.