Não sou astrônomo, de Galileu Galilei, em comum, somente a descendência italiana, mas admiro esta profissão planetária, cuja ciência está literalmente nas alturas. O pouco que sei e que nada sei, são as fases da lua… em tempo de céu aberto.
E assim, com o pensamento nas alturas, num lindo dia deste verão tórrido, sob a força do astro-rei, notava a movimentação por debaixo dos guarda-sóis nas areias da nossa Xangri-lá.
Sem colírio ou luneta, atrás dos óculos escuros, observava os casais mais novos, talvez ainda namorados, cujo protetor solar era sorvido pelos corpos sempre pelas mãos de quem lhe sombreava a imagem. Talvez nascesse ali a lua nova para o maior dos sentimentos declarados, o Amor.
Com um olhar um pouco mais aguçado, podia-se observar a sombrearem-se casais um pouco mais fofos, não raro os dois, embora a graça feminina detinha uma elegância especial, saliente numa barriga que pulsava vida… Me dei conta, então, que estava diante da lua quarto crescente daquele guarda-sol.
De repente, na linha do horizonte perdido, tudo calmo em ondas achocolatadas, ao lado, ao contrário, a agitação surgia em forma de uma terceira, quarta “pessoinha”, correndo com um baldinho plástico em direção ao mar, “pernas pra que te quero”, lá vamos nós! A sombra do guarda-sol, presentes a candura e o amor acumulados pelo tempo denunciado pelos cabelos brancos, agora dividido… melhor, multiplicado para aquelas “pessoinhas” cheias de energia, entremeio a pedidos de “vem vô, vem vó”… Ah, quase que o guarda-sol fica pequeno para abraçar a sublime fase de sua lua cheia.
Quase ao poente, a centelha de luz trazia memórias e fases vividas; espaços vazios na areia do tempo eram agora sombreados de saudade, chegava a fase minguante daquele velho guarda-sol.
Ah, Xangri-lá, quisera tivesses o mesmo poder da Shangri-lá inspiradora, onde o tempo não passa, e as pessoas não passam com o tempo…Enfim, segue a vida para outras luas e guarda-sóis.