Ao todo, 12 produtores foram selecionados pelo Programa Avançar na Agropecuária e no Desenvolvimento Rural para irrigação na agricultura familiar
Esse ano, a Secretaria da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento Rural (Seapdr) anunciou um investimento financeiro para concretizar a escavação de seis mil microaçudes em propriedades espalhadas por todo o Rio Grande do Sul. Em Pinto Bandeira, 12 produtores vão ser beneficiados com o recurso.
O extensionista rural agropecuário da Associação Riograndense de Empreendimentos de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) de Pinto Bandeira, Alex Maquiel Klein, afirma que no momento, as principais demandas do escritório são relacionadas, justamente, aos programas estaduais. Dentre eles, os que envolvem o Programa Avançar.
O programa que envolve a construção dos microsaçudes já está em andamento. As inscrições dos produtores interessados já foram feitas e também já foi realizada a seleção dos doze beneficiários. “Também tem uma lista de suplentes, caso venha a dar algum contratempo com algum deles, tem outras pessoas na fila”, esclarece.
De acordo com Klein, a prefeitura municipal está cuidando da parte contratual com o Estado, enquanto a Emater vai ser responsável pela parte operacional. “Elaboração dos projetos, dimensionar o volume dos açudes, toda essa parte de campo”, explica.
O principal benefício desse projeto está no auxílio da água, em casos de ano de seca, como aconteceu na última safra. “Esse foi um ano que colocou a prova os produtores. Cada vez mais a gente tem que se preocupar com reserva de água. Não dá para depender só da chuva, porque tem anos que chove mais, mas tem os que chove menos e complica”, alerta.
O extensionista orienta que os agricultores, sempre que possível, se organizem para reservar o máximo de água na propriedade. “Esse programa vai vir a somar nesse sentido. Depois, o produtor pode pensar em uma irrigação, porque esse não é um recurso para construir um açude muito grande, mas já é um pontapé inicial”, salienta.
Agroindústrias também vão ser beneficiadas com recurso financeiro
Atualmente, Pinto Bandeira tem sete agroindústrias familiares. De acordo com Klein, está vindo um valor financeiro de aproximadamente R$14 mil para ser investido em melhorias. “É um recurso para aquelas que estão cadastradas no Programa Estadual de Agroindústria Familiar (Peaf). No município, temos duas cadastradas, mas vamos beneficiar, nesse primeiro momento, uma delas”, esclarece.
A agroindústria que vai ser contemplada com o orçamento trabalha com panificação. “A princípio, eles teriam a demanda de fazer uma espécie de aba na parte em que é feito o carregamento dos produtos, porque quando chove é complicado. Ou, talvez, um equipamento, que seria uma extrusora de biscoitos, para dar mais celeridade no processo de fabricação”, conta.
Melhorias na qualidade do solo
Outro projeto em que a Emater está envolvida é o de melhoria da qualidade do solo da Serra Gaúcha. O projeto, que tem duração de quatro anos, foi iniciado ainda em 2021. “Estamos trabalhando com dez produtores aqui em Pinto Bandeira. No primeiro ano, a gente já realizou as coletas de amostras de solo”, garante.
O próximo passo é ver se o que foi colocado no solo está dando certo. “Vamos analisar se a planta está conseguindo absorver ou se pode ter outro limitante interferindo. Esse é outro projeto que a gente aposta com bastante força”, destaca.
No interior, moradores elogiam investimento
Na Linha 28, interior de Pinto Bandeira, reside uma família de agricultores. Alzira Giacomoni, 75 anos e o marido, Darci Giacomoni, 77 anos, vieram de Constantina há mais de vinte anos. Na terra natal, já trabalhavam no campo, mas com soja. Por incentivo dos filhos, que vinham para a Serra Gaúcha trabalhar em épocas de safra, acabaram se mudando para cá.
Inicialmente trabalhavam para terceiros. Depois, conseguiram conquistar a terra própria, onde cultivam pêssego e uva. No próximo mês, Alzira vai completar 76 anos de vida. Forte e sorridente, ela garante que vai trabalhar na próxima safra. “Tem atividades que não faço, por exemplo, podar, mas amarrar parreira e fazer a colheita, faço sim, vou de manhã, depois venho para casa fazer o almoço e volto de tarde. Meu marido também está firme”, comemora.
Feliz com a vida que construiu, a agricultora garante que não voltaria para a cidade de origem. “A agricultura está muito boa. Não tem como ser melhor. Em comparação com o que eu vivi lá em Constantina, aqui estou no paraíso”, garante.
Sobre a Linha 28, Alzira só tem elogios. “Acho a comunidade muito boa, gosto muito. Esqueci de lá (Constantina). Tenho uma filha morando lá ainda, então de vez em quando a gente vai passear, visitar, mas não troco mais de lugar. Aqui, gosto de tudo, do pessoal, agora veio mais um vizinho muito bom para cá”, elogia.
A empresária Sandra Odorcick, 43 anos e o marido, Gerson Odorcick, 44 anos, moram na Linha 28 há 15 anos. Ela é proprietária de um empório, enquanto ele trabalha na colônia.
O casal é um dos festeiros da festa em honra à São Pedro, padroeiro da comunidade, que vai ser realizada na Capela São Pedro, no dia 19 de junho. Portanto, ambos estão bem envolvidos com os preparativos. “Vamos em busca dos brindes, já conseguimos alguns bons: colchão box e umas dez cestas coloniais, para sorteio”, conta.
Sobre a Linha 28, embora goste de morar na localidade, Sandra menciona que está preocupada com uma recente onda de assaltos. Por isso, pede que haja mais atenção com a segurança dos moradores. “Aqui sempre foi muito tranquilo, mas começou a ocorrer alguns assaltos, foram vários, um perto do outro. Não sei onde está a polícia, antigamente sempre via passando, mas não vejo mais. Me sinto insegura. Meu marido vai para a colônia, fico sozinha com meu filho. Hoje, posso dizer que tenho medo”, desabafa.
Uma agroindústria que alimenta escolas de Bento Gonçalves
A agricultora Cirley Antunes dos Santos Loremzatti, 66 anos, é proprietária de uma agroindústria, na Linha 32, interior de Pinto Bandeira, desde 2007. “Sempre trabalhei na roça, mas sempre gostei de fazer algo diferente, me parecia que só trabalhar na colônia não era para mim”, conta.
Abrir o próprio empreendimento familiar não foi fácil, mas hoje, a agricultora garante que é desse trabalho que tira o sustento do lar. “Foi devagarinho, não foi fácil, não tinha nenhum dinheiro, foi tudo com empréstimo, o começo foi difícil. A agroindústria é o que sustenta a casa”, afirma.
Cirley conta que produz diversos alimentos para as escolas de Bento Gonçalves, para a merenda escolar “Entrego doce de figo, de uva e goiaba para todas as escolas municipais de Bento Gonçalves. Para o 6° Batalhão de Comunicações entrego doce, disco de pizza e o extrato de tomate. Está muito bom. São bem justos. Sempre certinhos. A prefeitura também”, elogia.
Sobre o interior, a produtora só tem elogios. “As estradas em Pinto Bandeira estão nota dez, quase tudo já está asfaltado. Aqui na frente não faz um mês que asfaltaram. Está ótimo”, garante.
Além disso, ela afirma que sempre que precisa de ajuda da prefeitura, consegue facilmente. “A gente precisa de máquina e temos ajuda, a gente também paga, mas eles ajudam. Se precisamos de cascalho para as estradas na colônia, quando a gente pede, estão sempre prontos. Está muito bom morar em Pinto Bandeira”, comemora.