Segundo a Organização Mundial da Saúde, o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano, sendo mais de 160 mil mortes anuais no Brasil. O SUS oferece tratamento gratuito para quem quer parar de fumar
Hoje, 29 de agosto, é considerada o Dia Nacional de Combate ao Fumo. A data acontece em meio ao Agosto Branco, mês de conscientização da população sobre os riscos do uso do cigarro, além da prevenção do câncer de pulmão.
Conforme o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o tabagismo é uma doença crônica que é causada pela dependência da nicotina. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o tabaco mata mais de 8 milhões de pessoas por ano, sendo mais de 160 mil mortes anuais no Brasil, em decorrência do cigarro.
Apesar do alto número de óbitos, a quantidade de cidadãos brasileiros fumantes acima de 18 anos está diminuindo, ano a ano. Em 1989, números da Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN) apontavam 34,8% de usuários de cigarro. Em 2003, a Pesquisa Mundial de Saúde (PMS) apresentou um percentual de 22,4%. Já em 2008, a Pesquisa Especial sobre Tabagismo (PETab) mostrou ainda mais redução, com 18,5%.
De acordo com dados mais recentes, no ano de 2019, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) expôs que adulto fumantes no Brasil reduziu para 12,6%. Dados divulgados pelo INCA, da pesquisa da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) em 2021, apontam que o percentual total de fumantes com 18 anos ou mais no Brasil é de 9,1%.
Sobre o câncer de pulmão
A pneumologista do Hospital Tacchini, Franciele Fulligo, explica que os principais fatores de risco para o câncer de pulmão são tabagismo ativo e passivo, exposições ocupacionais, exposição ao asbesto e radiação.
A respeito da importância de a população ser consciente sobre os riscos por meio das campanhas de prevenção, a médica explica que é notória, pois é necessário cessar o tabagismo o quanto antes. “Tentar buscar medidas para ajudar a evitar e interromper o uso contínuo de cigarro”, aconselha.
Atualmente, existem tratamentos para auxiliar quem quer acabar com o uso do tabaco. “Hoje há o grupo de tabagismo com profissionais capacitados para ajudar a população a parar de fumar, além de adesivos à base de nicotina, gomas e medicações, sempre com orientação e prescrição médica”, explica Franciele.
Após o uso contínuo de cigarros, o pulmão não será mais o mesmo. “Não vai voltar ao normal, uma vez que ficam sequelas e cicatrizes permanentes, como o ‘famoso’ enfisema pulmonar. Porém, quando o paciente deixa de fumar, vai fazer com que esses efeitos não aumentem e, consequentemente, evita novas áreas de danos”, esclarece.
Cigarro eletrônico causa câncer?
Há quem pense que a utilização dos dispositivos eletrônicos para fumar (DEFs) não causam danos à saúde. Alguns modelos, entretanto, fornecem até mesmo uma dosagem de nicotina maior do que a de um cigarro comum. “Os cigarros eletrônicos também ocasionam risco de câncer de pulmão”, garante a pneumologista.
Nicotina x saúde mental
A psicóloga da Associação de apoio a pessoas com câncer (AAPECAN), Karen Matiello Rovella, afirma que o primeiro passo para que o fumante consiga parar com o fumo, é que ele compreenda e aceite a dependência. “A grande maioria acredita ter o controle do próprio vício e então, essa crença acaba dificultando que o dependente busque um auxílio profissional. Imprescindível que haja uma rede de apoio familiar, além de todos os amigos da vida desta pessoa”, recomenda.
Ela também salienta que as pessoas buscam o tabaco como uma forma de “calmante”. “Há muitos anos, o cigarro tinha um significado de status social, de amadurecimento, de poder. Atualmente temos todo o cuidado com a saúde integral, então o uso dele foi sendo questionado e revisto socialmente. Por isso é muito importante cada vez falarmos da saúde mental, para a sociedade compreender que é muito necessário falar das nossas emoções e que elas afetam diretamente nossa qualidade de vida”, aponta a psicóloga.
Conforme explica Karen, apesar de todo o trabalho que existe hoje para elucidar os malefícios do cigarro, a dificuldade de ter um resultado positivo para parar de fumar se dá pela dependência emocional. “As pessoas acabam utilizando o como uma válvula de escape. Infelizmente, ainda encontramos na sociedade um grande paradigma em relação ao cuidado da saúde mental, e consequentemente, isso impacta diretamente na saúde integral de todas as pessoas e tem maiores chances de desenvolvimento de vários tipos de câncer”, finaliza.
Tratamento no SUS
Para quem deseja parar de fumar, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferta tratamento gratuito, com medicamentos como adesivos, pastilhas, gomas de mascar (terapia de reposição de nicotina) e bupropiona.
Para saber onde procurar atendimento, basta ir aos postos de saúde ou à Secretaria de Saúde do município para informações sobre o tratamento.