Sábado à noite. Churrasco em família. Mesa reunida de colorados e alguns intrusos gremistas. Papo rola sobre futebol depois de debatermos política e saúde.
Assunto? Suárez. Eu afirmo que não há no Brasil outro atacante como ele e que Grêmio via perder todas as chances sem esse ícone do futebol e que, ao invés de um goleiro, a contratação devia ser urgente para atacantes e que chegassem, ao menos, aos pés desse que foi embora.
Adoro futebol, entendo um pouco e, por isso, opino. Afirmo, cheia de convicção colorada, que não sei por que Geromel e Kannemann têm tanto apreço já que deixaram de jogar há tempos e que, pra mim, não fazem tanta diferença em campo.
Mas o papo que interessa ainda não é esse. Ganho a noite com a colocação de meu tio mais velho, colorado e fanático por todos esses assuntos – futebol, religião, política. Falas dele: se houvesse um zagueiro hoje como o teu pai com sua chuteira 45, seu 1,90 de altura e sua estrondosa habilidade em campo (porque eu já pude vê-lo jogar em time quase profissional), não haveria espaço para Suárez. Ele impunha jogo, era como uma barreira. Certamente, com teu pai na zaga, Suárez não passaria de mais um tentante sem sucesso de emplacar a rede.
O assunto se perdeu, nem sei se depois disso falaram do Inter ou do técnico da seleção brasileira, lembro apenas dessas palavras que reverenciaram o meu pai. Fiquei em silêncio e me enchi de orgulho. Certamente, no céu, o meu camisa 10 sorriu por saber que, mesmo ausente, não deixou de fazer a diferença. Quem diria! Te admirava de todas as formas, mas, agora, colocar Suárez no bolso? Ah, isso não é pra qualquer um. Trocamos de assunto. Falamos de política, mas nem discorri muito na mesa, eu já havia ganhado os três pontos daquela noite.