Mais uma vez os professores estaduais cruzam os braços contra a precarização da profissão e falta de diálogo do Estado. Após o governador Eduardo Leite (PSDB) enviar à Assembleia o que está sendo chamado de “pacote”, que é composto por oito projetos, que incluem alterações em benefícios do magistério, forças de segurança e servidores civis, o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul – Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Cpers) anunciou greve por tempo indeterminado, projetando o movimento como a maior mobilização da história da categoria.
Outros servidores também já sinalizaram que irão lutar contra as medidas de Leite. Os Policiais Civis paralisaram por dois dias na última semana. Demais sindicatos estão apontado a interrupção dos trabalhos a partir do dia 26. Segundo o Cpers, com 47 meses de salários atrasados e cinco anos de congelamento salarial, os educadores compõem a categoria mais atingida pelas reformas.
A diretora geral do sindicato em Bento Gonçalves, Juçara Fátima Borges, afirma que a adesão está crescendo na região, sendo maior em relação as paralisações anteriores, assim como a reposta da sociedade tem sido positiva em apoio aos professores. “Já estamos com os salários parcelados há cinco anos. Esse pacote é o tiro da misericórdia. O governo já vem nos matando à mingua, agora vai ser fatal. A categoria corre o risco de ficar 10 anos sem nenhum reajuste”, afirma.
De acordo com Juçara, o magistério do estado já está com mais de 110% de defasagem salarial. “Qual é o profissional que estuda cinco anos e faz especialização para ganhar nem R$ 2 mil e ainda assim receber parcelado ou atrasado? Muitos precisam trabalhar manhã, tarde e noite”, salienta. Hoje o governo quer criar a parcela autônoma em valor equivalente à diferença entre o subsídio e o salário que o professor recebe atualmente, mas o risco é de não haver mais reajustes. “A gente vai tentar barrar a medida na Assembleia. A previsão é retornar somente depois que derrubarmos o projeto de morte do magistério”, finaliza.
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