Líder empresarial e comunitário, Ademar De Gásperi é um empresário extremamente respeitado e ouvido na sociedade bento-gonçalvense. O jovem, que nos anos 60 foi jogador do Clube Esportivo, atuou durante 37 anos na Móveis Carraro e hoje é sócio-proprietário da Sol do Sul Empreendimentos Imobiliários. Foi presidente do Centro da Indústria, Comércio e Serviços (CIC-BG) nos anos de 1986 e 1987, sendo membro do Conselho Deliberativo até os dias atuais. Também atua há cerca de 40 anos na diretoria da Federação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) e no conselho estadual do Serviço Nacional da Indústria (Senai). Faz parte do Conselho do Hospital Tacchini e também contribui sobremaneira com entidades do setor moveleiro, como a Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), da qual foi um dos fundadores e o Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves (Sindmóveis), com cerca de 20 anos de atuação, tendo sido Presidente da Mostra do Mobiliário em 1981.
Trabalho e Lazer
Continuo minhas atividades na área de investimentos imobiliários e estou apoiando uma startup dos meus filhos na área de vendas, que está praticamente sendo lançada no mercado. Tenho outros três sócios na empresa do ramo imobiliário. Lazer, hoje em dia, é academia, assistir futebol e praia. Também visito minha filha que mora no Nordeste com frequência.
Empreendimentos prioritários
Áreas grandes em Porto Alegre e Gravataí são as atuais prioridades. São áreas residenciais para construção de imóveis para famílias de baixa renda. Nós apenas entramos com a área, preparamos o espaço e recebemos em troca uma participação. Não atuamos na construção dos imóveis.
Mercado imobiliário em Bento
Tenho a sensação de que retraiu. Temos excesso de imóveis, preço alto para quem compra. Para quem constrói, talvez não. Esta instabilidade toda, com juros altos, deixou o mercado parado. Está paradíssimo, aqui e fora também. Não é prioridade de Bento. Os programas sociais me preocupam. Os governos oferecem benefícios, mas quem vai pagar esta conta, não sei. Ou o país vai quebrar.
Setor moveleiro, curso no mercado e perspectivas
O setor moveleiro anda junto com a construção civil. À medida que a construção civil cresce, o setor moveleiro cresce junto. A exportação, pelo que sei, também está com dificuldades em toda a América Latina, não é só no Brasil. Quando se fala em mercado externo, em que os Estados Unidos é o maior, estamos novamente em defasagem muito grande com relação à China. Nosso preço está altíssimo em comparação ao deles. Então a dificuldade de exportar para lá é gigantesca. Travou tudo. O custo-Brasil está caro. Já a Argentina está uma incógnita. A inflação está complicando, estão com dificuldade de fazer os pagamentos. Honestamente, não sei o que dizer sobre este cenário.
Atuação na Fiergs
Fazer parte da Fiergs é muito importante para uma cidade como Bento Gonçalves, com a economia representativa que possui. São inúmeros grupos de trabalho, que defendem o setor industrial, mas, a meu ver, nosso Município precisaria ter mais representantes na diretoria, embora tenhamos uma excelente vice-presidente, que é a Maristela Cusin Longhi, além de outros diretores, como o Juarez José Piva, o José Carlos Stefenon. Tínhamos também o Ivânio Arioli, que faleceu em 2022. Nós levamos as dificuldades do setor industrial para a entidade e eles trabalham junto com o Governo do Estado ou com o Governo Federal. A relação da Fiergs com o Governo do Estado, por exemplo, é boa. Há um bom diálogo. Não se consegue tudo o que se quer, mas tudo o que é possível. Temos que entender também que existem dificuldades dentro do Governo. Isso vale para o Governo Federal. Hoje também temos a graça de ter o presidente da Fiergs, Gilberto Petry, como vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI). Nunca tivemos, então isso é excelente. Tivemos vários diretores, mas nunca um vice-presidente. Mas ainda acho pouca a nossa representatividade enquanto Bento Gonçalves. Teríamos que ter mais gente lá. Bento precisa ter mais gente, e mais gente ativa dentro da Fiergs. Os antigos estão saindo. Eu estou indo há 40 anos. Precisamos de gente nova.
A renovação das lideranças
Tenho acesso livre em grandes empresas e entidades não só de Bento, mas também da Região e do Estado graças aos relacionamentos feitos há muitos e muitos anos. Hoje se faz estudos, cursos, treinamentos para conquistar bons relacionamentos e espaços. Não precisa de estudos. Precisa participar das entidades. Eu tenho estes acessos porque estes grandes empresários e líderes foram ou são meus colegas de diretoria nas entidades. Você, estando no meio, conquista grandes espaços e relacionamentos. Bento não é o centro do mundo. Nem Porto Alegre. Então, este tipo de participação nos proporciona ter contatos que, troca de ideias, troca de informações, visitas. O empresário que pensa em entrar numa entidade só para ficar uma gestão e já sair, porque já deu sua contribuição, tem prazo curto. Se nos doarmos um pouco, o retorno será muito maior do que o tempo dedicado às entidades.
Inovação, transformação, qualificação – As exigências do mercado de trabalho
A criatividade é fundamental. O mercado de trabalho está muito exigente, precisa de profissionais completos, interessados, criativos, inovadores. As vagas existem. A dificuldade em preencher, mais ainda.
Conselho para quem quer empreender
Tem que ter alguma especialidade, algo com que se identifique. Ou então um parceiro que entenda da atividade em que quer investir. As habilidades precisam ser pessoais ou complementares.
Infraestrutura Regional
Nossa Região desenvolveu muito fortemente o turismo. Acredito que tenha que se trabalhar mais pensando em Região, não em Município. Todos os gestores públicos precisam se despir de seus interesses e imaginar alguém que possa congregar regionalmente, sem interferências, independentemente de partidos. É preciso pensar alto. Temos uma riqueza enorme, o vinho, que é um atrativo mundial, as belezas naturais e culturais. Mas se cada um não ceder um pouco, vai ficar cada um pensando em si e a despesa será dobrada. Os municípios precisam se juntar em torno de nossas festas maiores, de nossas feiras, porque todos são beneficiados. Isso ajudaria em termos de infraestrutura, de investimentos, enfim, de tudo o que precisamos para nos desenvolvermos ainda mais e melhor.
Desenvolvimento do Enoturismo
Ninguém sai de São Paulo para vir a Bento e voltar. Eles vêm para Bento e Região. O desenvolvimento precisa ser regionalizado. O Plano Diretor do Vale dos Vinhedos precisa ser muito bem pensado. Não podemos ficar com todos os encargos em Bento e os bônus irem para Garibaldi. Na minha opinião, no Vale pode ser feito o empreendimento que quiserem, desde que haja um percentual de área limitada para construções. Já tem empreendimentos sendo construídos em Garibaldi que utilizarão a infraestrutura viária pertencente a Bento. Ou seja, nós vamos arcar com a manutenção das rodovias e eles ficarão com o retorno dos empreendimentos.
Modelo de ExpoBento e Fenavinho
Tem que ser junto. Não vejo mais a possibilidade de separar. Quanto mais se possa desenvolver a Fenavinho como festa, melhor, mas ela só se faz com bem maior participação do setor vinícola. A ExpoBento está ótima, não precisa ser mais do que é. Mas a Fenavinho precisa de muito mais participação do setor vinícola, tanto financeiramente quanto em expositores, se doando para marcar Bento no setor vinícola. Hoje, cada vez mais, estão surgindo regiões vinícolas no Brasil. Daqui a pouco um esperto vai lá e faz uma baita de uma festa em Minas Gerais e tira a importância da Fenavinho. Não podemos deixar isso acontecer.
Visão de gestão municipal, estadual e federal
O Presidente está dando mais benefícios do que é possível pagar. É muito benefício e o custo vem depois. O meu medo é que aconteça exatamente o que aconteceu nas outras vezes. Beneficiam sem saber de onde vem o dinheiro e acabam onerando ainda mais a indústria e o comércio. Não há condições. Não temos espaço. Alguém vai ter que pagar essa conta. O Governador está trabalhando dentro das suas possibilidades, com apoio da Assembleia, o que é positivo. Dentro do quadro econômico do Estado, ele está relativamente bem. O Prefeito tem que resolver os problemas viários. Claro, esse problema ultimamente está em todas as cidades, mas é preciso realizar um estudo para amenizar um pouco o nosso. Só ações isoladas não resolvem. É preciso um estudo sério, profissional, não de amador, para amenizar. Nem falo em resolver.
O futuro dos jovens
Estou fazendo um investimento nos meus filhos. Espero que dê certo, que eles deem continuidade na Likin.do. Um e-commerce diferenciado, que beneficia marcas, e não somente a venda em si. Os jovens precisam se preparar. Inglês e informática são fundamentais. Um cara sem esses conhecimentos está completamente fora do mercado de trabalho.