Todos nós, ao redor da mesa abrimos o pacote do “panetone”, presente do Dr. Norberto, enquanto os netos escutavam atentos meu conto de Natal e lá veio a pergunta:
“Vô: o Senhor acredita em Papai Noel?”.
Todos aqueles olhinhos, ávidos por minha resposta, pareciam um verdadeiro júri popular. Me senti pequeno e a resposta teria que iniciar de forma diferente daquelas tradicionalmente ensaiadas: na verdade…, bem…., tem o seguinte…, olha….
Tinha que ser preto no branco e lasquei:
“Sim! Acredito.”
Dei uma mordida enorme no “panetone”, daquelas de deixar a boca com as bochechas redondas e até ensaiei outra mordida quando:
“Por que vô?
Antes de qualquer resposta é necessário avaliar o público e sua expectativa. Milhares de olhos de crianças me observavam naquele momento de tremer as pernas. O futuro estava em jogo.
Preferi dizer a verdade:
Sim! Acredito e mesmo que nunca o tivesse visto ou mesmo que nunca tivesse ganhado um presente no Natal, acredito”.
“Tão vendo”, emendou o pequeninho “ e lá na escola eles riem de mim por que eu também acredito”.
O mais velho, certamente surpreso comigo, deu aquela risadinha marota e piscou o olho. Confesso que me senti um mentiroso e não estava mentindo. Resolvi explicar para não deixar dúvidas.
Sempre acreditei no Papai Noel e nunca tive a oportunidade de ver se ele era como estas pessoas que se fantasiam com barba, barriga grande, cabelos brancos e com aquele hô, hô, hô….
Para mim, cada pessoa que veste a roupa de Papai Noel faz uma homenagem ao bom velhinho e o representa naquele importante momento de tornar uma criança feliz. São artistas do bem.
São milhares, em toda a terra, vestidos de todas as formas que se pode imaginar, muitos deles que distribuem apenas um sorriso, e os rostinhos das crianças, assustados, atentos e felizes chegam até a jogar a chupeta fora. Que bom!
“Mas vô? Então o Senhor também acredita nas bruxas?”.
Quando a gurizada quer complicar, são profissionais. Dei outra mordida no “panetone” antes da resposta, tempo suficiente para pensar sem criar pânico na piazada.
“Jo no creo pero que las ay las ay!”
E fui traduzindo: não acredito, mas que elas existem, existem.
Expliquei que a diferença entre o Papai Noel e as bruxas é a mesma diferença entre o bem e o mal. Acredito no BEM e é muito bom pratica-lo; o MAL também existe e não faz parte de minha vida. Parece que os pequeninhos entenderam. Me sai bem.
Terminei afirmando que mesmo sem ver Deus, acredito Nele.
E conto para vocês: Ele é o grande Papai Noel. Acreditem!