Jovens atletas da Serra venceram competição em Nova Hartz e miram disputas internacionais
No último domingo, 23, o professor André Cristofoli e 16 de seus alunos da academia ACBJJ partiram para a segunda Copa Nova Hartz de Jiu-Jitsu, a leste do estado. Todos os jovens voltaram de lá com medalhas em mãos, sendo quatro ouros, sete pratas e cinco bronzes. Essas lutas, segundo o treinador, são para representar o município. “A gente luta por Bento, disputa por essa cidade”, define.
Ele detalha que, aqueles que foram a competição, chegaram muito animados com as medalhas, o que serve de inspiração para que queiram ir a mais disputas pelo esporte. Algumas lutas, até mesmo em nível internacional, estão no radar do instrutor e dos jovens de sua academia. Uma maneira a mais de levar o nome da Capital do Vinho ao mundo.
Ensinamentos do sensei
Cristofoli luta Jiu-Jitsu desde os 18 anos. Começou em 1998, quando aprendeu o esporte e nunca mais conseguiu se desprender. A inspiração vem de Royce Gracie, famoso brasileiro a introduzir essa arte marcial para outros países e difundi-la no Brasil. “Eu sempre via as lutas do Gracie, já até participei de um seminário dele. Acho que a grande maioria da minha época, que começou na luta, assistia ao Royce. Ele entrava nos primeiros UFC de quimono, lutava e ganhava de todo mundo com jiu-jitsu”, lembra.
Com isso em mente, ele aprendeu a técnica e começou a praticar em outras academias de Bento e região. Há oito anos, em 2014, decidiu abrir seu próprio espaço para utilizar seu método de ensino a jovens e adultos. Nesse momento, o sensei já possuía faixa preta, que atualmente está em terceiro grau, tendo disputado em muitas competições estaduais, nacionais e internacionais.
Essa “bagagem bem grande”, como ele cita, serve para que passe os valores do Jiu-Jitsu que acredita ser importante, principalmente para crianças. Autoestima, disciplina, desenvolvimento físico, socialização, entre outros, são critérios ensinados.
Oportunidade para todos lutarem
Atualmente, a academia de Cristofoli também é aberta para crianças que não possuem condições de pagar por treinamento. Esse lado de ajuda social viabiliza para que todos tenham uma oportunidade de subir ao tatame e lutar por algo. “A gente dá o quimono e eles treinam. A única coisa é que quando eles vão para os campeonatos, nós fazemos uma vaquinha para a inscrição. Às vezes, a gente faz churrasco ou janta para reunir fundos e levar as crianças em um parque aquático no verão”, explica.
Mais de 150 alunos, entre jovens de cinco a 14 anos e adultos, treinam ativamente com o professor. Levando ainda em conta o lado social, ele está buscando a abertura de núcleos em bairros da cidade, para que mais crianças conheçam o esporte e possam treinar.
O sensei também tenta mostrar que a luta, além de competições, é uma oportunidade de futuro para a vida. “A gente sempre frisa bastante que o jiu-jitsu permite que tu tenhas o esporte como trabalho, mas nada impede que a pessoa possa ser um médico, um advogado, e um professor de luta ao mesmo tempo. As crianças se animam com isso”, destaca.
Competições e futuro
Cristofoli deixa claro o quanto gosta de competir pelo esporte, ao ponderar suas medalhas e competições ao longo da carreira. Segundo ele, os momentos em que volta de torneios são os que seus alunos mais se interessam pelas disputas oficiais, querendo saber como foi a luta.
Essas ocasiões de campeonatos servem também para mostrar aos jovens o valor da vitória e da derrota. “Essa parte do ganhar ou perder é muito bacana, pois depois que a criança perde nós temos o trabalho de fazê-la entender que perdeu, mas vai treinar mais e ganhar. É como aquela música do Raul Seixas, ‘tente outra vez’”, define.
Segundo o sensei, o Jiu-Jitsu está em pleno crescimento, com muita procura de jovens que também visam as lutas em competições. Esse é o caso de Isabelly Dalagnol, dez anos, que iniciou na academia há um mês e vem gostando das aulas, vendo que a técnica não é relacionada a algo agressivo, mas a uma defesa pessoal e atividade divertida. “Quando subir de faixa, ou daqui a um tempo, eu vou querer competir também”, imagina.
Não é somente ela que está nesse rumo, pois em fevereiro haverá uma competição internacional, onde Cristofoli e alguns de seus alunos tentarão pontuar no ranking para obter uma chance de ir a Abu Dhabi lutar. Além disso, o treinador está tentando colocar duas crianças da academia no Pan Kids, que ocorrerá na Califórnia, ainda este ano.
Essas e outras perspectivas de combates estão na mira dos atletas da Capital do Vinho, para que o nome de Bento seja gravado em diferentes tatames, até mesmo, ao redor do mundo.