ONG percebe aumento no número de casos de animais desamparados em Bento Gonçalves neste período do ano
No período de férias, o abandono dos animais domésticos se torna mais recorrente e ONGs ligadas à defesa dos animais percebem aumento no número de casos. A história se repete todos os anos, quando os donos vão viajar e resolvem abandonar os bichinhos por não ter com quem deixar.
Os atos, vistos como cruéis pela maioria das pessoas, podem ser o abandono em lugares isolados ou até animais presos sob o sol escaldante, em condições insustentáveis, sem água e sem comida por longos períodos.
Na perspectiva de Márcia Manuel, da ONG Sou um Grãozinho de Areia, a virada do ano foi especialmente triste. “Nós tivemos devoluções de animais, a gente também percebeu pela quantidade de chamados nas redes, eles estavam por todos os cantos, abandonados em vários lugares”, avalia.
Entre os locais citados como foco de abandonos, Márcia aponta rodovias e rodoviárias. “Chegou até nós o caso do dono de uma madeireira, que tinha viajado e deixou dois presos. Depois o dono teve consciência de recolher eles, tirar do sol”, conta. Casos envolvendo machucados e mutilações não chegaram até a ONG.
Márcia recomenda às pessoas que presenciam casos de abandono ou maus-tratos a denunciar. “Nessas situações em que os vizinhos viajam e os animais estão presos, dentro de casa, na garagem, ou em situações de risco”, avalia.
Pontos positivos
Do outro lado, Márcia percebe melhoras com relação aos fogos de artifício, que nesta virada foram amenizados e não prejudicaram muito os bichinhos. “Eu agradeço pelas pessoas não terem largado, menos animais se machucaram”, comenta.
Além disso, ela também afirma que houve aumento na procura por hospedagens para animais no período de férias, o que demonstra que as pessoas estão mais dedicadas aos seus pets. “Esse ano lotou a hospedagem ligada a ONG, por esse lado foi excelente. Tem alguns que querem viajar, mas deixar seguro seu animal”, avalia.
Hospedagem lotada
Brenda Maria Duda, que também participa da Sou um Grãozinho de Areia, resolveu criar uma hospedagem de baixo custo. Ela cobra entre R$ 30,00 e R$ 50,00 à diária dependendo do porte do cachorro. “O pessoal procura porque é um preço mais em conta do que em veterinárias”, afirma.
Brenda costuma anunciar a abertura da hospedagem no Facebook e também busca em grupos relacionados à causa animal. “Do dia 24 ao dia 2 a procura foi bem alta. Como faço na minha casa, não tenho muito espaço. Eu lotei, tive que recusar alguns, mas hospedei 10 cachorros”, comenta.
Ela ainda tem outros programados até o final do mês, mas em menor quantidade. Além dos custos com a hospedagem, os donos precisam levar ração, cama e brinquedos para os animais.
Sobre o problema do abandono no período de férias, Brenda observa que foi bastante perceptível e que havia muitos casos de cachorros que foram encontrados na rua, de coleira, mas que ninguém se manifestava para dizer que conhecia os animais. “Um cachorro que nós achamos na rua em setembro e foi devolvido para dona estava na rua de novo”, comenta.
De acordo com dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil tem cerca de 30 milhões de animais abandonados, número que aumenta significativamente no período de férias. Não há informações estatísticas sobre a situação em Bento Gonçalves.
Denunciar ou não?
Antes de formalizar denúncia por maus tratos e abandono, o denunciante precisa tomar algumas precauções, observar e avaliar a situação. Às vezes, o cão fica sozinho em casa, mas vai alguém uma vez por dia para fornecer água e comida.
Além disso, pode ser importante tentar conversar com o dono do animal antes de comunicar os órgãos competentes. Se a situação não for resolvida com essas medidas prévias, é essencial fotografar e gravar para endossar a denúncia. O órgão competente ,da Prefeitura, pode ser comunicado em 0800.979.6866.
Alternativas
Escolher pousadas ou hotéis que aceitem animais pode ser uma boa opção para quem quer tirar férias e não quer deixar os bichinhos em casa. Hotéis para pets ou ajuda de cuidadores também são alternativa.