Quantas vidas ainda serão perdidas nas estradas serranas pela imprudência, pela combinação fatal entre álcool e direção, pela falta de sinalização eficiente e condições dignas nas estradas da região? Quantos jovens ainda terão de morrer até que o governo do Estado reconstrua as carcomidas rodovias regionais? Infelizmente, responder as perguntas que abrem este Editorial é, ainda, tarefa divinatória.

A cada semana, os jornais trazem a ampliação das estatísticas fatais, e hoje não é diferente, como se pode comprovar na reportagem à página 12 desta edição. Pelo menos este é o sentimento que se revela na região, do cidadão comum às autoridades da Serra Gaúcha, em sua maioria frustrada com as promessas não cumpridas e estradas cada vez piores. Há uma tênue luz no final do túnel, mas ela ainda sinaliza promessas e compromissos que não se tornaram reais. A região ainda espera que o Contrato de Restauração e Manutenção de Rodovias (Crema/Serra), que prevê a restauração de 200 quilômetros de estradas da região, entre as RSCs 453 e 470 e as ERSs 324 e 122, saia efetivamente do papel para ganhar as estradas com máquinas na pista, homens trabalhando e segurança para os motoristas.

Diante das urgências da região, trafegar nas rodovias serranas é hoje quase uma sentença. Para amenizar a sensação de impotência regional diante da realidade implacável dos buracos e da falta de manutenção que ampliam os riscos para os motoristas, não há remédio. O que resta é a renovação de uma paciência que está se esgotando, e, por isso, os novos prazos precisarão ser cumpridos à risca para que as estradas voltem a oferecer a segurança necessária à população.

Mas, além disso, é preciso educar motoristas, jovens e maduros, para que o carro não seja uma arma fatal, e que, a cada final de semana, a tragédia da perda de vidas de forma cruel, como as três pessoas mortas na noite do sábado, 13, no trevo da morte da rodovia RSC-470, não seja a regra que teima em não permitir exceções. A solução mais próxima é a conscientização dos condutores, para que a imprudência no trânsito não seja a lei dominante.

Usar o cinto de segurança, não beber antes de dirigir, respeitar os limites de velocidade e redobrar a atenção em dias de chuva, principalmente para se previnir de aquaplanagens, são atitudes simples, mas que podem diminuir, e muito, esses números. A direção defensiva é outra ação que deve ser seguida pelos condutores, pois não se está livre de envolvimento em acidentes, fruto da irresponsabilidade de outros. Mas há casos que nem isso basta.

No entanto, começar a recuperar o tempo perdido o quanto antes, é possível. É preciso parar de perder tempo e começar a agir, parar com as promessas e atender as demandas da população. Mas acima de tudo, é imprescindível parar de ser imprudente e irresponsável com nossas estradas, e isso só o governo pode fazer.