Para modernizar grande parte dos setores produtivos, as tecnologias vêm apresentando soluções cada vez mais inovadoras para auxiliar a agricultura familiar da região, como maquinário mais seguro, sensores, aplicativos, softwares e pesquisas de inovação.
De acordo com o tecnólogo em alimentos e extensionista rural da Emater/Ascar RS, Neiton Bittencourt Perufo, há um grande avanço na área e os produtores utilizam muito o cultivo protegido e sistemas de irrigação. “Isso permite o plantio de culturas em densidade e diminui o custo de produção, os tratamentos fitossanitários cessam as incidências de doenças. Também há outras tecnologias e equipamentos que facilitam a vida do homem do campo”. Além disso, ele diz que há aplicativos que permitem uma melhor gestão de identificação de doenças e pragas.
O aprimoramento genético de culturas também está sendo feito em alguns locais, visando maior produtividade e resistência à fatores externos. “Neste viés laboratorial, há um estudo cientifico e trabalhos de pesquisa de campo que criam variedades novas de diversas frutas, onde se têm maior qualidade e quantidade de produção”, fala o tecnólogo.
Investir em tecnologia é essencial
O enólogo e viticultor da Linha Paulina, Vinícius Dall Oglio, cultiva uma grande variedade de uvas para comercialização e vinícolas parceiras, como Isabel, Seibel, Trebiano Toscano, Lorena, Magna, Cora, Tannat, Isabel precoce e Carmem. A Concord, figos e amoras são utilizados para a criação dos doces e geleias de sua agroindústria familiar, Doces Dall Oglio, que também produz farináceos. Ele também tem uma grande parte do terreno com árvores de noz.
Atualmente, o viticultor utiliza algumas tecnologias que fazem a diferença no seu dia a dia no campo, como o monitoramento de doenças. Com isso, faz investimentos na área de manejo fitossanitário, onde as pragas são um dos principais fatores limitantes, destacando-se pela incidência do míldio, que ocorre nas partes verdes da planta e que pode ocasionar perdas de grande parte da produção de uvas. Através disso, o enólogo faz um monitoramento climático, realizado pela instalação de uma estação meteorológica que lhe poupa em torno de R$15 mil, o qual fornece dados diários de temperatura máxima e mínima do ar, entre outros fatores. “Uso há três anos em parceria com a Cooperativa Aurora. É o que mais deu certo e que gera uma economia fantástica. Através de sensores, ele monitora todas as doenças da videira e recebo as informações de quando tratar as plantas pelo celular. Conforme a pontuação que faz na combinação de temperatura e umidade, ele aponta e indica o que precisa ser feito”, conta.
O sistema de irrigação e fertilização é outro ponto que ele destaca. “A preparação do adubo agora vai toda via água, não é mais no solo. Quando rego as plantas, há todo um sistema de gotejamento que faz o adubamento também”, ressalta. Instituições de ensino e pesquisa também vêm em sua propriedade para realizar estudos e criar inovações para o campo. “Também tenho a taxa baixa que iniciamos em 2021, que é uma inovação em aplicação, e tem um excelente resultado. Drones, comecei a testar ano passado e na semana que vem farei tratamento das plantações com eles. Em torno de dois a três anos já pretendo tê-los funcionando ativamente”, informa Dall Oglio.
Segundo o agricultor, o trator cabinado é algo que o ajuda a não ter tanto contato com os produtos utilizados nas parreiras. “Quando se faz o tratamento, têm que colocar todo o EPI, como botas, luvas e máscaras. Com esse veículo totalmente fechado, consigo fazer tudo sem os acessórios de segurança, pois fico protegido dentro da cabine”, diz. De acordo com Dall Oglio, a aquisição desta máquina moderna ocorreu devido a questões de segurança. “Tive dois momentos difíceis com tratores normais, por questões de tombamento que colocaram minha vida em risco. Então, esse que possuo é muito seguro e feito especialmente para os terrenos que temos aqui na Serra Gaúcha”, salienta.
Um dos avanços tecnológicos que ele gostaria de implementar é a colheita mecanizada, que possui maior eficiência e conforto para o trabalhador. “Hoje em dia, está difícil de conseguir mão de obra qualificada. Então, esse sistema facilitaria muito e é algo que pretendo adquirir no futuro”, revela.
Fotos: Cláudia Debona