Em celebração aos 150 anos da imigração italiana e em memória da própria jornada, a Famiglia Valduga lança documentário contanto sua trajetória
O amor pelo vinho, que atravessa seis gerações e ecoa desde as terras trentinas do norte da Itália até o coração do Vale dos Vinhedos, foi celebrado em um evento de apresentação do documentário, na quarta-feira, 7 de maio, na sede da empresa no Vale dos Vinhedos. Eduardo Valduga, herdeiro dessa tradição, recebeu os convidados com a vivacidade e a paixão que caracterizam sua família, compartilhando memórias preciosas e vislumbres de um futuro ambicioso para o espumante brasileiro.

A tour pela vinícola iniciou com a apresentação de uma fotografia carregada de significado pessoal e histórico, a imagem de sua família. “Essa foto é, talvez, uma das mais importantes da minha vida, e eu acho que seja uma das poucas gerações que foi, vamos dizer assim, do sacolejo da carroça, ao jato, porque eu fui testemunha.” Essa transição, acompanhada de perto por Eduardo, simboliza não apenas a evolução tecnológica da produção vinícola, mas também a capacidade de adaptação e o olhar para o futuro.
“Esse registro daquela época e a foto do italiano não tinha sorriso porque apresentavam no rosto o empenho pelo trabalho. Mas olhem, o mais simpático da foto sou eu. Superfeliz”, explicou Eduardo com um sorriso nostálgico, antes de brincar sobre sua própria imagem na foto.
A persistência, mesmo diante da incerteza, provou ser a chave para o sucesso. “Não desiste jamais do trabalho, do sonho que a gente tem. Já vi o semblante do meu pai que saía do escuro e voltava no escuro. Mas nunca ouvi ele falar ‘eu estou cansado’ existe a palavra trabalho. Coisa de italiano”, afirma Eduardo.
A linha Valduga possui um rigoroso processo de produção.“ O nosso espumante ‘Arte’ não sai daqui com menos de um ano. Então eu guardo um ano. Quando eu vou lançar já estou com outra safra. O nosso magnífico 130, são 36 meses mínimo aqui. Na primeira safra que ingressou aqui, ele espera três anos e já entrou três safras acompanhando”, explica.

Olhando para o presente e o futuro, Eduardo Valduga demonstra entusiasmo contagiante em relação ao potencial do espumante brasileiro e também um projeto ambicioso: a criação de um nome que o identifique e o valorize no cenário internacional. O objetivo final é ambicioso: posicionar o espumante brasileiro no patamar mais alto das Américas. “ Agora nós estamos buscando dentro da Famiglia Valduga 100 pontos de espumante do Brasil. Nós vamos ser projeto brasileiro que vai ter a maior pontuação nas Américas quando se tange espumantes”, afirma com entusiamo.
Mercado internacional
Luísa Valduga, agente de exportação do grupo, e representante da empresa no exigente mercado europeu, explica que o pontapé inicial na exportação ocorreu no início dos anos 1990, com a Alemanha sendo o primeiro país a receber os rótulos. “Foi um passo ousado na época, considerando que o mercado internacional ainda não tinha familiaridade com os vinhos brasileiros”, relembrou.

Um dos principais desafios, segundo Luísa, reside na construção da imagem do Brasil como produtor de vinhos de alta qualidade. “Como poucas vinícolas brasileiras atuam de forma contínua no mercado externo, muitas vezes somos percebidos como uma novidade exótica. É como abrir uma trilha ainda não desbravada”, explicou. Para superar essa barreira, a Famiglia Valduga compreendeu a necessidade de ir além da simples venda do produto. “Por isso, um dos aprendizados mais importantes é que precisamos, além de vender o vinho, contar a história. Explicar que o Brasil é um país continental, com mais de 200 milhões de habitantes e uma impressionante diversidade de microclimas, incluindo regiões perfeitas para a vitivinicultura de alta gama, como o Vale dos Vinhedos. A educação ao consumidor e aos profissionais do setor se torna uma parte fundamental da nossa estratégia”, enfatiza.
Atualmente, os produtos da Famiglia Valduga marcam presença em 19 países, abrangendo mercados com perfis distintos. Luísa destacou a conquista de espaço em centros consumidores de referência como o Reino Unido e a Dinamarca, além da presença simbólica em países de tradição vinícola como Itália, Espanha, Portugal e Hungria. “Estamos presentes em países tradicionalmente produtores de vinho, o que é muito simbólico por representar um reconhecimento da nossa qualidade mesmo em mercados tão exigentes”, celebra

“A imagem de uma vinícola familiar, com a dedicação e a continuidade entre as gerações, possui um forte apelo emocional em um mercado globalizado. Em um mercado global cada vez mais saturado por grandes corporações, o consumidor valoriza histórias reais, vínculos afetivos, e respeito genuíno com o terroir. A tradição italiana é um elo que abre muitas portas, mas o que realmente fideliza é a entrega de qualidade e a constância no trabalho”, complementa.
Os planos para a expansão das exportações nos próximos anos são ambiciosos, com a Famiglia Valduga atenta às dinâmicas do cenário global. A expectativa é consolidar os mercados existentes, crescer em volume de forma sustentável e explorar novas oportunidades. Novas negociações estão em andamento com países como Suíça, Grécia, Romênia e diversos estados norte-americanos, além de um olhar atento ao promissor mercado asiático. “Acreditamos que o mercado internacional está mais receptivo a novas origens e a produtos que tragam diversidade ao portfólio global. Também estamos expandindo nossas linhas não alcoólicas, como sucos e chás naturais, que têm grande apelo em segmentos de saúde e bem-estar. A internacionalização da Famiglia Valduga é um projeto de longo prazo e estamos apenas no começo”, concluiu Luísa.