Recentemente, as ruas centrais de Bento Gonçalves sofreram alterações, realizadas pela Secretaria Municipal de Gestão Integrada e Mobilidade Urbana (Segimu), com a finalidade de melhorar o fluxo de veículos, principalmente em horários de pico. A reportagem do Jornal Semanário conversou com o chefe da pasta para entender se essas mudanças são definitivas e entrevistou um especialista da área para esclarecer os prováveis impactos para quem trafega no Centro da cidade.
Questionado se houve alguma pesquisa que norteou as modificações, o secretário da Segimu, Marcos Barbosa, explica que o novo sentido da rua Dr. Montaury foi trabalhado pelo Plano de Mobilidade Urbana com lei aprovada em 2015 pelo município. “Realizamos estudos e análises de qual deveria ser a melhor formatação do trânsito na área central para melhorar a trafegabilidade”, afirma.
Além disso, de acordo com Barbosa, “foi realizada uma conversa com a população, entidades, empreendimentos do entorno. Temos profissionais que fizeram avaliação técnica”, garante.
Como as mudanças são consideradas recentes, pois passaram a vigorar no dia 10 de outubro, Barbosa diz que o período ainda é de adaptação por parte dos motoristas. “Percebe-se que por costume, não há ainda um bom aproveitamento das vias, o que faz com que algumas fiquem sobrecarregadas enquanto outras, fiquem de certa forma, ociosas, como por exemplo, o antigo corredor de ônibus e as vias à direita na Marechal Deodoro. Isto acaba impactando o trânsito nas vias adjacentes, como Via Del Vino e Júlio de Castilhos”, esclarece.
O chefe da pasta também salienta que as melhorias, que já faziam parte do projeto original, ainda estão sendo implantadas. “Como o alargamento da via em frente ao monumento da cruzinha (Caixa Econômica Federal), melhorando a conformação desta curva. Também a melhoria estética da área central com realocação de contêineres de lixeiras e a colocação de mobiliário urbano, tanto para melhoria estética como para auxílio na configuração do trânsito. Novas pinturas, lombo-faixas e novos abrigos de ônibus”, pontua.
Sobre as vagas de motos em frente à praça Dr. Bahtholomeu Tacchini que foram removidas e colocadas na Dr. Antunes, gerando descontentamento para alguns ciclistas, o secretário afirma que o número de vagas continua o mesmo. “A quantidade não mudou. Havendo entendimento da necessidade de ampliação delas, poderemos realizar estudos em busca de novos locais para ampliação das mesmas”, assegura.
Em relação à possibilidade de veículos de urgência e emergência enfrentarem mais tempo de deslocamento na rua Barão do Rio Branco, onde a faixa era exclusiva para ônibus e veículos de segurança e saúde, Barbosa afirma que eles têm por lei, prioridade no trânsito, em qualquer local do município. “Desde que acionado os mecanismos de indicação, sirene e luzes”, diz.
Por fim, sobre as mudanças serem definitivas, Barbosa afirma que “estamos em constante adaptação, fazendo as mudanças que forem necessárias. Temos outros projetos de melhorias que ainda serão estudados e apresentados”, conclui.
Possíveis impactos
O advogado, professor de Legislação de Trânsito nos cursos de extensão da Universidade de Caxias do Sul (UCS) e representante da OAB/RS no Conselho Municipal de Trânsito, Ailor Carlos Brandelli, realizou uma análise dos possíveis impactos das mudanças para os motoristas que trafegam pela região central da cidade. Confira abaixo
Avaliação das empresas de ônibus
As duas empresas responsáveis pelo transporte público do município foram diretamente impactadas com as mudanças, principalmente com a retirada da faixa de ônibus da rua Barão do Rio Branco, que era exclusiva para circulação deles, mas após a alteração, passou a permitir o trânsito de qualquer veículo.
Em entrevista para o Semanário, em conjunto, as empresas Santo Antônio e Bento Transporte Urbano avaliaram as alterações. “As mudanças impactaram. Percebemos que com o fim do corredor de ônibus, existe uma lentidão maior para o transporte urbano”, afirmam.
Além disso, ambas sentiram a demanda de outras alterações. “Percebemos a necessidade de colocar um abrigo para os passageiros ficarem protegidos da chuva, porque antes a marquise das lojas abrigava-os”, avaliam.
Por fim, as empresas também pontuaram ser necessário buscar alternativa em outro ponto da cidade para suprir as consequências da mudança. “Para compensar a lentidão que ocorre no Centro, pela retirada dos corredores de ônibus, a sugestão é que seja retirado o estacionamento desde a avenida São Roque, passando pela rua Guilherme Fasolo, avenida Osvaldo Aranha até o Botafogo, para assim ganhar fluidez nestes trajetos, uma vez perdido no Centro com a mudança”, finalizam.
O que diz o 3° BPAT
Além do transporte público municipal, veículos de alguns órgãos, como os de segurança e saúde também tinham permissão para utilizar a faixa da rua Barão do Rio Branco, que foi aberta para todos os motoristas. O Capitão do 3° Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas da Brigada Militar, Rogério Schuh dos Santos, avaliou a alteração. “Essa mudança não causou prejuízos à circulação das viaturas da Brigada Militar e tampouco recebemos quaisquer reclamações ou críticas por parte de nossos servidores, sobre algum prejuízo no atendimento de ocorrências, devido a essa decisão”, afirma.