A grande fé cristã, que o imigrante italiano trouxe consigo, foi no início, o fator marcante que serviu de apoio para enfrentar a nova vida.
Profundamente católicos e acostumados a ver a religião, como centro de todas as suas atividades, tinha na Divina Providência em seu amparo nos momentos de incertezas e dúvidas.
Efetivamente, o imigrante, chegado a sua nova terra, em meio às tristezas do abandono, longe de qualquer recurso, longe do convívio social, entregue a toda sorte de dificuldades, não tinha outra forma de protegê-lo, contra os perigos e nem outro defensor contra as doenças, os riscos e o temor da floresta, só podiam se apegar ao Bom Deus…
A devoção à virgem Maria, a Deus e aos Santos da terra de origem era a forma mais forte de se apegarem com toda força. A oração individual nos momentos difíceis, a prece familiar nas fontes de trabalho, na floresta, a liturgia dominical da sociedade rural, foi uma constante característica dos colonos italianos.
A ausência de sacerdotes originou o surgimento de celebrações, terços, ofícios litúrgicos conduzidos por leigos. Estes eram escolhidos entre os que possuíam conhecimento e vivência religiosa, ou catequista, ou possuía um livro devocionário.
A unidade religiosa entre os imigrantes teve importantes reflexos no desenvolvimento das comunidades. Desde o início procuraram aos domingos se reunirem a fim de fazer suas preces em conjunto, ao redor de uma imagem da virgem ou de um santo trazido do além-mar, que era colocado sobre uma árvore ou uma armação improvisada em templo. Lá, recitavam o terço, acompanhavam as ladainhas à Virgem Maria e cantos da terra natal, esse ritual substituía a missa dominical, e era a forma de oração mais usada.
Estes encontros tornaram-se um ponto de início de união entre eles, além de possuir um caráter religioso possuíam um caráter social. Em alguns desses locais surgiram “capitéis”, pequenos oratórios dedicados aos santos da devoção do grupo ou de algum em particular. Seu aparecimento foi anterior à capela por ser de fácil arquitetura e pouco dispendiosa. Os capitéis foram as primeiras manifestações visuais no campo da religiosidade. Progressivamente foram construídas as capelas, fator básico da organização socioculturais das comunidades, portanto, deve-se ao espírito cristão a integração do imigrante à nova terra.
A religião foi, sem dúvida, a força que permitiu aos imigrantes se integrarem no novo ambiente e formar aquela solidariedade indispensável para enfrentar todas as dificuldades materiais e psicológicas dos primeiros tempos.
Foi em torno da religiosidade e da expressão de seus sentimentos religiosos que eles encontraram a própria identidade cultural, único meio capaz de evitar o desajustamento social.
“Ainda hoje, somos uma REFERÊNCIA das Festas Religiosas como uma INTEGRAÇÃO SOCIAL.”