Na avaliação da equipe do governador Eduardo Leite, queda nas taxas de contaminação e hospitalizações, além do impacto na aprendizagem, causado pela pandemia do coronavírus, foram fatores fundamentais para a decisão da presença física
Há quase dois anos, as escolas brasileiras foram obrigadas a fechar as salas de aulas, devido a pandemia do coronavírus. Profissionais da área precisaram se reinventar para continuar transmitindo conhecimento aos alunos, de forma remota. Contudo, considerando a queda das taxas de contaminação e hospitalizações e com o avanço da vacinação, o governo do Rio Grande do Sul publicou no Diário Oficial da União um decreto que restabelece o ensino presencial obrigatório na Educação Básica, nas redes públicas e privadas, a partir da próxima segunda-feira, 8.
De acordo com o documento, há exceção para a permanência no regime híbrido ou virtual aos alunos, que por razões médicas, comprovadas mediante a apresentação de atestado, não possam retornar integral ou parcialmente ao método presencial.
Para que o retorno ocorra de maneira mais segura, uma série de protocolos sanitários foram estabelecidos. Dentre eles, está o distanciamento mínimo de um metro entre os estudantes, uso obrigatório de máscara, higienização constante das mãos e ambientes ventilados.
A normativa também possibilita que as instituições de ensino que não puderem assegurar o distanciamento mínimo, devido ao tamanho do espaço físico escolar, podem adotar o sistema de revezamento dos estudantes. Porém, devem garantir a oferta do ensino remoto nos dias e horários em que os alunos não estiverem presencialmente na escola.
O que diz a 16ª CRE
O coordenador da 16ª Coordenadoria Regional de Educação de Bento Gonçalves, Alexandre Misturini, avalia a obrigatoriedade. “É uma medida muito boa, de oportunizar o estudante à aprendizagem, que não está conseguindo em casa por falta de celular, de conexão com a internet”, afirma.
Misturini destaca que a decisão é positiva. “Nós vemos com bons olhos, porque os alunos vão ter acesso a sociabilidade, interação com outros colegas. A questão de saúde mental também nos preocupava de os alunos ficarem isolados em casa. Com a volta, acreditamos que a aprendizagem será muito melhor”, analisa.
Além disso, o coordenador garante que as instituições de ensino de abrangência da 16ª CRE tem condições estruturais para receber novamente os alunos. “Com Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) sobrando, orientações de manter o uso de máscara, aferição de temperatura, enfim, seguir todos os protocolos. Não há nenhum impedimento e a volta pode ocorrer normalmente, com 100% dos alunos”, defende.
Rede Municipal
A reportagem também ouviu a secretária de educação do município, Adriane Zorzi, que avaliou esse retorno como sendo muito importante. “Pois, percebemos durante esta pandemia, a necessidade das crianças e adolescentes estarem no ambiente escolar, socializando e construindo conhecimento com seus pares e para minimizar os prejuízos emocionais que foram aparecendo durante o isolamento”, afirma.
Adriane acrescenta que desde agosto a rede municipal está trabalhando para que ocorra o retorno presencial de todos os estudantes. “Tivemos algumas realidades, que em virtude da Portaria Conjunta SES/SEDUC/RS 2/2021, que dispõe sobre as medidas de prevenção, monitoramento e controle à Covid-19, que estabelece o distanciamento de, no mínimo, um metro entre as pessoas e dois metros nos locais em que sejam realizadas as alimentações, o retorno foi oportunizado de forma híbrida”, explica.
Além disso, de acordo com a secretaria, nas escolas do município, mais de 95% dos alunos já retornaram para o ensino presencial, permanecendo no ensino remoto, apenas os que por opção da família ou restrição de saude não puderam realizar o retorno físico.
Avaliação das escolas
A diretora da Escola Estadual de Ensino Fundamental José Farina, Samara Casagrande Gonzatti, acredita que a volta presencial dos alunos é muito importante. “Tanto para a aprendizagem quanto para a socialização e retorno da rotina. Visto que, a maioria dos estudantes quando retornaram ao presencial apresentaram muitas dificuldades nas questões pedagógicas e de organização”, aponta.
Com o retorno, Samara acredita em uma aprendizagem mais significativa com as aulas presenciais. “Pois muitas vezes, as famílias tem dificuldades em auxiliar os alunos quanto as atividades propostas e dificuldades apresentadas”, afirma.
A diretora da Escola Municipal de Tempo Integral São Roque – Professora Nilza Côvolo Kratz, Andreza Ana Peruzzo, afirma que a escola está preparada para a volta. “O movimento de retorno e adequação dos espaços escolares, acontece desde o ano passado. A prefeitura equipou a escola com o portal sanitizador e EPIs, recebemos grande quantidade de máscaras descartáveis, aventais, luvas”, afirma.
Com o retorno, Ana diz que espera acolher todos os alunos que até o momento seguem no ensino remoto. “Retomando assim, o processo de construção do conhecimento de forma presencial. É importante dizer que a escola é fundamental para socialização, favorecimento do equilíbrio emocional da criança e do adolescente”, finaliza.