Mês de agosto registrou 338 novos postos de trabalho em Bento, o melhor desempenho desde o início da pandemia da Covid-19, em março

Aumentou em 45,6% o saldo positivo da geração de postos de trabalho pelas empresas de Bento Gonçalves no mês de agosto. Foram 338 pessoas empregadas a mais, na relação admissões e demissões, contra 232 de julho, de acordo com os dados divulgados na semana pelo Novo Caged, o Cadastro Geral de Emprego e Desemprego do Ministério do Trabalho. Mesmo com a retomada da empregabilidade no município, os números de agosto estão longe dos que foram anotados no começo de 2020, em janeiro e fevereiro, quando o volume de novos empregos somou quase 4 mil, nos dois meses.

O mês em que os trabalhadores mais sofreram por causa da pandemia provocada pelo coronavírus foi em abril, com apenas 527 pessoas empregadas (mais baixo índice de contratações do ano) e 1.988 demissões (número mais alto dos primeiros oito meses de 2020). Isso resultou em um saldo negativo de 1.461 postos de trabalho que foram fechados em abril. O saldo no período (janeiro a agosto), entretanto, ainda é negativo segundo o relatório do Novo Caged, com 645 demissões a mais do que o número de pessoas que foram empregadas.

Indústria moveleira

O setor que mais contribuiu para o resultado positivo na geração de emprego, em Bento, no mês de agosto, foi a indústria (258 empregos gerados a mais), seguida de longe pelo segmento do comércio (41), a construção (32) e serviços (7). E, dentro da área industrial, as empresas moveleiras empregaram 269 pessoas no mês, contra 186 demissões, uma geração de 83 vagas a mais.


CIC vê surpresa, diz que número anima e manifesta receios

Os números do Novo Caged relativos ao mês de agosto foram recebidos com entusiasmo pelo presidente do Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC-BG), Rogério Capoani. Ele não esconde a surpresa tendo em vista todas as restrições de funcionamento pelas quais os setores produtivos passaram, por causa da Covid-19. “Não imaginávamos uma recuperação rápida assim e na proporção em que está acontecendo. Entendemos que existe um aquecimento, até mesmo por conta de uma demanda represada, que está vindo à tona e fazendo com que toda cadeia produtiva se aqueça, trazendo por consequência comércio e prestação de serviços na carona”, diz Capoani.

Por outro lado, ele se mostra preocupado com o endividamento do país. O governo federal lançou planos para socorrer estados, municípios, empresas e população. Até o dia 11 de agosto a União havia aberto R$ 511,3 bilhões em créditos no combate aos efeitos da pandemia e gastado 54% desse total. Apenas a trabalhadores informais de baixa renda, através do auxílio emergencial, foram pagos até essa data R$ 167,7 bilhões dos R$ 254,2 bilhões separados para essa finalidade. Estados e municípios receberam outros R$ 30,1 bilhões, enquanto a compensação a trabalhadores com contrato suspenso ou redução de jornada era, até então, de R$ 20 bilhões. “Todo esse dinheiro manteve a economia, de certo modo, aquecida, trazendo esse reflexo imediato de recuperação”, diz o presidente.

Em junho, a dívida bruta do governo atingiu 85,5% do PIB. “O país precisou se endividar e nos preocupamos porque é preciso colocar em pauta reformas estruturantes em 2021, e tomar medidas para retomada da recuperação econômica e financeira do país. Além disso, existe falta de matéria-prima nos setores. Se faltam os insumos e a demanda é grande, naturalmente é porque a procura está maior do que a condição de entrega, e isso eleva o preço da matéria-prima. Nosso desafio será estancar uma possível inflação significativa”, diz Capoani.

Geração de emprego é bom sinal na opinião de Rogério Capoani, presidente do CIC-BG, mas também pode ser sinal para preocupação

Tabelas: Silvestre Santos
Imagem: www.concq.com.br, Reprodução