*Fabiano Larentis

Fui um dos palestrantes do 3º ADRH Day, ocorrido em 16 de outubro. Tratei do assunto “Cultura da Aprendizagem da Inovação”, ressaltando que inovação é muito mais que tecnologia e que aprendizagem ultrapassa o compartilhamento de conhecimento. Ambos elementos dependem especialmente de pessoas, ainda mais quando tratamos de cultura, que envolve crenças, valores, visões de mundo, hábitos, ritos e cerimônias. Assim, uma cultura de aprendizagem da inovação considera uma rede de significações e hábitos que tem sob perspectiva a aprendizagem no contexto organizacional, com o enfoque nas práticas de inovação. É quando o aprender a inovar está presente no sangue da empresa: nem nos damos conta que isso ocorre em nossas práticas. Necessário deixar claro que aprendizagem no contexto organizacional envolve tanto aspectos formais, como treinamentos, quanto aspectos informais, nas rotinas, experiências e interações.

Nesse sentido, como promover a cultura da aprendizagem da inovação? Enfatizei um ambiente de aprendizado que dá apoio e provê meios, envolvendo liberdade de expressão, estímulo à curiosidade e autonomia, abertura à diversidade, tratamento do risco, espaços para a aprendizagem, assim como apoio, recompensa e celebração da aprendizagem nas práticas de inovação. Ressaltei os processos e práticas de aprendizagem para a inovação, com a criação, disseminação, compartilhamento e aplicação de conhecimento na organização, com destaque à aprendizagem ao longo da vida. Por fim, salientei o papel das lideranças, a partir do incentivo ao diálogo e debate, da abertura a visões diferentes, do foco na aprendizagem, da transparência e da atitude proativa em relação ao erro.

Todavia, temos diversos desafios. Apresentei o Índice de Velocidade da Inovação, das empresas participantes da pesquisa das melhores para se trabalhar no país (GPTW): 27% delas estão no estágio de atrito (inovação truncada), 47% no estágio funcional (intermediário) e 26% no estágio acelerado (fluxo fácil). Ainda, apliquei junto ao público, através da ferramenta Mentimeter, quatro perguntas relativas à inovatividade organizacional – capacidade de inovar, especificamente em relação à liderança, cultura, pessoas e aprendizagem. Em uma escala de percepção de 0 (não percebo) a 10 (percebo integralmente), a média das respostas ficou em 6,3. Ou seja, a partir disso fica claro que a cultura da aprendizagem da inovação dependerá dos frutos semeados coletivamente em prol da internalização de comportamentos e atitudes relacionados à inovação e à aprendizagem, não apenas em termos tecnológicos, mas em um ambiente onde a criatividade, o aprender com os erros e acertos ao longo da vida, o compartilhamento, a autonomia, a mente aberta e o acolhimento estejam presentes, proporcionando sustentabilidade e prosperidade às organizações e suas comunidades.

*Sub-reitor UCS Bento, Professor do PPGA e PPGEP UCS