Desde o momento em que os governos militares deixaram o poder, assumido indevidamente por José Ribamar da Costa Sarney, o Brasil passou por mudanças radicais. Sarney foi guindado à presidência pelo medo que os caciques políticos tiveram. Sim, medo de que os militares, com a morte de Tancredo Neves, pudessem reassumir. Aí começou toda a “nhaca” em que vivemos hoje. Sarney foi induzido pelos mesmos caciques a convocar uma Assembléia Nacional Constituinte, a qual depois de concluídos os trabalhos, teve seus membros assumindo como deputados federais e senadores. Fizeram, portanto, uma Constituição sob peso e medida para seus próprios “interésses”, autoconcedendo-se poderes inimagináveis e sem que a população tivesse condições de avaliar as consequências. Agora, passados vinte e seis anos, ficou nítida a imensa bobagem que Sarney fez ao não convocar a Assembléia Constituinte exclusiva, composta por cidadãos de notório saber e idoneidade, os quais, concluído o trabalho, retomassem suas atividades normais, ou seja, longe do Congresso Nacional. Não creio que exista no mundo, nem mesmo em países parlamentaristas, um congresso nacional com tamanho poder quanto o nosso. Aliás, não só em âmbito nacional, mas, também, nos parlamentos estaduais e municipais eles ditam as regras, invariavelmente em seu próprio benefício. Pois esse sistema arcaico, esse absurdo todo só poderia dar no que deu: uma dicotomia político-partidária. Sim, porque hoje, mesmo com trinta e dois partidos, na realidade só existem dois: o PT e o ANTIPT. As demais siglas são adesistas de ocasião, sendo as mais notórias o PP, o PMDB, o PTB (Brizola jamais imaginaria isso) e outras de menor importância que sempre estão ao lado de quem está no poder. Só que, agora, essa dicotomia está colocando em risco o Brasil. O PT e o ANTIPT estão no comando desde 1994 e a imprevidência, a corrupção, a roubalheira tem marcado todos os governos. Mas, o que estará afetando a população dentro de pouquíssimo tempo é a imprevidência. Imprevidência no tocante à geração de energia elétrica e abastecimento de água. A região sudeste já está penando – e ficará pior – com a falta de água que, por sua vez, provocará a falta de energia elétrica. Nossa matriz energética foi alicerçada em hidrelétricas porque era mais barato e o governo financiou no baratilho as empresas que não precisavam investir seu próprio capital. Energia eólica? Solar? Ora, é muito caro investir nelas. O retorno é em maior prazo. Então, gigolear os rios públicos era mais vantajoso. A hora, agora, é outra. É hora de esquecer quem são os “culpados”, politicamente falando, e cada brasileiro tomar consciência de que é preciso, é imperioso, é vital que água e energia elétrica sejam economizados. É a única forma para se evitar o racionamento ou a falta dessas duas coisas de extrema importância para todos nós.