Nascidos entre 2025 e 2039 devem ser nativos da inteligência artificial (IA), realidade virtual (VR), automação e avanços tecnológicos

O termo geração “Beta” foi cunhado pelo demógrafo Mark McCridle, que pesquisa tendências geracionais e é fundador de uma empresa de pesquisa e consultoria. Essa divisão por gerações é muito utilizada para pesquisas de mercado e opinião, como a Pew Research Center, e buscam direcionar as propagandas pensando nas características de cada geração.
Segundo a pesquisa da McCrindle, a geração beta deve representar 16% da população mundial em 2035, e muitos dos nascidos entre 2025 e 2039 devem estar vivos nas primeiras décadas do século 22.
A McCrindle divide as gerações a cada 15 anos, e, segundo essa classificação, as próximas gerações após a “beta” serão a “Gamma”, nascidos entre 2040 e 2054, e a “Delta”, nascidos entre 2055 a 2069. A partir de agora as divisões devem seguir o alfabeto grego.
A geração “beta” deverá ser composta majoritariamente por filhos dos millennials nascidos a partir de 1990 e da geração Z.

Cada geração tem um ideal diferente para o futuro


A McCrindle prevê ainda que geração beta deve ser moldada pelas tecnologias e pela inteligência artificial (IA) e realidade virtual (VR) onde a interação digital com máquinas ou robôs não causará estranhamento, sendo um processo natural. Também prevê uma maior preocupação com a sustentabilidade e o meio ambiente, bem como com as mudanças climáticas, que devem estar em evidência nos próximos anos.
Para Fran Winandy, pesquisadora na área de etarismo, diversidade etária e integração geracional, a geração beta pode vir a enfrentar diversos desafios no aspecto psicológico e comportamental, devido à exposição excessiva à realidade virtual, o que pode acabar criando expectativas irreais sobre como a vida é de fato. “Isso pode trazer frustrações, ansiedade e até quadros de depressão, porque o mundo virtual tende a ser perfeito e a vida real não”, explica a pesquisadora, que complementa ainda que essa geração deverá ficar atenta aos relacionamentos interpessoais, já que podem passar a se sentir mais confortáveis com interações virtuais do que com pessoas, situação que já pode ser observada na geração Z.
Um aspecto positivo da nova geração seria a sua maior responsabilidade social e ambiental, que pode surgir na preferência por marcas com os mesmos valores ou na criação de negócios que gerem impacto social. Segundo a pesquisadora, devido a sua relação com a tecnologia, é uma geração que tende a transformar o estudo em uma forma mais ramificada e personalizada.

As novas gerações e o mercado de trabalho


Outra questão que tem dividido opiniões seria a respeito do ingresso da geração Z no mercado de trabalho. Valores empresariais consolidados a muitos anos tem sido alvo de fortes questionamentos dos novos profissionais. Para alguns trata-se de uma geração sem o “amor” pela carreira, da antiga geração, para outros trata-se de uma geração que busca viver sua vida além da profissão.
Fran explica que a geração Z entrou no mercado de trabalho pouco antes, durante ou depois da pandemia e dessa forma, possuem um entendimento do mercado de trabalho de forma mais flexível, já que vivenciaram essa flexibilidade na prática. A pesquisadora explica também que o maior uso da tecnologia possibilitou um maior acesso à informação, e assim maior valorização da diversidade e da saúde mental.
Mas esse conflito de gerações pode ser mediado. Fran explica que realiza trabalhos de integração geracional dentro das organizações, justamente para gerar a empatia entre os profissionais. “Trata-se de um ganha-ganha e quando percebem isso, temos maior envolvimento, criatividade, inovação e produtividade. A representatividade é importante e isso passa pelo combate ao etarismo (preconceito etário) dentro da organização”, explica.

Geração silenciosanascidos entre 1923 e 1942
Baby boomersnascidos entre 1946 e 1964
Geração Xnascidos entre 1965 e 1980
Millennialsnascidos entre 1981 e 1996
Geração Z ou Zillennialsnascidos entre 1997 e 2009
Geração Alphanascidos entre 2009 e 2024
Geração Betanascidos entre 2025 e 2039
As gerações

O etarismo


O etarismo é o preconceito de idade, também conhecido como idadismo ou discriminação etária, que pode ocorrer com os mais velhos e com os mais jovens, sendo negativo em qualquer situação. Sua característica principal é a atribuição de características, principalmente negativas, a uma pessoa devido a sua idade.
Fran explica que vem ocorrendo um grande movimento de volta ao mercado de trabalho de pessoas acima de 50 e 60 anos. Esse movimento se deve a modificação da pirâmide etária em nosso país, onde há uma diminuição do número de filhos e um aumento da longevidade. Nesse cenário há uma diminuição no número de jovens nas empresas e profissionais que trabalharão por mais tempo, pois não faz mais sentido uma pessoa ficar inativa durante 20 ou 30 anos.
A pesquisadora explica ainda que os valores das aposentadorias costumam ser insuficientes para as despesas como assistência médica, aluguel e custo de vida em geral. “A possibilidade de um retorno à vida profissional como assalariados é um alento para estas pessoas, pois além da ansiedade com as questões financeiras, o trabalho traz novo desafios intelectuais e relacionamentos interpessoais”, enfatiza a pesquisadora.
Outro ponto importante ligado aos Millennials no mercado de trabalho é justamente neste combate ao etarismo. “Essa geração valoriza a diversidade e a inclusão, reconhecendo a experiência e o conhecimento que pessoas mais velhas trazem para as equipes de trabalho. Além disso, os Millennials são engajados em causas sociais e podem ver o combate ao etarismo como parte de um movimento mais amplo por igualdade e justiça. Essa conscientização pode levar a um ambiente mais acolhedor e respeitoso para todas as idades”, afirma a pesquisadora.
Para a aposentadoria dos Millennials, Fran acredita em um cenário mais calmo e equilibrado entre vida e trabalho, “é uma geração que busca se dedicar a algo com mais propósito, que possua menos tempo de dedicação e mais satisfação pessoal”, finaliza a pesquisadora.

Fran Winandy

Fran trabalha no combate ao etarismo nas organizações através de consultorias e/ou mentorias para implantação de programas de Integração Geracional, Educação Continuada para a Longevidade, palestras sobre Etarismo e temas afins, além de aulas em programas de educação executiva para conselheiros de empresas. A pesquisa sobre o tema começou em 2012, quando realizou o mestrado na área, escreveu um livro chamado “Etarismo, um novo nome para um velho preconceito”, criadora do blog www.etarismo.com.br e atua como ativista nas redes sociais, para gerar conscientização. “Acho que o combate ao etarismo deve unir forças do poder público com empresas e sociedade.”