Responda rápido: a Ford vai embora do Brasil?

A Ford não vai embora do Brasil, mas sim fechar as plantas industriais. Como diz a Nota Oficial da empresa, continuará presente no Brasil com as concessionárias, sede administrativa, vendas e serviços. Fechar as fábricas é bom? Claro que não. Mas……

Em artigo de 2011 ponderei que um dos grandes problemas do Brasil era a desnacionalização em vez da desindustrialização, ou seja, os donos das grandes empresas seriam cada vez mais estrangeiros. Essa previsão está se confirmando mais e mais a cada dia.

No mesmo dia que a Ford anunciou o fechamento das fábricas, alguns colunistas da grande imprensa endeusaram o ex-governador Olívio Dutra dizendo que ele tinha razão quando mandou a Ford embora. Isso só pode ser brincadeira. Fala-se que serão fechados mais de 25.000 empregos com essa decisão da Ford. Sendo isso verdade, o RS perdeu 20 anos com empregos aqui, renda aqui, salários aqui, consumo aqui, impostos aqui ( mesmo com benefícios fiscais ), logística aqui.

POR QUE A FORD ESTÁ FECHANDO AS FÁBRICAS?

Bem, o mundo atual não é mais o mesmo de 10-20-30 anos atrás. Hoje o mundo é dos mais competitivos, dos mais ágeis, dos mais inovadores, dos mais tecnológicos, dos que se relacionam melhor com os clientes, que possuem custos baixos e escala global. Fábricas de automóveis precisam de escala para ganhar produtividade. Precisam de grande consumo, em outras palavras, para gerar grandes vendas, manter custos fixos baixos e ganhar produtividade.

O mundo de hoje não é mais das fábricas. O mundo de hoje é dos serviços. Em torno de 80% do PIB dos países desenvolvidos e das grandes nações atualmente é representado pelos SERVIÇOS ( setor terciário da economia ). O Japão tem PIB 3 vezes o do Brasil numa área geográfica um pouco maior que o RS. Como o Japão consegue ter um PIB 3 vezes o nosso  em área tão pequena? Não é produzindo arroz com certeza.

O Brasil fez algumas opções muito erradas como incentivar algumas empresas nacionais em detrimento de uma política industrial mais baseada em vários setores, incentivou indústrias em detrimento de outras e sentou em berço esplêndido quando governos pensaram que o mercado brasileiro é grande o suficiente para contemplar inúmeras montadoras de automóveis. Optou pelo protecionismo em vez de gerar condições para competir internacionalmente.

Os governos brasileiros, por cultura e opção populista nos últimos 50 anos, sempre optaram por incentivar a produção nacional em contrapartida à escala global, à competitividade global, à inovação e à concorrência internacional.

O MODELO DE FUTURO DO BRASIL PRECISA MUDAR.

O novo modelo econômico para o país precisa mais do que nunca apostar no tripé EDUCAÇÃO, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO.

Os empregos de hoje não são os de ontem. Os de amanhã não serão os de hoje.

Os governos precisariam entender que as reformas tributária, administrativa e política são imprescindíveis também para uma economia mais próspera. Que o Custo Brasil é muito alto.

As empresas precisam entender que o futuro delas está muito mais na produtividade, tecnologia, no desenvolvimento dos recursos humanos, na globalização e na inovação.

A Microsoft vale US$ 1,6 trilhões. A Apple 1,28, a Amazon 1,23. Só essas 3 somam US$ 4 trilhões. O PIB do Brasil é de US$ 1,8 trilhões. Isso diz alguma coisa para você?

Ahh, por fim, Olívio Dutra não tinha razão.