Já dizia Bruno e Marrone em uma de suas belas canções “não me deixe fora da sua agenda no fim de semana!”. Tempos atrás, até os anos 80 ou 90, o anseio que tínhamos era o de esperar pelo tão sonhado fim de semana para podermos namorar. Na segunda, nos lembrávamos dos momentos que tivemos nos dias anteriores, na terça-feira planejávamos quais seriam os programas para o próximo encontro, na quarta, os que telefone residencial tinham, ligavam para matar a saudade, na quinta e sexta esperávamos, enlouquecidos, para o tão aguardado sábado. A beleza estava na espera. Pensávamos se íamos a algum baile, na casa de um amigo, se veríamos filme ou passearíamos para ver um futebol, brigando com o relógio para que as horas fossem intermináveis ou, ao menos, demorassem a passar.
Assim era também quando tínhamos desejo de pedir algum presente. Quem nunca esperou o Natal ou o aniversário pra ganhar o que pediu? Pra mim, sonho era sair com meus pais e comer cachorro-quente. Fazíamos isso muito de vez em quando, em um fim de semana ou na volta da praia, quando parávamos no estacionamento do Titton’s e eles entregavam o lanche no vidro do carro para comermos ali mesmo.
Pena que muita coisa perde a graça e o valor depois de conquistados. Por isso, a espera é doce! O que me deixa indignada é que, hoje, as nossas crianças não sabem mais esperar. Se você diz que o presente vem no Natal, eles esperneiam, choram mimados, e pedem pra vó ou pra tia. Parece crime ter de aguardar.
Ninguém mais fica na fila, depois de juntar 20 selos, debaixo de um sol de rachar pra trocar os animais da Parmalat, por exemplo. Ninguém mais sabe o anseio pelo CD que acabou de lançar e juntar dinheiro, aguardando para comprar.
E é assim com absolutamente tudo. Com a ida à praia que era uma vez ao ano, com o Kinder Ovo, que era uma vez a cada morte de Papa, com andar de avião, com ganhar roupa nova, materiais escolares, viajar pra ver parentes. Festa de aniversário, então, era uma vez na vida. Nos outros anos, era enrolar brigadeiro da lata de mercado na mão untada com margarina, com simples comes e bebes na mesa e cantando parabéns.
Talvez por isso dávamos valor a cada espera, conformados de que se contavam os dias para viver na felicidade. Quem nunca ganhou um brinquedo esperado e depois de umas horas o largou em um canto, já pensando no próximo Natal?
Que saibamos ensinar as crianças de hoje a esperar, que sejamos felizes com o presente de hoje, pois ontem virou história e amanhã é sonho. Que eles possam sentir o gostinho do desejo de esperar e que nós, adultos da história, possamos dizer “hoje não temos dinheiro, mas no Natal você pode pedir e talvez ganhar”.
É justo que muito custe o que muito vale. Esperar é uma dádiva. Tem gostinho de esperança. Quem ganha tudo a hora que quer, perde a graça, não lida com frustração e perde o mais belo de tudo: fica sem história!
Não vejo a hora que chegue sábado pra eu poder namorar…