Dentre as inúmeras novidades e surpresas que os imigrantes iam tendo, à medida que chegavam e desbravava a serra gaúcha, sem dúvidas, o PINHEIRO foi o que mais lhes prendeu a atenção, tanto pelo aspecto, como pela sua incalculável quantidade. Ele, com esse diadema perpétuo, deveria ter recebido o justo título de Rei da Floresta. Os imigrantes nem imaginavam como essa encantadora e abençoada planta lhes seria tão proveitosa, benéfica e amiga. Por sua vez os pacíficos pinheiros, com seus enormes galhos de alegria da mata nativa, procuravam festejar e brindar a chegada dos imigrantes, nem suspeitavam que estivessem recepcionando seus inimigos, os seus depredadores, os seus exterminadores. De fato, subsistem poucos sobreviventes. Esses titãs das matas, depois de prostrados horizontalmente no chão pelo persistente trocador e pelos golpes de machados, tiveram seus troncos dissecados em milhares de pedaços, que recebiam os mais diversos destinos: Uns iam servir para fabricar casas, outros para construir igrejas, outros escolas, outros pontes, uns para sustentar parreirais, outros para confeccionar móveis, uns para fabricar berços de bebês e outros para fabricar caixões…
Tudo se aproveitava dessa planta. O truncado toco, as robustas raízes e a polpuda casca para a adubação do solo. A grossa e camada cortiça foram utilizadas para revestir barracos improvisados nas roças a fim de proteger os agricultores dos castigantes raios solares e das chuvas. Os galhos utilizados para o fogo, para cozinhar os alimentos. Para acender o lume matinal, nada se compara as espinhosas grimpas. Substancioso alimento foi fornecido pelos saborosos pinhões. Todos os anos, nos meses de inverno, os generosos pinheiros presenteavam com muitos pinhões, que eram comidos no café ou em lugar do café da manhã, ao meio-dia, à tarde e a noite. A maneira de prepará-los podia ser: fervidos n’água, torrados no forno ou tostados sobre a chapa. Na roça, os agricultores costumavam fazer a “sapeca”: amontoavam as grimpas do pinheiro, largavam por cima os pinhões, em seguida ateavam fogo. Em poucos minutos os pinhões estavam saborosos.
Como o pinheiro só frutificava uma vez por ano, os imigrantes aprenderam a guardá-los para outros meses. Em certos anos, os frutos dos pinheiros eram tantos que muitos agricultores alimentavam os porcos.
No poema “O PINHEIRO” – Se traduz o quanto é importante à valorização:
“Quando nossos antepassados chegaram a estes montes e vales, tu Pinheiro, te encontravas em toda a parte, apresentando-lhes as boas vindas. Os imigrantes comiam os teus frutos, os pinhões. E com teus nós se aqueciam; foi um verdadeiro amigo, ajudando no início. Com tuas tábuas, erguiam igrejas e campanários. Estavas sempre ao lado da nossa gente, do berço ao túmulo. Foste e és tão bom e bonito. Eu te agradeço, querido pinheiro”- A.D. LORENZATTO.