O curso vai ser ofertado por meio de uma associação entre unidades do Instituto Federal do Rio Grande do Sul e o de Santa Catarina
O Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS), Campus Bento Gonçalves, vai ofertar o primeiro mestrado em Viticultura e Enologia do país. De acordo com o diretor-geral da instituição, Rodrigo Otávio Câmara Monteiro, é grande a importância deste curso profissional, pois trata-se de um dos pilares da economia local. “Isso tem total vinculação com a região, por conta do setor da vitivinicultura. Obviamente essa proposta visa dar oportunidade para os profissionais que atuam na área, de uma continuidade na qualificação, muito voltada para as tecnologias e inovações”, afirma.
A proposta foi aprovada pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). O mestrado será ofertado por meio de uma associação entre as unidades do Instituto Federal de Bento e o de Santa Catarina (IFSC). Segundo Monteiro, o compartilhamento de informações entre quem já está atuando no campo de trabalho da vitivinicultura dentro da sala de aula, possibilitará uma construção conjunta de conhecimento. “Vai ter muita troca de experiências, pois vão vir profissionais de outras regiões, e também de fora do país, possibilitando aumentar o nosso senso crítico, ver o que pode ser melhorado. Vamos entrar para a parte de gestão, do empreendedorismo”, aponta.
A proposta pretende ofertar 20 vagas anualmente, por instituição. O que totalizaria 40 estudantes entre Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Entretanto, algumas etapas ainda precisam ser concluídas para que a oferta inicie. Monteiro explica que ainda é necessário passar por aprovação em Brasília, com a assinatura do ministro da Educação, e que possivelmente o primeiro processo seletivo será em 2021. “Vai passar por uma homologação no Conselho Nacional de Educação (CNE), depois para a aprovação do Executivo Federal, o que pode levar um tempo”, explica o diretor.
Em nota, o pró-reitor de pesquisa, pós-graduação e inovação do IFRS, Eduardo Girotto, afirma que a aprovação do curso representa uma conquista para a instituição, em especial para a Serra Gaúcha. “Esse mestrado é o primeiro do Brasil nesta área do conhecimento e proporcionará mais uma oferta qualificada de formação em nível de pós-graduação para a sociedade. Essa conquista certamente abrirá novas portas e demonstra a capacidade e o potencial de oferta de programas de pós-graduação de excelente qualidade no IFRS, com grande alinhamento com o mundo do trabalho e que proporcionará a verticalização dos cursos já ofertados no Campus Bento Gonçalves”, garante.
Curso vai auxiliar na evolução da vitivinicultura em Bento
Voltado para a área, Monteiro afirma que o campus tem história há mais de 60 anos. “Desde a década de 50, com a criação de curso técnico, depois, na década de 90, a gente evoluiu para os cursos de graduação. Nos anos 2000, entramos para a pós-graduação, e agora, culminou com um mestrado esse ano, e quem sabe um doutorado daqui a algum tempo”, acredita.
O enólogo-chefe da vinícola Aurora, Flávio Zílio, explica que fez o curso técnico e o tecnólogo no IFRS. “Lá no passado só tinha o técnico, depois o superior e agora, felizmente, se implantará o mestrado. É uma trajetória que se equivale ao desenvolvimento da vitivinicultura na Serra Gaúcha e recebo essa notícia com muita alegria. Não tenho dúvidas que os profissionais que fizerem o curso vão sair muito mais preparados do que antes”, destaca.
Zílio afirma também que o conhecimento é importante para o progresso do setor. “Esse curso ajuda no desenvolvimento dessa área, que é globalizada e necessita de cada vez mais conhecimento para que a qualidade de vinhos e sucos continuem se mantendo em crescimento. É muito positivo, espero que seja o melhor possível, porque a região precisa disso”, conclui o enólogo-chefe.
Nova proposta
O IFRS já havia efetuado a tentativa de desenvolver o curso de mestrado anteriormente, em 2015. Entretanto, a Capes não aprovou a proposta emitida.
Buscando a aprovação, entre os anos de 2017 a 2019 foi organizada a nova proposta, aprovada recentemente. Segundo o professor Monteiro, a negativa inicial foi uma oportunidade para analisar o que poderia ser melhorado. “Ela passou a ter um olhar multidisciplinar, mais transversal. Começou-se a pensar mais na questão da gestão e do empreendedorismo, das tecnologias, das inovações. Outro diferencial está no caráter associativo da proposta, de fazer junto com outro campus. Acho que foi um diferencial, juntar forças para uma proposta nova”, afirma.
Quem pode fazer o mestrado?
De acordo com o IFRS, podem participar do novo curso os profissionais graduados nas áreas de Ciências Sociais Aplicadas ou Ciências Agrárias, com experiência comprovada no Setor vitivinícola em atividades vinculadas à viticultura, enologia, enoturismo ou gestão vitivinícola.
Monteiro explica sobre as duas linhas específicas de atuação do mestrado. “Uma é tecnologias em viticultura e enologia e a outra é focada na parte de desenvolvimento e sustentabilidade da vitivinicultura”, finaliza.
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