Home office e aulas online aqueceram a demanda no varejo. Paralelamente, há falta de matéria-prima e de reposição nos estoques
Não foram apenas as máscaras cirúrgicas e os frascos de álcool em gel que se tornaram produtos cobiçados pelos consumidores em tempos de pandemia e isolamento social no mundo todo. O comportamento do e-commerce brasileiro segue a mesma tendência.
A reportagem do Jornal Semanário percorreu as ruas centrais da cidade para avaliar o comportamento do comércio no que diz respeito às vendas de eletroeletrônicos, no momento de pandemia da Covid-19. A resposta foi unânime: cresceu, principalmente o consumo de televisores, celulares e notebooks, indo de 40% a 80%, com o pico em uma delas de 300%. Isso se deve ao isolamento social, com as famílias procurando mais conforto em seus lares, e ao advento das aulas escolares de forma online.
No mês de junho, o estado do Rio Grande do Sul começou a implantação da educação remota na rede estadual de ensino. Já as municipais passaram a utilizar plataformas conectadas com a internet para dar continuidade ao ano letivo ainda em maio. É neste período que se constatou um aumento na procura por equipamentos de informática e telefonia.
Contudo, mesmo com a grande procura houve queda na produção de matéria-prima e, consequentemente, caiu a reposição, nas prateleiras. O gerente de uma loja de departamentos afirmou que “enquanto tinha produto, o setor estava bem aquecido, até aumentando. Porém, os fabricantes não estavam preparados para a demanda”, observa.
O que facilitou também as compras foram o auxílio emergencial do governo federal e a pausa nos financiamentos habitacionais da Caixa Econômica Federal. “Muitos compraram com o aplicativo Caixa Tem. Utilizaram o dinheiro para fazer compras de eletrônicos”, cita outro gerente. O mesmo cenário é visto em estabelecimentos de venda e assistência técnica em informática. O diretor comercial da Cia do Micro, Rafael Somensi, aponta que a comercialização de equipamentos de informática caíram 10%. “Em abril, junho e agosto foram os meses que mais notamos a queda”, confirma.
Já o diretor da Impretec, Marco Antônio Fracalossi, revela que o faturamento da empresa teve um acréscimo de 40% nos últimos três meses. “O serviço de conserto também cresceu, assim como a busca por impressoras e suprimentos, fomentando a parte de varejo, por conta do home office”, afirma. “Com a questão do home office teve uma procura muito grande, fazendo com que nos últimos dois, três meses, fosse maior. No início (da pandemia) o pessoal ficou receoso, não sabia como ia lidar com a situação. Então, quando perceberam que as escolas não iriam voltar tão cedo, e teve um movimento de fazer aula online, aí começou a aquecer realmente, fazendo com que faltasse abastecimento desses produtos. Consequente, o produto ficou desvalorizado e tivemos uma busca e venda maior”, conclui.
Postos de trabalho
Sem nenhuma surpresa, a crise também afeta empregos. Na contramão de lojistas, dados do Novo Cadastro Geral de Empregos e Desempregados (Caged), em Bento Gonçalves, apontam que o Comércio Varejista de Equipamentos e Suprimentos de Informática e de Telefonia e Comunicação geraram 11 e 36 postos de emprego, respectivamente. No entanto, fecharam 23 e 43, deixando um saldo negativo de 19. O mês que aponta mais desligamentos é março, para ambos os setores, mês em que estourou a pandemia da Covid-19.
Fotos: Franciele Zanon