Vindo de uma família pobre, Jovelino Gritti trabalhou para dar uma vida melhor aos filhos
Gestos significam mais que palavras. É isso o que a família de Jovelino Gritti, 74 anos, pai de quatro filhos, lembra sobre os anos de convivência no interior.
Nas lembranças do aposentado, estão os anos fazendo trabalho na roça e convivendo com as privações pela falta de dinheiro, mas mesmo assim deixando um legado para se orgulhar. “Eu me lembro desde o dia que eles nasceram. A gente era pobre, mas um pai sempre tem que criar com carinho os seus filhos”, explica Gritti.
Tendo como exemplo a própria infância, o pai, que hoje também é avô e bisavô conta que o pouco estudo e a falta de oportunidades serviram de inspiração para tentar dar aos filhos uma vida com mais qualidade. “Quando eu comecei no colégio meu caderno era quadrinho de gesso, no fim, a gente não aprendeu nada. Eu não queria que eles passassem o que eu passei, por isso, para dar o meu melhor, a gente trabalhava bastante”, lembra.
Porém, mesmo com todas as dificuldades, Gritti acredita ter sido mais fácil educar crianças no interior e com mais restrições, do que no mundo atual. “Naquele tempo foi difícil, mas ainda era melhor do que hoje, porque era tudo mais simples, não existia tantas doenças como agora, os filhos obedeciam aos pais, tinham respeito. Na época não tinha drogas, morávamos no interior”, conta.
Sem outra opção de renda e tendo que trabalhar junto com a esposa para levar o sustento à família, não havia outra alternativa, se não levar as crianças para acompanhar os dias de trabalho. “Quando tivemos a mais velha, não tinha quem cuidar dela. A gente ia para a roça, levava um cesto com uns forros dentro, colocava na sombra e deixava um cachorro deitado do lado para vigiar”, afirma o aposentado.
Com os filhos e sem um carro para a locomoção, a saída era levar as crianças para a casa dos avós caminhando aos finais de semana. “Quando precisava que ir à cidade não tinha carro, eram seis quilômetros a pé. A gente levava as crianças no colo e as mochilas nas costas para passarmos o sábado e o domingo”, diz.
Para a família, o que mais importa são os valores compartilhados. “Mesmo nas condições que a gente teve, foi passado o mesmo sistema que vivemos. Ensinamos a participar da religião, eventos na comunidade, trabalhar e ser honesto”, relata Gritti.
A companheira de vida, Nilza Fachi Gritti, retrata como foi para o pai se despedir dos filhos, depois que se tornaram adultos. A lembrança é de quando a filha caçula foi embora, aos 16 anos, para fazer faculdade. “Eles foram saindo de casa, a última foi a mais nova, Sheila. Depois que ela foi embora, me lembro de procurar o Jovelino pela casa e não encontrar, quando fui ver, ele estava deitado na cama dela”, recorda a mãe.
Hoje, 48 anos após o nascimento da primeira filha, a sensação do pai é de dever cumprido. “Me sinto muito feliz com os meus filhos porque eles nunca me deram desgosto, sempre foram obedientes. No fim de semana a gente se junta. A maior felicidade é quando estamos arrumando as coisas porque os filhos estão vindo”, conclui Gritti.