Quantidade de cadastros de famílias no CRAS dobrou. O projeto Casa Pão dos Pobres passa a doar sete toneladas de alimentos mensalmente
Em Bento Gonçalves, instituições realizam trabalho social para pessoas em situação de vulnerabilidade. A principal procura das famílias carentes é por alimentação, além de roupas e cobertores para o inverno. Dentre as entidades que fazem doações, estão a Secretaria de Esportes e Desenvolvimento Social (SEDES), o projeto Casa Pão dos Pobres, da Paróquia Santo Antônio e o Centro Espírita Lar da Caridade.
De acordo com o secretário interino da SEDES, Wagner Dalla Valle, em março, foram atendidas 1.422 famílias por meio dos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) do município. Em abril, porém, a quantidade de atendimentos subiu para 2.892, mais que o dobro do usual. “O fluxo aumentou muito, antes a gente entregava cerca de 300 cestas ao mês. Durante a pandemia, em 100 dias entregamos mais de quatro mil cestas básicas. A doação mensal de alimentos varia da necessidade das pessoas. Os pedidos são feitos pelos três CRAS de Bento, cada qual com a sua região: o CRAS I abrange a área do São Roque; o CRAS II, no bairro Conceição, é onde temos maior número de famílias atendidas e o CRAS III fica localizado no bairro Vila Nova”, afirma o secretário.
As ações voluntárias de arrecadação de alimentos, produtos de higiene e roupas são importantes para que os trabalhos tenham prosseguimento. Dalla Valle explica que durante a pandemia, a demanda aumentou. “A gente está fazendo de tudo para que todas as pessoas que procuram os serviços sejam atendidas. Outras doações que realizamos é de kit de higiene, água sanitária, álcool em gel, sabão e roupas. Agora, por exemplo, está tendo a Campanha do Agasalho, a população está sendo auxiliada conforme recebemos os donativos”, esclarece.
Destaque no trabalho voluntário
O voluntariado no município vai além das instituições públicas. O projeto Casa Pão dos Pobres é uma iniciativa da Paróquia Santo Antônio para auxiliar a comunidade carente. Dividido em quatro setores, a Pastoral do Migrante, a Sociedade Beneficente Santo Antônio, o Bazar de Santo Antônio e o Setor das Fraldas, uma equipe com mais de 30 pessoas auxilia na doação de sete toneladas mensais de alimentos, na produção semanal de fraldas, além da arrecadação de roupas e produtos de higiene pessoal.
O padre Ricardo Fontana afirma que, nos últimos meses, a procura da comunidade por doação de alimentos por meio da Pastoral do Migrante aumentou em cinco vezes. “De 1.100 quilos de alimentos, passamos para sete mil quilos. Nos meses de janeiro e fevereiro foram doados 1.100 quilos, em março um pouco mais, cerca de 1.300. A partir de abril, o número foi a sete toneladas. Antes atendíamos cerca de 300 pessoas por mês, agora são 1.500”, conta.
O pároco ressalta também a importância do Setor das Fraldas, criado em 2015, pensado para suprir a demanda de fraldas geriátricas. “Na época, um grupo de voluntários adquiriu uma máquina e, recentemente, compramos outra. Essas doações são para atender algumas pessoas do SUS, do Tacchini, das casas de repouso, enfim, para quem vier buscar as fraldas. Hoje, temos um grupo de mais de 30 voluntárias que fabricam quatro mil fraldas ao mês, com material de boa qualidade. A distribuição acontece todas as segundas-feiras”, diz.
As ações realizadas por voluntários da Paróquia englobam muitas necessidades, inclusive a de amparar as famílias no inverno. “Temos outro setor dentro da Casa Pão dos Pobres, que começou há cerca de dois anos, que é o Bazar de Santo Antônio, onde as pessoas entregam roupas. Doamos também materiais de higiene, como escovas de dentes, creme dental, itens que algumas pessoas têm dificuldade para comprar”, destaca Fontana.
Outra instituição importante, tratando-se de voluntariado, é o Lar da Caridade, localizado no bairro São Francisco. Um dos principais trabalhos realizados pela entidade é a distribuição de almoços, de segunda à sábado. Segundo a presidente do Lar, Erci Grapiglia, cerca de 200 refeições são doadas, diariamente.
Aproximadamente 300 famílias são atendidas mensalmente, com a dinâmica de doações de alimentos, roupas, gás de cozinha, remédios e fraldas. “São pessoas que têm crianças em casa, deficientes ou idosos acamados. Oferecemos esse tipo de acompanhamento, socorrendo até com medicação, da forma que podemos. Nós desenvolvemos, também, há pouco tempo, a campanha do cobertor. Na verdade, o Lar da Caridade é uma entidade que não é limitada a umww serviço, a gente acaba sendo o socorro dos necessitados”, afirma Erci.
Mais um trabalho importante realizado pela instituição é a possibilidade de banho para os moradores de rua. “Em média são 40 ao dia, onde a gente também dá a roupa”, observa a presidente.
Toda atividade voluntária realizada na cidade depende do auxílio da população, o que Erci diz ser essencial. “Graças a Deus a gente só tem a agradecer. A comunidade tem sido muito parceira do Lar da Caridade”, finaliza.