Sem saber quantas vidas salvou, quantos acidentes já atendeu ou simplesmente quantos problemas evitou que se tornassem muito maiores, Mauro Martins Carvalho, o sargento Carvalho, que atua há 17 anos no Corpo de Bombeiros Militar de Bento Gonçalves, tem uma certeza: escolheu a profissão justamente com o objetivo de ajudar o próximo. É para homenagear profissionais como ele, que o dia 2 de julho ficou marcado como o dia Nacional do Bombeiro Militar.
Ao falar da profissão, Carvalho afirma que poucos dos que entram, querem trocar. “A gente se apaixona por ser bombeiro, a gente se apaixona por ajudar o próximo”, destaca. O Sargento acrescenta que a importância do trabalho está no ato de socorrer a população no momento em que mais precisam. “Quando todo mundo está fugindo de um incêndio, nós estamos indo ao encontro. Ou quando as pessoas ficam, às vezes, apavoradas com um acidente, nós vamos lá e atendemos”, enfatiza.
Já o Pablo Guerra Maria, chamado de sargento Guerra, que atua há 10 anos como bombeiro, frisa que embora considere uma profissão como qualquer outra, essa tem um diferencial: “Trabalhamos relacionado diretamente com a vida das pessoas. Vamos salvar o patrimônio, a casa que está pegando fogo, mas também vamos salvar vítimas”, afirma.
Uma ocorrência marcante
Embora tenha realizado muitos atendimentos e salvo inúmeras vidas, um desses momentos ficou gravado na memória de Carvalho. Segundo ele, as ocorrências com crianças são as que mais tocam. “A história que mais me marcou foi de uma família que se acidentou na Linha Alcântara. Tivemos a perda de uma menina de uns dez anos e do pai também. Sobreviveram a mãe e a outra filha, de uns dois anos. Eles eram de fora e acabamos tendo um envolvimento maior, fomos visitar no hospital”, recorda.
O sargento Guerra também tem uma história de salvamento que dificilmente vai esquecer. Também envolve uma criança. “Foi o engasgamento de um bebê de uns dois meses. Conseguimos atender e orientar os pais por telefone e eles conseguiram realizar os procedimentos que a gente passou. Ao mesmo tempo, a ambulância estava se deslocando para lá, mas quando chegou, eles já tinham conseguido resolver”, relembra.
Estrutura
A corporação do município foi instalada em outubro de 1954, com o nome de Estação n° 10 da Corporação Brigada Militar. Ao todo, são mais de 60 anos de serviços prestados à comunidade bento-gonçalvense. Naquela época, o efetivo contava com 12 profissionais e um caminhão Auto Bomba Tanque.
A realidade atual é diferente. Hoje, são 37 bombeiros que fazem parte da equipe. Desses, 35 são considerados ativos. Os outros dois fazem parte do Programa Mais Efeito, destinado para quem já se aposentou, mas quer continuar atuando. Além disso, os profissionais têm quatro caminhões para combater incêndios; dois veículos de salvamento e resgate; sete veículos leves; duas motocicletas para execução de prevenção de incêndios e um veículo de comando.
De acordo com o sargento Guerra, o quartel do município é considerado atípico. “Temos muita estrutura. Estamos sempre adquirindo equipamentos e evoluindo. O Centro de Treinamento da Serra Gaúcha só tem aqui, depois em Porto Alegre, então já é uma referência”, destaca.
O Centro de Capacitação e Treinamentos é um local onde são realizados os treinamentos das turmas de novos profissionais. Atualmente, 22 novos alunos estão com um curso em andamento. A previsão de conclusão é para dezembro desse ano.
Mais autonomia
Em 18 de março de 2014, o então governador do Estado, Tarso Genro, assinou a PEC 232, que desvinculou o Corpo de Bombeiros da Brigada Militar. Com isso, na prática, segundo Carvalho, as demandas chegam mais rápido. “Antes, tinha um canal longo para percorrer as demandas”, analisa.
Outra mudança que Carvalho relata é referente a legislação de prevenção de incêndios. “Com a desvinculação, conseguimos ter algumas mudanças na legislação, que ainda estão ocorrendo. É recente, estamos em fase de adaptação, estudando, melhorando para a comunidade. Estamos procurando simplificar para ser mais rápido e ter menos custo”, antecipa.