Instituições passam por dificuldades financeiras após o decreto que determinou a paralisação das aulas
A suspensão das aulas presenciais em Bento Gonçalves aconteceu no dia 19 março, por meio da primeira determinação do Executivo por meio de decreto municipal. Alguns dos maiores prejuízos têm sido para as escolas infantis particulares da cidade.
De acordo com Paula Araújo, pedagoga e proprietária da Escola Infantil Officina da Criança, os impactos financeiros para o estabelecimento são grandes e as reservas financeiras já estão esgotadas. “As escolas da rede particular com menos alunos deveriam reabrir, pois as crianças estão mais seguras com a gente do que com cuidadoras. Também considero que esse seja um serviço essencial. Além disso, temos 19 funcionários, mas não estamos conseguindo pagar toda a equipe. Estamos vendendo pães, capeletti e tortéi para cumprir parte dos salários”, afirma a pedagoga.
A crise econômica fez com que alguns pais cancelassem as matrículas dos filhos. André Zardo, pai de aluno de uma das escolas privadas da cidade, afirma que não é possível continuar efetuando o pagamento das mensalidades sem que o filho vá às aulas. “Cancelamos porque minha esposa ficou sem trabalhar e tinha tempo para cuidar dele. Outro motivo foi que mesmo com a escola fechada, ainda teríamos que desembolsar R$ 500,00 por mês. Achamos injusto, então cancelamos a matrícula. Fizemos isso com dor no coração, mas nossa renda diminuiu e pagar para ficar em casa com ele não adianta”, diz o ourives.
Segundo a Secretaria Municipal de Educação (Smed), das crianças de zero a três anos atendidas pelo município, 685 utilizavam vagas compradas em escolas privadas até o momento da suspensão das aulas. Como forma de ajudar essas instituições, o governo criou projeto de antecipação dos valores contratados. A secretária da Smed, Iraci Luchese Vasquez, diz que o benefício se refere “aos serviços prestados pelo fornecimento de vagas de turno integral nas escolas infantis particulares, limitada a 50% do valor de cada vaga”. Pelo projeto, “a antecipação será paga mensalmente, enquanto durar a suspensão das aulas”, explica.
O prefeito Guilherme Pasin afirma que o fechamento das escolas é uma forma de assegurar a proteção das crianças, que também estão suscetíveis ao vírus, “ao contrário do que se dizia no começo (da pandemia). É algo muito delicado, em primeiro lugar porque nós estamos tratando de crianças. Também é importante compreender que o calendário escolar é regido pelo governo do estado. Ao município não cabe qualquer tipo de flexibilização de atividade educacional regular”, esclarece.