O crescimento moderado da economia brasileira em 2014 não afetou o otimismo dos supermercadistas com relação às vendas de fim de ano no Rio Grande do Sul. É o que mostra estudo encomendado pela Associação Gaúcha de Supermercados ao Instituto Segmento Pesquisas e divulgado nesta segunda-feira, 27 de outubro, pelo presidente da Agas, Antônio Cesa Longo, que aborda Natal e Ano Novo na perspectiva de consumidores e supermercadistas. A pesquisa, que ouviu 200 consumidores de 18 a 65 anos de diferentes classes sociais, entre 3 e 13 de outubro, e 20 diretores de empresas do setor de todos os tamanhos e regiões do Estado, mostra que os empresários do setor projetam um crescimento nominal de 6,6% nas vendas em relação ao Natal e Ano Novo de 2013.
O que ficará nos caixas do setor
A pesquisa do Instituto Segmento avaliou as intenções de compra, as projeções de vendas e as variações de preços de 21 itens de alta procura no período festivo de fim de ano. Do total destes produtos avaliados, 15 serão comprados majoritariamente em supermercados e, em média, 49,9% dos gastos totais dos entrevistados com as festas de final de ano vão ficar nos caixas do setor. Entre os 200 consumidores ouvidos, o gasto médio em supermercados será de R$ 514,01 para o Natal e o Ano-Novo.
Segundo estimativas da Agas, os supermercados gaúchos vão absorver cerca de R$ 2 bilhões dos cerca R$ 9,5 bilhões a serem injetados na economia gaúcha pelo 13º salário.
Os gastos dos consumidores
Além dos produtos alimentícios e bebidas, os supermercados também são o local escolhido para as compras de presentes por muitos gaúchos. “A proximidade de casa e as facilidades de pagamento são fatores decisivos para estas pessoas que optam por comprar presentes no setor. Os supermercados vão apostar em brinquedos menores e mais baratos, como carrinhos e bonecas, que sempre caem no gosto das crianças”, explica Longo. Segundo os dados do Instituto Segmento, 33,5% de todos os presentes vão ser comprados em supermercados. “Neste caso, os supermercados ganham força na semana imediatamente anterior ao Natal, quando os consumidores vão em busca de presentes menores para amigos, colegas, sobrinhos e outras pessoas do seu convívio. Metade dos presentes comprados na véspera do Natal será adquirida nos supermercados”, projeta o supermercadista.
No caso dos alimentos e bebidas para as festas, 88% dos itens serão adquiridos nas lojas do segmento supermercadista.
Mais quantidade, menos valor agregado – O maior endividamento dos consumidores resultará, também, na procura por presentes de menor valor. Segundo a pesquisa do Instituto Segmento, os gaúchos estão, entretanto, dispostos a presentear mais pessoas nas festas de 2014: cada entrevistado vai presentear em média seis pessoas – enquanto em 2013 a média era de quatro contemplados com presentes por cada consumidor. “Ainda que esteja mais atento aos gastos, o consumidor quer festejar e segue agraciando as pessoas do seu convívio com presentes”, projeta Longo, destacando que o preço médio dos presentes adquiridos em supermercados ficará em R$ 15.
Questionados sobre quais são os fatores preponderantes para a escolha do seu supermercado, 41% dos gaúchos apontam os preços baixos como principal atrativo; 34,5% o bom atendimento; 14% apostam na variedade dos produtos; e 10,5% valorizam as lojas mais bonitas e bem ambientadas.
O que não pode faltar – Questionados sobre o que não pode faltar nas festas de fim de ano, os consumidores apontaram para diferentes produtos em cada celebração. Os itens mais lembrados seguem os mesmos das festas de 2013, o peru no Natal e o espumante no Réveillon.
Mais compras à vista – Com relação aos meios de pagamento, a pesquisa mostra que os gaúchos estão preferindo pagar à vista suas compras: mais da metade dos consumidores apontaram que efetuarão suas compras com dinheiro ou cartão de débito. O pagamento com cheque é um comportamento ultrapassado – menos de 1% dos entrevistados vão pagar desta forma.
As projeções dos supermercadistas
Otimistas, os supermercadistas gaúchos projetam um crescimento de 6,6% nas vendas de Natal e Ano Novo, na comparação com o ano passado. As vendas específicas para as festas deverão representar 17,4% do faturamento total dos supermercados em novembro e dezembro. Segundo a pesquisa, 50% dos supermercados pretendem fazer algum tipo de promoção neste período festivo, seja com ofertas em catálogo ou com o sorteio de prêmios. As expectativas dos empresários dão conta de que as bebidas, sobretudo refrigerantes e cervejas, vão ultrapassar a carne bovina e as aves natalinas (frangões, perus e chesters) como os itens mais vendidos pelos supermercados nas festas de fim de ano.
Entre os itens que terão maior crescimento percentual em vendas, na comparação com 2013, destacam-se os produtos alimentícios (+11,3%), as cervejas (10,7%) e os refrigerantes (+9,9%).
Carnes estão mais caras
Em média, os preços dos produtos típicos das festas estão 5,5% superiores aos praticados no ano passado. O principal “vilão” será a carne suína, com alta média de 11,8%. Os cortes bovinos de carne (+10,7%), a cerveja (+9,0%) e os refrigerantes (+6,1%) são outros produtos que despontam entre os que mais subiram de preço na comparação com as festas de 2013. “Entre os brinquedos, o cálculo é difícil, já que 80% dos itens vendidos são lançamentos, pela necessidade do setor identificar o personagem da moda ou o super-herói favorito das crianças no momento”, pontua o presidente da Agas.
Mais detalhes das festas de 2014
Espumantes – Os dados do Instituto Segmento mostram uma expectativa de crescimento de 6,2% nas vendas dos champanhes e espumantes. No total, os supermercados gaúchos deverão vender 4,8 milhões de garrafas de espumante – 95% delas produzidas no Brasil.
Panetones – Cerca de 4 milhões de unidades de panetones serão vendidas pelos supermercadistas neste fim de ano. Os altos custos de produção e as dificuldades de mão de obra novamente vão alavancar a venda de panetones industrializados ante os artesanais, que neste ano serão apenas 8% do total comercializado. “O gaúcho é o maior consumidor per capita de panetone do País, e deverá absorver 12% da produção nacional”, lembra Longo.
O incremento na venda se dá pela antecipação da exposição deste produto, que iniciou em 1º de setembro na maioria das lojas. “Neste ano, os supermercados apostam na variedade de opções para contemplar todos os consumidores deste produto. A variação de preços de um panetone para outro pode ser de até 500%”, destaca Longo.
Aves natalinas – Devido a um aumento na margem do ICMS calculada pelo Governo sobre estes produtos, as aves natalinas (perus, chesters, frangões, etc.) ficarão mais caras no Rio Grande do Sul do que no restante do País, com uma alta de 19% no preço em relação às festas de 2013. Com o aumento nos preços, as vendas de aves deverão cair em média 5% neste Natal. “Ainda esperamos que o Governo corrija esta distorção na substituição tributária das aves a tempo, já que este é apontado como o produto que não pode faltar na mesa dos gaúchos no Natal pelos consumidores”, lembra Longo. Ao total, 850 mil aves (ou 2,7 mil toneladas) serão vendidas pelo setor.
Outros itens típicos
Carnes – Com uma alta de quase 12% nos preços, a carne suína perderá espaço para a bovina nas festas de 2014. Os cortes bovinos deverão representar 60% do total da venda da sessão de açougue neste Natal e Ano-Novo, com um crescimento de 9,8% na comercialização.
Bombons – Tradicionais presentes de última hora, os bombons voltarão a ter crescimento no fim de ano de 2014 – a estimativa da Agas é de que pelo menos 6,1 milhões de caixas sejam comercializadas pelo setor, com um crescimento de 5,7% nas vendas em relação ao ano passado.
Os supermercados estão apostando também na alta procura por cestas de Natal, outra opção de presente do setor. “Neste caso, o crescimento esperado é de 5%”, afirma Longo.
Importados – Ainda que 35% dos supermercadistas ouvidos tenham revelado que aumentaram a compra de produtos importados para as festas de 2014 em relação ao ano passado, os produtos oriundos de fora do Brasil vão representar somente 2,2% das vendas dos supermercados em novembro e dezembro. Os itens mais procurados deverão ser o bacalhau, as frutas cristalizadas e secas, as azeitonas e as bebidas alcoólicas.
Presentes e brinquedos – Com uma venda de brinquedos abaixo da esperada no Dia das Crianças, os supermercados reabasteceram seus estoques focando em produtos licenciados e de menor valor agregado. “O setor está focado em carrinhos e bonecas, além de jogos e brinquedos educativos da indústria gaúcha”, explica Longo, lembrando que 70% dos brinquedos vendidos deverão ser importados. “Neste caso, o varejista de sucesso será aquele que identificar o grande personagem da moda, que está na cabeça das crianças”, lembra.
Vagas temporárias – Um em cada três supermercadistas ouvidos trabalham com funcionários temporários nas festas de fim de ano. Destes, 57,1% pretendem aumentar o número de funcionários temporários em relação ao ano passado, neste período.
No total, deverão ser criadas 4,3 mil vagas temporárias de emprego no setor para o período de Natal, Ano-Novo e veraneio. “Pelo menos 20% destes funcionários deverão ser efetivados”, projeta o presidente da Agas.
Balanço do ano – De acordo com os dados apurados pelo Instituto Segmento, o setor supermercadista gaúcho espera fechar o ano com um crescimento nominal na casa dos 6,6%. Segundo 75% dos supermercadistas ouvidos, a qualidade é o critério preponderante para os consumidores na escolha dos produtos no ponto de venda. Para 95% dos empresários do setor, o consumidor gaúcho ficou mais exigente nos últimos 12 meses.
O setor supermercadista gaúcho deverá finalizar o ano com:
Faturamento: R$ 23,9 bilhões
Nº de lojas: 4,4 mil
Nº de empregados diretos: 92,3 mil
Os itens que mais cresceram – Conforme os supermercadistas ouvidos pelo Instituto Segmento, os itens que mais se destacaram em vendas em 2014, até agora, foram ventiladores, inseticidas, iogurtes naturais, sorvetes e picolés e espumantes.
As principais reivindicações do setor – Questionados sobre quais as principais dificuldades do setor, os supermercadistas apontaram quatro itens como primordiais: a alta carga tributária (15%), as dificuldades de encontrar mão de obra qualificada (10%), vencer a concorrência (10%) e a infidelidade dos clientes (10%).
Projeções para 2015 – O estudo do Instituto Segmento mostra que 70% dos supermercadistas pretendem ampliar ou reformar lojas em 2015.
Com o endividamento das famílias e consumidores cada vez mais atentos e cautelosos, a expectativa é de que o crescimento real do setor para 2015 varie de 3% a 5%.