Não há mágica quando o assunto envolve números. E números, quando se exercita a matemática, não permitem dúvidas quanto aos resultados.
Dentro desta lógica deve ser encarado o projeto que tramita desde abril passado na Câmara de Vereadores de Bento Gonçalves, de autoria do Executivo Municipal, propondo a troca de duas áreas que hoje pertencem ao patrimônio público por outras três, de empresa privada.
São terrenos de localização e condições de topografia diferentes, com áreas díspares quando é olhado o que vai ser entregue pela Prefeitura — mais de 36 mil metros quadrados — e ser recebida, menos de 10% disso.
Mas há interesses que devem ser considerados para chegar a uma decisão justa. A Prefeitura tem interesse claro em terreno de empresa privada que fica nos fundos da Escola Princesa Isabel. E a empresa Lex Empreendimentos Imobiliários manifesta desejo evidente por imóvel próximo do Loteamento Fátima
Importantíssimo observar que avaliação feita por perito da municipalidade — não se trata, portanto, de alguém que pudesse servir a interesses escusos — indica que embora a área a ser entregue seja infinitamente superior, os cofres públicos levariam uma vantagem direta, financeira, de quase R$ 500 mil.
No rastro dessa permuta, se autorizada pelo Legislativo, ingressariam nos cofres municipais valores do Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis, o ITBI (da comercialização dos terrenos pela incorporadora), e tributos auferidos com a movimentação financeira decorrente dos empregos gerados na área da construção civil e das obras de infraestrutura necessárias ao urbanismo do maior terreno cedido.
Sem contar a possibilidade de o município ampliar as instalações da EMEF Princesa Isabel, com novas salas de aula ou espaços para prática esportiva, melhorando o ensino ofertado à comunidade escolar do bairro.
De positivo, o que se vê no âmbito do Legislativo é um salutar debate em torno de um tema de relevante interesse da comunidade. Há uma exposição de motivos de ambos os lados — contrários e favoráveis ao projeto — subsidiando os parlamentares com informações claras e objetivas para que definam como se posicionarão na hora da votação.
Claro, sem esquecer que a soma de um mais um não é três.