A empresa coletora RN Freitas, diz, porém, que devido à paralisação temporária de algumas empresas, a geração de lixo orgânico diminuiu
Com a pandemia, os efeitos do coronavírus sobre o meio ambiente têm se mostrado positivos em relação à redução dos impactos ambientais. Contudo, pode haver uma maior geração de resíduos domiciliares. Segundo dados da prefeitura, Bento Gonçalves registrou um crescimento de 15% nesse tipo de material, uma vez que o lixo sai, em sua totalidade, de centros de empreendimentos gastronômicos, comerciais e hotéis e migram para os bairros.
Em contrapartida, já que muitas empresas pararam temporariamente suas atividades para evitar a disseminação do vírus, não se gera lixo orgânico. Esse fator fez com que aumentasse o índice de coleta de reciclável em 10% e diminuísse em até 15% para o biológico.
De acordo com o gerente operacional na RN Freitas, empresa licenciada para realizar a coleta, Everton Luís Fraga, “as empresas geram em torno de 30% do lixo orgânico do município. Grande parte não tem cozinha, não tem refeitório, aí baixa bastante. Com essa ‘parada’, a gente perdeu a proporção de 10 a 15%, porque também teve menos desperdício de comida, por exemplo”, explica.
No entanto, a prefeitura aponta que não houve mudanças. “Não tivemos mudança significativa na geração de resíduos, pois, apesar do aumento nos bairros não tivemos mais a geração de resíduo na rota gastronômica”, relata o secretário Municipal do Meio Ambiente, Claudiomiro Dias.
Os bento-gonçalvenses produzem uma média de 100 toneladas por dia de lixo. Destes, 24% são potencialmente reciclados. “Não tivemos alteração nesses índices. Nossas associações (de recicladores) continuaram o trabalho de orientação da necessidade de destinação dos resíduos, tendo um acompanhamento próximo dos agentes de saúde e com a distribuição de EPIs”, destaca Dias.
Na Associação de Recicladores Progresso, o presidente Adriano Luiz Laydens notou uma redução na quantidade de resíduo recebida. “Perto do que vinha antes, diminuiu consideravelmente. Mas, agora está voltando ao normal”, afirma. Devido à baixa na demanda, Laydens precisou liberar funcionários. “Tínhamos seis, dois ainda seguem em casa”, acrescenta.
Descarte ideal
Embora o meio ambiente pareça estar sendo poupado em alguns aspectos, a Covid-19 tem influenciado no aumento do desperdício de lixo hospitalar e do consumo de eletricidade, que acabam por ser também grandes ameaças. “Recebíamos muitas máscaras. Porém, ultimamente as pessoas têm se conscientizado e depositado esse material no lixo orgânico”, observa o presidente da Associação, Adriano Laydens.
Luvas e máscaras devem ser descartadas na coleta domiciliar regular ou nos contêineres para lixo orgânico e rejeitos. O material não deve ser separado para coleta seletiva, destinada a recicláveis, nem ser doado sob hipótese alguma a catadores. “Cuidem com utilização de luvas máscaras, seringas e outros, colocando sempre sem sacolas plásticas bem amarradas e descartar no dia do orgânico”, pontua o secretário Claudiomiro Dias.
Reflexos da pandemia
A diretora do Instituto de Saneamento Ambiental da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Vania Schneider aponta que a questão não é que alterou a quantidade de consumo de alimentos, mas, sim, mudou a fonte onde o resíduo é gerado. “Antes as sobras de preparo alimentício era gerado em grande quantidade, em restaurantes, bares. As pessoas em casa, naturalmente, consomem mais. Há o fator ansiedade, também, somado a isso e, consequentente ‘comem mais’, e talvez estejam consumindo mais produtos industrializados, então aumenta o número de embalagens”, constata.
Consumir produtos in natura, além de ser uma questão de saúde pessoal, alivia a geração de embalagens
Mudanças nos hábitos e na rotina das pessoas podem causar um impacto no meio ambiente. “O impacto está relacionado com a coleta, que aumenta o serviço, mais consumo de combustível para destinar o lixo até o aterro Minas do Leão e, claro, mais resíduo para lá. Por isso que consumir produtos in natura, além de ser uma questão de saúde pessoal, alivia a geração de embalagens”, expõe Vania.
Fotos: Franciele Zanon