O empresário do ramo imobiliário, Rogério Capoani, começou a trilhar sua carreira profissional desde muito jovem. Aos 13 anos já trabalhava com o pai, Dorvalino Capoani (In Memoriam), na área da construção civil.
Do aprendizado com o pai, Capoani partiu em busca de uma profissão. Aos 18 anos já cursava Engenharia Civil na Unisinos, porém, entre o 2° e 3° semestre, percebeu que não era o que queria. “Naquela época abriu um curso de Gestão Imobiliária, um sequencial com formação superior na Universidade de Caxias do Sul (UCS). Fiz esse curso e nele tive a disciplina de Parcelamento do Solo, que me encantou”, lembra.
Após a formação em Gestão Imobiliária, Capoani se especializou em administração de imóveis e em parcelamento do solo, que define como sendo “uma paixão”.
Hoje, Capoani é um dos sócios da BCB Empreendimentos Imobiliários. “É um grupo de quatro empresas, porém a BCB é a principal e faz loteamentos em Bento, Garibaldi, Carlos Barbosa, Farroupilha e Guaporé”, conta.
Recentemente, Capoani assumiu a presidência do Centro da Indústria, Comércio e Serviços de Bento Gonçalves (CIC/BG), gestão 2020-2021. Na entrevista, o empresário relata um pouco da trajetória profissional; da entidade que lidera; de Bento Gonçalves e do país.
Jornal Semanário: Como são seus exercícios de trabalhos comunitários?
Rogério Capoani: Em 2016, meu amigo Guilherme Salton assumiu o desafio de presidir o Clube Esportivo (gestão 2016-2017) e me convidou para integrar a diretoria. Começamos a fazer uma reestruturação dos departamentos. No começo eram 40 crianças e dois professores. No final de 2017, entregamos com 165 crianças e sete professores. Assim começou meu envolvimento social.
Em 2018 ingressei na gestão do Leocir Glowacki, na ExpoBento, como Diretor de Eventos. Em 2019 fui Diretor Geral da feira, a convite do presidente, Elton Paulo Gialdi. Foi um período ímpar porque o Elton, em parceria com a prefeitura, resgatou a Fenavinho, realizada em conjunto com a ExpoBento.
JS: O que o levou a aceitar a presidência do CIC-BG?
RC: Após análise pessoal, conversei com minha esposa, Cibele Tecchio, e ela disse que o que fosse bom para mim estaria junto e isso foi muito importante. Depois, conversei com meu sócio, Carlos Bertuol que tem uma bagagem gigante em todos os sentidos e ele disse que esse tipo de oportunidade acontece uma vez só, no sentido de crescer profissionalmente. Aceitei o desafio e estou feliz.
JS: Qual sua visão do CIC – ExpoBento – Fenavinho – Fundaparque e demais eventos atrelados ao CIC?
RC: O CIC representa o anseio, a necessidade das instituições do município, que depositam muitas expectativas em torno da entidade.
A ExpoBento é o principal produto que dá sustentabilidade econômica e financeira para a entidade.
A Fenavinho, adormecida desde 2011, teve um resgate muito positivo. Quem vai decidir o futuro da Fenavinho (se o modelo mais apropriado é em conjunto ou separada da ExpoBento) é a comunidade, mas o CIC vai liderar o processo.
A Fundaparque é fundamental, mas a dificuldade financeira é enorme. Estamos buscando ações para zelar por esse patrimônio da melhor maneira.
JS: Que transformações pretende levar a efeito em 2020?
RC: Em relação ao CIC, pretendemos fazer uma gestão de sustentabilidade e reforçar a representatividade junto aos órgãos constituídos do município, Estado e país. O comércio vem na carona, prestação de serviços também. Estamos iniciando um plano de ações para essas áreas e em cima disso, começamos a caminhar nas outras situações.
No âmbito político, somos apartidários, mas temos que estar envolvidos com a política a todo momento. Estamos próximos do prefeito, da Câmara de Vereadores, por meio do presidente e de alguns vereadores. Dessa forma, assim alinhados, acredito que tenhamos os resultados que Bento precisa.
Por outro lado, os associados do CIC vão perceber ações que estarão sendo desenvolvidas atreladas a eles.
JS: Sobre a economia de Bento no contexto nacional. Que dificuldades estão enfrentando?
RC: Apesar das dificuldades que o país vive, Bento é referência nacional. Em minhas idas a Brasília, senti que Bento é vista de uma forma diferente, devido ao perfil empreendedor da nossa comunidade. Isso é muito positivo.
JS: Qual sua visão do desenvolvimento social e cultural de Bento Gonçalves?
RC: Está melhorando, mas temos dificuldade de entender a cultura. Não somos abertos, preferimos o nosso núcleo familiar ou pequeno círculo de amizade ao invés de expandir o horizonte na questão cultural.
Precisamos utilizar mais a Casa das Artes, trazer mais eventos culturais, principalmente voltados à família.
A sociedade bento-gonçalvense, apesar de rígida nos costumes é organizada. É muito bom viver em Bento. Temos dificuldades, mas nossa qualidade de vida é muito boa, é diferenciada. Somos um exemplo a nível nacional de como viver em sociedade.
JS: O que você defende como prioritário em Bento Gonçalves: ampliação da Rodovia do Parque; término da ligação Esteio – Gravataí; duplicação da São Vendelino; ou duplicação da Bento – Farroupilha? Do que você é a favor de imediato? Lhe constrange a situação atual da São Vendelino e da Bento – Farroupilha?
RC: Todas são muito importantes, mas pensando no que Bento especificamente necessita com mais urgência, é a duplicação da São Vendelino e de Bento a Farroupilha, que são escoamentos imediatos da nossa produção industrial e turística.
A ligação de Bento a Farroupilha e Caxias do Sul é muito utilizada no transporte de mercadorias para o porto e para o turismo também. Quem vem de Gramado, por exemplo, vai acessar esse trecho, mas precisa estar em melhores condições.
A ampliação da Rodovia do Parque e o termino da ligação Esteio – Gravataí também são de extrema importância. Todas são fundamentais.
JS: O aeroporto de Vila Oliva e o Porto de Arroio do Sal ou Torres, Bento quer? Qual sua visão a respeito?
RC: Não cabe mais a nós dizer se queremos ou não. Bento apoia? Tem que apoiar. O aeroporto de Vila Oliva é mais uma opção. Tudo que vem a mais, nesse tipo de infraestrutura, temos que apoiar. O Porto de Arroio do Sal, mais ainda, porque encurtaremos cerca de 80 km ou até mais para levar nossa mercadoria para escoar.
JS: Como você vê a expansão industrial de Bento?
RC: Tímida, porque as áreas existentes são muito caras e a procura industrial está mais ligada ao eixo Bento–Garibaldi. Esse território já não tem tanta disposição de áreas físicas para poder implantar novos empreendimentos industriais. Já para o lado norte da cidade, onde temos mais terras para expandir horizontalmente, estamos buscando mais alternativas, mas não é o que o público que tem a pequena e média empresa procura muito, mas vão se instalar porque precisam.
Na questão de expansão industrial, em termos de investimentos, a exportação está um pouco alta em função do dólar, mas estamos começando a entender que as forças motrizes da nossa cidade, como o setor moveleiro, metalmecânico, vinícola e turismo, estão começando a ter mais forças e uma engrenagem melhor.
JS: Qual é a Bento dos seus sonhos?
RC: A Bento dos meus sonhos é onde tenhamos uma integração positiva de causas, onde percamos as vaidades individuais nos processos e entendamos que, de forma conjunta, vamos conseguir construir o bem coletivo, o bem-estar comunitário. Que continue tendo uma manutenção de segurança grande e melhor. Que Bento se organize e continue tendo gestões voltadas ao olhar do que está se necessitando em termos de sustentabilidade econômica na nossa indústria e que saibamos onde aplicar recursos para fazer as indústrias se instalarem. Tendo toda essa força alicerçada, a qualidade de vida de Bento vai melhorar ainda mais. A questão cultural tem que se fortalecer mais, mas está no caminho.
JS: Qual sua visão do contexto econômico do país? Reformas levadas a efeito e reformas projetadas.
RC: Vivemos numa constante turbulência. Se as pessoas que estão liderando os processos não encontrarem um formato que não lese e influencie, nosso cenário econômico a nível de país permanecerá em descrédito, com dificuldades. A articulação bem feita e sadia, que passa por todos os poderes, é fundamental. O Brasil tem tudo na mão, tem riquezas que nenhum outro país tem.
JS: Você tem medo de que a inflação volte? Por que?
RC: Convivemos com a inflação, de forma moderada sim, falam de 4,5% no ano que passou. Sinceramente, pode ser um número oficial, mas a inflação está mais presente no nosso contexto.
JS: Bolsonaro – Leite – Pasin. Defenda.
RC: Bolsonaro está tendo pulso firme, tem a empatia dos adeptos, mas está tendo algumas deficiências de relações junto ao Congresso e Senado. Deveria buscar uma relação mais apropriada para que as coisas funcionem melhor. Porém, como um todo, o Brasil precisava desse viés.
Sobre o Leite, não sabia muito o que esperar dele no começo. O Sartori não fez uma gestão ruim, foi duro em determinadas situações, assim como o Leite está sendo com 34 anos de idade. Estou gostando do Governo dele de forma pessoal, mas o vejo como entidade também. O Estado, da maneira que está, precisa de medidas drásticas, urgentes a curto prazo e ele está tendo habilidade para fazer isso.
Pasin: o saldo dele é positivo ao final de duas gestões difíceis, com momentos complicados, principalmente na primeira. Colocou a mão na educação, que é um ponto fundamental e na saúde também. Se pensarmos nos nervos estruturais que o município tem, Pasin sai com saldo positivo. É um grande nome para nos representar como deputado na esfera estadual e/ou federal.
JS: Que conselhos daria para um trabalhador e para uma pessoa que quer ser empreendedora?
RC: Muita disposição e coragem, no sentido de ter definido com o que deseja trabalhar. Para ser empreendedor deve saber o que quer fazer, porque a cidade oferece condições para se desenvolver.
O CIC é uma grande oportunidade para os grandes empreendedores ou profissionais que estão buscando seu próprio negócio, por isso, aconselho a se associarem na entidade, para que tenham o auxílio necessário nos negócios.
JS: No que se resume seu lazer, culinária, condicionamento físico, condições de saúde? Se puder, dê algumas dicas.
RC: Meu lazer se resume em convívio restrito com um pequeno grupo de amigos, antes eu tinha um convívio muito maior, mas meu tempo reduziu, sinto falta. Minha esposa e eu somos aficionados pela culinária. Viajamos muito com esse intuito. Bento, até seis anos atrás, tinha poucas opções em termos gastronômicos, mas agora temos opções tailandesas, japonesas, temos comidas típicas e uma variedade grande nos roteiros turísticos. Crescemos muito nesse ponto. Jogo futebol e faço academia com frequência. Tenho quatro atividades semanais. Mantenho o meu condicionamento físico, pratico esportes desde pequeno e o futebol foi o principal, por isso estou sempre envolvido, porque gosto muito.