Uma das épocas mais animadas do ano chegou e, com ela, a diversão e a folia tomam conta das ruas das cidades, das pistas de dança dos clubes e demais espaços públicos que recebem as festividades. Em Bento Gonçalves, apesar de alguns locais ainda promoverem eventos e preservarem a festança carnavalesca, aos poucos, esse espírito está se perdendo.
Antigamente, marchinhas, roupas bem cortadas, sapatos de salto alto e cabelo bem arrumado desfilavam pelos salões e ruas nos famosos bailes de carnaval. Os foliões reuniam-se em grupos, e aguardavam ansiosos a chegada da data. Esta geração, de décadas atrás, aproveitava cada instante de folia. Entretanto, conforme o presidente da Sociedade União São Francisco América (Susfa), Eduardo Belatto, há uma explicação para que os carnavais tradicionais, principalmente nos clubes, esteja se perdendo. “Eles estão extintos há muitos anos. Eram festas em que se reuniam amigos, família, turmas para brincar, fazer bloco e agitar nas quatro noites de folia. Acredito que esta nova geração, até mesmo pela facilidade de organização para ir à praia, campings ou viagens mais longas, acaba se deslocando, muitas vezes, para descansar e curtir nestes locais”, revela Belatto.
Ele ainda aborda que a concepção de algumas pessoas quando o assunto é festa é, por vezes, um entrave. “Hoje em dia, falo de um modo geral, muitos moradores do entorno de clubes e casas noturnas não tem mais paciência para determinadas situações, o que faz com que algumas coisas acabem se perdendo”, frisa.
Quem concorda com estas informações é o presidente da Sociedade Recreativa Botafogo, Jairo Antônio Alberici. Ele esclarece que as novas gerações optaram por outros estilos musicais e isso contribuiu para que o clima carnavalesco, aos poucos, fosse se perdendo. “Os mais jovens, hoje em dia, preferem passar o carnaval na praia, outros descansando. Mudou a concepção daquele carnaval de épocas antigas. Porém, para que possamos resgatar um pouco da tradição, ainda realizamos o carnaval infantil”, pontua.
De acordo com a presidente do Clube Aliança, Marlove Santana dos Santos, os carnavais, de um modo geral, foram se extinguindo com o decorrer dos anos. “A praia levou muita gente, até mesmo por ser um feriado. Além disso, os valores mudaram muito. Me considero uma foliona nata e, por isso, estamos projetando algo para o próximo ano”, afirma.
Para que o carnaval volte a ser forte no município, reinventar é um dos pontos primordiais, conforme explica o presidente do Clube Ipiranga, Vinícius Sonaglio Notari. “Ao longo dos anos foi ocorrendo um processo cultural e o jovem de hoje não é como antigamente. Devemos resgatar esta cultura, mas, para isso, é necessário que a sociedade e os clubes se reinventem, contando com o apoio do poder público”, pontua. No Clube haverá carnaval, na área externa, para os sócios.
Os blocos
Daniel Nodari, que fez parte do Bloco União do Morro na década de 90, ressalta que as festas carnavalescas nos clubes eram regadas a muita folia e diversão, com incremento dos blocos. “Durante os bailes nós, do União do Morro, alinhávamos uma apresentação com os clubes, geralmente no intervalo que a banda fazia. Nosso bloco possuía uma bateria nota 10”, revela.
Ele frisa que, com o tempo, muitos clubes deixaram de fazer algumas programações devido ao surgimento de outras casas noturnas. “São locais onde tu já vais no barzinho e depois curte um show. Por isso, muitos acabam não fazendo mais. Os clubes ficaram somente com sócios mais antigos, os jovens não têm interesse em se associar e, desta forma, os carnavais nos clubes sociais foram extintos”, esclarece.