Entidades avaliam o ano que passou e fazem projeções para o novo ciclo, que iniciou com boas expectativas para a retomada da economia
Bento Gonçalves possui uma grande representatividade regional, estadual e nacional. Na cidade, lideranças, sejam elas municipais ou sindicais, lutam para concretizar seus planos e anseiam uma corrida em busca de melhores condições em suas áreas de atuação.
Entretanto, idealizar novos projetos, muitas vezes, não é algo fácil. Por isso, analisar os fatos e acontecimentos do ano que passou é primordial para projetar os novos rumos, principalmente para as entidades. Cada uma delas no ano anterior, em sua área de atuação, promoveu eventos, lançou campanhas, lutou em conjunto com seus associados para melhorias em seus setores.
Nesta primeira parte do balanços e perspectivas de entidades, trazemos um panorama de quatro delas. Nele, cada um de seus dirigentes avalia as ações de 2019 e aponta os caminhos que estão sendo preparados para o ano em curso. A partir disso, as expectativas de um ano bom e póspero estão sendo renovadas. Com ele, renovam-se também as energias para dar continuidade ao trabalho que já vinha sendo desenvolvido e auxiliar a comunidade a buscar, cada vez mais, o desenvolvimento em todos os segmentos.
Os depoimentos dos presidentes: do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves (STR-BG), Cedenir Postal; do presidente do Sindilojas Regional Bento, Daniel Amadio; do presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Vale dos Vinhedos (Simplavi), Ivânio Ângelo Arioli, e do presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Bento Gonçalves (Simmme) Juarez José Piva, iniciam uma sequência de matérias com os líderes das entidades sindicais do município.
“Sonho com uma classe unida. Só assim seremos mais fortes”
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Bento Gonçalves (STR-BG), Cedenir Postal, revela que o ano de 2019 foi de muitos desafios. “Iniciamos um novo ciclo na conjuntura política brasileira, com várias reformas. A primeira delas foi a da previdência que iria atingir os agricultores, mas principalmente as agricultoras. Foi feito um trabalho muito forte por parte dos sindicatos para não alterar as regras para os rurais. Por isso, conseguimos ter êxito nesta luta”, esclarece.
Quanto à questão da produção, ele frisa que muitas propriedades rurais tiveram alguns problemas com os fatores climáticos. “Tivemos problemas com o clima, onde o frio veio fora de época e impactou na brotação das parreiras, mas principalmente na ameixa, onde me arrisco a dizer que é a menor safra da história. Sobre o preço da uva, fomos até Brasília para pedir o reajuste por parte do governo. Estamos no caminho certo”, avalia.
Para este ano, ele espera que a economia volte a crescer para que os agricultores tenham ainda mais a valorização de seus produtos. “Desta forma, recebendo o preço justo pela produção”, enfatiza. Ele também revela que projeta auxiliar cada vez mais os associados ao sindicato, bem como todos os agricultores em seus anseios e necessidades. “Sonho com uma classe unida, pois, às vezes, é isso que falta para nós agricultores: a união. E é só assim que seremos mais fortes”, ressalta.
No ano de 2020, ocorrem as eleições. Postal deseja que os novos gestores olhem para os produtores rurais. “Esperamos que o próximo prefeito e vereadores que serão eleitos em 2020 tenham uma atenção melhor para o nosso interior, valorizando os agricultores e dando condições para o homem e a mulher da roça trabalhar com dignidade, tendo renda para a sua família e auxiliando a desenvolver o município, estado e o país”, indica.
“Continuaremos empenhados em nossos propósitos”
De acordo com o presidente do Sindilojas Regional Bento, Daniel Amadio, 2019 foi um ano desafiador, o que motivou ainda mais a inovar e buscar soluções para um novo momento. “Criamos novos projetos como o ‘SOUSINDI para Crescer’, que alcançou quase três mil pessoas. Lançamos a campanha ‘O reflexo da pirataria é o crime’, para conscientizar a sociedade sobre os riscos do comércio ilegal. Apresentamos novos produtos, como a Certificação Digital. Participamos de ações coletivas e de cunho social e captamos o maior evento nacional de gestores de bens, serviços e turismo, que será realizado em Bento Gonçalves em maio de 2020”, explica.
Ele lembra que, acima de tudo, a equipe se empenhou permanentemente nas negociações da Convenção Coletiva de Trabalho, com vigência até 2020, em um processo muito mais tranquilo e rápido. “Enfim, entendemos que avançamos em diversas áreas, trazendo cada vez mais benefícios aos nossos associados”, revela o dirigente.
Para o ano de 2020, as expectativas são as melhores possíveis. “Acreditamos numa retomada ainda lenta, porém sólida, da economia, além de uma agenda de reformas que deve avançar como a da previdência. Assim como outras medidas fiscais e de crescimento que são tão essenciais para o desenvolvimento”, esclarece.
Ele também fala de diversas questões à nível estadual e aguarda melhorias em todos os setores. “Esperamos que o Governo do Estado consiga sanar suas contas para voltar a investir em infraestrutura, sem aumento de carga tributária”, pontua. Quando se fala em nível de comércio, ele deseja que os empreendedores se fortaleçam. “Queremos que as vendas do comércio tenham crescimento significativo, evitando assim o encerramento de atividades econômicas que geram emprego e renda. Continuaremos firmes e fortes, empenhados em nossos propósitos, como no combate às formas de informalidade que causam prejuízos a todos”, finaliza.
“Vislumbramos muitas possibilidades para a indústria”
Para Ivânio Ângelo Arioli, presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Vale dos Vinhedos (Simplavi), há indícios de um cenário otimista para o ano de 2020. “Acreditamos que doravante o nosso país passa para um cenário econômico mais confiante, com as reformas, trabalhista e previdenciária, que começam a ter efeito positivo”, esclarece.
Ele revela que, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria do Plástico (Abiplast), no período de janeiro a setembro de 2019, o setor de transformados plásticos sofreu recuo de -2,1% em sua produção física em relação ao mesmo período do ano anterior. Ainda, em termos de geração de vagas, foram criadas 4,3 mil novos postos de trabalho neste mesmo período. “A projeção para 2020 é que o setor cresça1,5%”, frisa.
De acordo com Arioli, a Associação Brasileira dos Distribuidores de Resinas Plásticas e Afins (Adirplast) divulgou que houve um crescimento de 6% nas vendas de associados em relação ao ano passado. “Em suma, com a taxa de inflação controlada, juros baixando, a volta do emprego e uma perspectiva positiva para a reforma tributária, a expectativa é que o ano de 2020 seja de aceleração da economia e retomada de nossas indústrias”, frisa.
Ele também diz que estão atentos a este momento de mudança de modelo de consumo, projetando propostas diversificadas para o setor. “Estamos vislumbrando muitas possibilidades para a indústria do plástico protagonizar alguns projetos voltados à economia circular. Um exemplo, que já está envolvendo toda a comunidade bento-gonçalvense, é o Tampinha Legal, uma proposta socioambiental que visa o recolhimento de tampinhas plásticas, cujo valor integral da venda é revertido para entidades beneficentes. Este projeto é nacional, conduzido pelo Simplavi em Bento Gonçalves, e que hoje já auxilia cinco entidades”, pontua.
“O principal desejo é que o crescimento se mantenha”
A participação do setor metalmecânico, de acordo com o presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Bento Gonçalves (Simmme), Juarez José Piva, é muito representativa na economia do município, seja pelos empregos gerados, ou pelos investimentos realizados.
De acordo com o dirigente, o ano de 2019, embora com expectativas otimistas não se cumpriu como o desejado. “As reformas demoraram e apenas no último trimestre percebemos uma recuperação, porém, se mostrou bastante sólida, constante e sustentável. A reforma da previdência também se mostrou como um bom avanço”, revela.
Para 2020, o principal desejo é de que o crescimento se mantenha e se perpetue. “Que tenhamos um aumento nas exportações em relação a 2019, de pelo menos 8%, como apontam as previsões. Que as reformas tributárias sejam aprovadas de modo que simplifiquem as regras e que o Brasil passe a ser visto como mais responsável e sério juridicamente, especialmente diante do olhar do mercado externo”, pontua.
Segundo Piva, no que tange às responsabilidades dos empresários do setor, percebe-se que já existe um forte movimento na configuração da cadeia produtiva, que abre espaço para processos cada vez mais tecnológicos e manufatura enxuta, buscando a máxima produtividade e flexibilidade. “O olhar da indústria 4.0 surge como um horizonte para a cadeia produtiva. A qualificação e o preparo para a automação industrial cada vez mais será premissa para manutenção de emprego ou recolocação no mercado de trabalho”, esclarece.
Fotos: Elisa Kemmer, Merlo Fotografia, César Silvestro, Reprodução e Divulgação