Finalizada em metade do tempo previsto, a força-tarefa da Polícia Civil (PC) criada para combater os homicídios em Bento é avaliada como positiva pelo delegado regional Paulo Rosa da Silva. Nos 45 dias em que esteve articulada, entre setembro e novembro, os homicídios praticamente zeraram, mantendo os números de assassinatos próximos aos do ano passado. A força-tarefa reuniu policiais da região sob o comando do delegado Adriano Linhares, de Caxias do Sul.
Segundo Silva, as mortes violentas que ocorreram enquanto a força-tarefa estava em andamento foram rapidamente solucionadas e os autores descobertos. “Sobre as investigações que já estavam em andamento, evoluímos em diversos pontos. Houveram prisões e diversas apreensões de armas utilizadas em crimes”, esclarece.
Atualmente, o índice de homicídios se mantém estável, se comparado a 2018, quando ocorreram 52 mortes violentas. Porém o delegado regional não comemora, pois diz que não pode prever o que irá ocorrer nos dias que restam para o ano findar. Silva afirma que a maior parte dos homicídios que aconteceram esse ano foram motivados pela guerra do tráfico de drogas promovida pelas facções rivais: Os Abertos e Os Manos.
Para ele, se for feita uma análise dos outros índices de criminalidade, todos estão caindo na cidade. “Os homicídios são promovidos pelos faccionados. Muitos deles já cumpriram pena e quando conseguem progressão do regime, voltam para a rua e acabam cometendo mais delitos”, ressalta. A exemplo disso, foi a soltura de Reni Alves da Silva, 40 anos, com antecedentes por homicídios, ameaças, porte ilegal de arma de fogo e lesões corporais; Maikon de Vargas, 23 anos, com passagens por porte de entorpecentes e cárcere privado e Izandra Gianello, 43 anos, com passagens por porte ilegal de arma de fogo.
Eles haviam sido detidos na noite de 24 de setembro no KM2, Distrito de Tuiuty. O trio e mais duas pessoas estavam em um local considerado o “quartel-general” da facção Os Abertos. No espaço utilizado, a polícia encontrou forte armamento, drogas, veículos e munições. “É uma situação complexa. São elementos de alta periculosidade com poder de fogo muito grande”, opina Silva.
Trabalho integrado que faz a diferença
Outro ponto que Silva destaca é a articulação entre Brigada Militar (BM), Polícia Civil e Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe). “O auxílio na transferência de presos é fundamental. A polícia militar também recaptura presos diariamente, além de fazer apreensões, que são fundamentais para diminuir o poder econômico desses grupos criminosos. Continuando com esse trabalho, diminuindo a influência de quem já está encarcerado, podemos fazer com que os números se mantenham”, destaca.
Somente em 2019, a BM realizou 618 prisões, sendo 139 cumprimento de mandado de foragidos em Bento. Para o comandante do 3º Batalhão de Policiamento em Áreas Turísticas (3º BPAT), tenente-coronel Paulo Cesar de Carvalho, a BM vem sempre unindo esforços com as outras forças de segurança para coibir todo tipo de ação delituosa. “Os resultados de tais ações são positivos, uma vez que os índices criminais para a cidade de Bento Gonçalves encontram-se baixando e estáveis, de acordo com a média histórica do Painel de Resultados da Brigada Militar, que considera os últimos 11 anos”, destaca.
Ordens partem de presídios
O delegado regional celebra a mudança dos detentos de Bento para a nova casa prisional. “Uma situação que influenciou bastante foi a transferência de presídio. Geralmente, a ordem para atuação dos membros de grupos criminosos parte de dentro da penitenciária. Agora há uma dificuldade maior na entrega de celulares, fazendo com que não consigam manter tanto contato com as pessoas de fora”, ressalta.
Durante a atuação da força-tarefa também houve o pedido de transferência de Valdeni Alves da Silva, liderança dos Abertos, que foi quem ordenou a chacina que aconteceu no Bar dos Amigos, em junho. Ele estava detido no Presídio Regional de Caxias do Sul, de onde comandava todos os faccionados. Então foi solicitada a transferência dele para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), numa tentativa de diminuir sua influência sobre o grupo que comanda.