Ex-aluno da Escola Estadual de Ensino Médio Elisa Tramontina, Mateus Colombo ganhou a credencial para olimpíada nos Estados Unidos, após seu projeto conquistar o 1º lugar na categoria de Ciências Agrárias em competição no Pará, no início do mês

Da Mostra de ciências da escola Elisa Tramontina, em Carlos Barbosa, para a Genius Olympiad, uma das maiores competições internacionais estudantis, em Nova Iorque, que ocorrerá em junho de 2020. Esse é o resumo do trajeto de Mateus Colombo, 18 anos, e de seu projeto científico, ao longo dos últimos dois anos.

Mateus Colombo no Pará


Vencedor na feira de sua então escola, Colombo também se destacou entre as escolas do município, na Mostra Científica Municipal de Carlos Barbosa, em 2018, o que lhe garantiu a credencial e despesas pagas pela Administração Pública para as maiores feiras científicas do Brasil.
Desde então, o jovem passou por seis mostras, apresentando seu estudo de agregação de extratos naturais à biomulching, espécie de lona biodegradável usada para controle de pragas na agricultura. Entre as feiras em que participou está a Febrace em São Paulo, onde garantiu o quarto lugar entre 230 concorrentes de sua categoria; e a mais recente delas, a Mostra de Ciências e Tecnologias da Escola Açaí (MCTEA), no município de Abaetetuba no estado do Pará, em dezembro de 2019.


Com a conquista do 1º lugar na categoria de Ciências Agrárias, o jovem garantiu a credencial para expor seu trabalho em solo estadounidense. “Já sai da escola, então, não tenho mais oportunidade de me inscrever em novas feiras. Por isso, ter ganho esse reconhecimento agora e essa oportunidade de mostrar meu trabalho fora do país é incrível”, assinala Colombo.


Embora próximo a ingressar no curso de Biotecnologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em março, o jovem, no entanto, não esconde que seus olhos estão voltados para junho. “Estou bastante ansioso. Sem dúvida será uma experiência única. É uma feira muito importante, com participação de 78 países”, comenta.

Exemplo para os demais alunos


Prestes a acompanhar seu pupilo a Nova Iorque, a professora de química e orientadora de Colombo, Sandra Seleri, não esconde a felicidade de ver o sucesso do projeto nascido na sala de aula e no laboratório do Elisa Tramontina. “Vamos ter o trabalho de um aluno de escola pública do interior do Rio Grande do Sul sendo avaliado por doutores estadounidenses em uma universidade de Nova Iorque. Não tem como não ter orgulho do Mateus e também do trabalho que fazemos na escola”, exclama.

“É maravilhoso ver um aluno nosso passando por isso tudo. Poder ter acompanhado o trabalho desde que era uma sementinha, até agora, ao colher esses frutos e ter todo esse reconhecimento”, Sandra Seleri


Sandra destaca, ainda, a importância de ver um trabalho realizado com as dificuldades próprias de escolas públicas, competindo e se destacando em meio a projetos de instituições privadas melhores estruturadas como muitas das presentes no Febrace e no MCTEA, por exemplo. O sucesso, nesse sentido, acaba também por incentivar outros estudantes. “Alguns alunos que trabalham com pesquisa na escola já me comentaram que sonham em ser os próximos a ir tão longe. Essa conquista certamente os incentiva a trabalhar com pesquisa científica”, conta.

Mateus Colombo e a orientadora Sandra Seleri, na Febrace

O projeto

De onde vêm os alimentos que estão em nossa mesa e como são produzidos? Esse foi o questionamento feito por Colombo há dois anos quando deu inicio a seu projeto para a mostra escolar do Elisa Tramontina. “Ao pesquisar, percebi que os principais métodos produtivos são baseados na utilização massiva de agrotóxicos prejudicias à saúde e ao meio ambiente. Com esse problema, tive a ideia de desenvolver um método alternativo”, lembra.


Depois de meses de pesquisa, a resposta ao seu problema seria o biomulshing, uma alternativa ecologicamente correta às lonas plásticas usadas em plantações. Feita a base de casca de laranja e com essência de pimenta malagueta, sua invenção, no entanto, vai muito além de uma lona. “Ela impede o crescimento de ervas daninhas, ajuda no controle da umidade do solo e, depois que se degrada, ainda serve de adubo para o solo”, explica Colombo.

Com propriedade inseticida natural, ao se degradar, a lona libera, ainda, a essência de pimenta, que afasta pulgões, lagartas e caramujos. “É uma cobertura de solo, um inseticida natural e também um adubo. É três em um”, complementa, a professora Seleri.