Crianças com mais de oito anos e adolescentes podem viver dentro de uma instituição até chegar a maioridade
No Brasil, há 50 mil cadastrados aptos para adoção, porém, entre eles, não há quem aceite unir adolescentes à sua família. Essa é uma realidade muito presente em nosso país. Em Garibaldi, nos últimos anos, dois adolescentes permaneceram institucionalizados até completarem 18 anos.
Para evitar novas situações desse tipo, a cidade planeja criar um grupo de apoio à adoção aos moldes do DNA da Alma, de Farroupilha, que é referência no trabalho desenvolvido.
O promotor de justiça de Garibaldi, Paulo Manjabosco, diz que quando há crianças maiores ou adolescentes, naturalmente é mais difícil encontrar uma família. “Quando não temos pretendentes, ficamos com metade do serviço feito. Se tira daquela situação de violência, mas não se encaminha para uma família apta. Há crianças e adolescentes maravilhosos. Temos que quebrar essa falta de informação que gera o preconceito”, ressalta.
Ele explica que a ideia é criar grupos em Garibaldi para tentar estimular as pessoas a olharem para crianças e adolescentes com mais idade. “Outro projeto embrionário é a necessidade de ter uma entidade que mantenha essas crianças e adolescentes no município, pois hoje vão para Taquara”, afirma.
Quem está à frente da criação do grupo de apoio à adoção em Garibaldi é o Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas). A coordenadora do programa, Adriana Lazzaroto, diz que o objetivo é acompanhar os pretendentes à adoção em dois momentos: na pré e pós-adoção. “Atualmente, as dificuldades enfrentadas são o entendimento de que adoção não é temporária. Entender que dificuldades, rebeldias, virão com as fases do desenvolvimento, mas todas dentro do esperado, como ocorre com os filhos legítimos”, declara.
Adriana diz que a média de adoção na cidade é de três por ano. Ela ainda afirma que, a médio prazo, está sendo planejado ter um abrigo na própria cidade para cuidar dos casos mais de perto.
De sete anos para sete meses
O DNA da Alma surge pela iniciativa de uma psicóloga e uma assistente social que atuam na Casa Lar Padre Oscar Bertholdo, em Farroupilha. Desde o início, o presidente da entidade é Jorge Bonalume, que tem três filhos adotivos, sendo duas adoções tardias. “Temos um judiciário e uma promotoria muito atuantes e uma casa de acolhida extremamente preparada. Mas não existia ninguém que fizesse o meio de campo. Quando elas chegaram lá existiam vários adolescentes que ninguém queria. Nossa primeira bandeira foi a adoção tardia”, explica.
De acordo com Bonalume, a entidade atua na pré e pós-adoção, auxiliando as famílias. Além disso também é oferecido auxílio para as famílias biológicas que necessitam de ajuda para que os filhos possam voltar para o seio familiar.”Com a vinda do DNA da Alma, a média de permanência, em 2018, foi 11 meses. Esse ano vai fechar em sete. Antes chegava a sete anos. Com esse suporte, em 7 anos de DNA da alma tivemos apenas uma devolução de criança”, destaca.