Oito em cada 10 pessoas transexuais que vivem com o vírus do HIV relataram que sofreram pelo menos um tipo de preconceito nos últimos 12 meses.
O levantamento foi feito pela Opas, Organização Pan-Americana de Saúde, e faz parte do “Índice de Estigma em relação às pessoas vivendo com HIV/Aids – Brasil”.
A coordenadora da Rede Nacional de Mulheres Travestis e Transexuais e Homens Trans vivendo com HIV/Aids, Renata Evans, destaca que a dificuldade começa já na hora de fazer o exame de sangue.
A pesquisa ouviu 1.784 pessoas em sete capitais: Manaus, Recife, Salvador, Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. E mostrou que 64% dos entrevistados já sofreram algum tipo de preconceito devido à condição de portador de HIV ou aids. São casos em que, mesmo contra a vontade, as pessoas são obrigadas a fazer o teste e, quando o resultado é positivo, perdem o emprego e até mesmo são agredidas.
O coordenador do estudo, Angelo Brandelli, da PUC do Rio Grande do Sul, destacou os três resultados que mais chamaram a atenção dele, como a dificuldade em revelar a sorologia positiva, o estigma do HIV no serviço de saúde e sobre a falta de cuidados com a saúde mental dos pacientes.
O relatório indica, ainda, que 80% das pessoas diagnosticadas como soropositivas consideraram difícil contar para a família. E que nem mesmo no sistema de saúde elas estão livres de preconceito: 15% dos entrevistados relataram ter se sentido discriminados por médicos e enfermeiros.
Para a representante da Opas no Brasil, Socorro Gross, é preciso investir em informação.
A pesquisa convidou pessoas que vivem com HIV e aids para conduzir as entrevistas, com o objetivo de deixar os participantes mais à vontade para comentar sobre os preconceitos. Foram homens e mulheres, cis e transexuais, hétero e homossexuais.
Fonte: Agência Brasil
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