O Salão de Atos do IFRS se encheu de rostos novos na noite de quinta-feira, dia 21. O evento “Diáspora Haitiana em Bento Gonçalves – Vivências e Desafios”, que integra a programação do Mês da Consciência Negra, reuniu diversos imigrantes para conversarem sobre as dificuldades encontradas na Capital do Vinho. A coordenação do evento ficou a cargo do Movimento Negro Raízes.

Durante o encontro, os imigrantes puderam compartilhar suas histórias. Muitos ainda encontram dificuldade na língua portuguesa. Então, Encelot Joachin, 35 anos, que está no Brasil há sete anos, mediou a comunicação durante o evento. Nas manifestações, houve denúncias de preconceito. Como proprietários e imobiliárias que se negam a alugar casa para quem vem do Haiti ou empresas que fecham as portas para os imigrantes.

Joachin também contou um pouco da sua história no Brasil. No Haiti, ele era professor de gramática francesa e história. Aqui conseguiu emprego em uma metalúrgica. “A dificuldade nos deixa, às vezes, um pouquinho triste, mas com a ajuda de cada um, esperamos fazer algo melhor. As dificuldades são enormes, a língua, questão profissional e de moradia. Esperamos que cada vez mais possamos integrar a sociedade bento-gonçalvense”, disse.

Bento pode ganhar Centro de Acolhimento

O coordenador do Movimento, Marcus Flávio Dutra Ribeiro, anunciou que Bento pode receber um Centro de Acolhimento ao Migrante, ao modelo de como funciona em Caxias do Sul. Em outubro, o projeto foi apresentado ao poder público. A presidente do Conselho Municipal dos Povos de Matriz africana, Lisiane Pires distribuiu fichas para que os haitianos pudessem preencher com suas informações pessoais, para que assim possa haver uma forma de mapeamento de quem são esses imigrantes. Ela também explicou que o Conselho conta com a ajuda de um advogado para atender os imigrantes gratuitamente, auxiliando, inclusive, com documentos para a legalização dos que ainda estão irregulares.