Nunca falhei! Dia dos mortos, Feriado de Finados, paro com tudo e vou ver como estão os parentes que já se foram: avós, pai, mãe, irmãos e amigos que merecem ser recordados.
Pergunto se estão bem e, como nada respondem, acredito piamente que todo estejam bem. Rezo minhas orações, agradeço pela vida e saio novamente do campo santo para viver o presente, que ao pé da letra, é um presente de Deus.
No quotidiano observo algumas pessoas que parecem vivos mortos, verdadeiros zumbis: cara amarrada, como a do ministro Gilmar Mendes, olhar perdido por aí, verdadeiros zumbis.
Passo e, na cruzada, lanço um caloroso:
-“Bom dia!”
Nem bola: parece que falei para a parede. Aliás, o cara chegou a olhar para a parede e depois para mim como se um fosse um louco. Certamente seus pensamentos estavam concentrados em dinheiro.
Foi só um bom dia. Para consolo, convenci-me que o tal sisudo também era surdo ou mudo, se não os dois. Tudo bem: fui o intrometido na vida dele e tenho mais é que ficar na minha.
Só que não consigo ficar na minha: tenho que espalhar bons dias, sorrir para as pessoas, mesmo não sendo político de carreira, tenho que ser melhor, mais feliz, tudo para acabar com a “zumbizada”. Um dia acaba essa desgraça e todos seremos mais felizes.
No cemitério meu bom dia faz eco no meu próprio coração e na rua, com os vivos mortos, vai ser o mesmo: o coração ouve muito bem e fala mais alto. Bom diaaaaaaaa!
Se um pensar que sou louco outros responderão pelo cumprimento, mesmo que seja com um simples sorriso.
Éramos quatro pessoas no elevador do Palácio del Lavoro. No percurso de apenas seis andares fizemos amizade depois de apenas um BOM DIA. Um se queixou da chuva, outro que esquecera de colocar o bilhete pago do estacionamento no para brisa do carro, outro que apenas respondeu ao bom dia e, de minha parte, apreensivo pelas próximas horas na cadeira do dentista, fiquei com um sorriso firme após o BOM DIA.
O elevador parou em três andares e cada um que saiu fez falta.
No campo santo, apenas a alguns palmos abaixo da terra, todos os que estavam lá fizeram falta. Pararam no andar do seu tempo.
Para nossa reflexão, transcrevo Dalai Lama: