Ir ao cinema parece uma atividade simples, mas quem tem deficiência encontra diversos obstáculos. A Associação dos Surdos de Bento Gonçalves (ASBG) vem lutando para a regulamentação das sessões legendadas. A reivindicação está a poucos passos de entrar na legislação municipal, através do Projeto de Lei Complementar (PLC) 4/2019.
A presidente da ASBG, Daniela Flamia, diz que a proposição do legislativo é de grande importância para os deficientes auditivos. “Se eles querem ir ao cinema, têm que ficar esperando para ver se vai ter opção com legenda. O problema maior ainda é para os filmes infantis, que as crianças não sabem ler, então teria que ter uma janela com tradução em Língua Brasileira de Sinais (Libras)”, destaca.
Os dois cinemas da cidade são da mesma rede, de propriedade de Roberta Gorniski. Ela esclarece que todos os filmes são exibidos com opção dublada e legendada em diversos horários. “Nas semanas de estreia, a gente exibe as duas opções e alternamos os horários”, explica.
Conforme as sessões vão diminuindo, os filmes com legenda vão saindo de cartaz, como explica Roberta. “Temos inúmeras sessões de legendados zerado de público. Às vezes, a pessoa presta atenção que o filme está em cartaz lá na quarta semana, mas aí já não consigo mais manter. É um custo alto”, declara.
Roberta observa que, conforme regularização da Agência Nacional do Cinema (Ancine), os cinemas precisam oferecer equipamento de acessibilidade. “A partir de julho, 15% das salas de cada rede deveriam estar equipadas com fone de ouvido para audiodescrição e tablet para tradução em Libras. Então adequei uma nova do Shopping Bento.”, destaca.
Mas a solução encontrada pela Ancine não agradou os deficientes auditivos, que precisam acompanhar um tablet com a legenda em Libras. Conforme Roberta, não houve procura pelos equipamentos.
Uma sessão por dia
De acordo com o vereador Idasir do Santos (MDB), proponente do projeto, o PLC visa que os dois cinemas da cidade tenham, ao menos, uma sessão de filmes legendados por dia e que sejam em horários diferentes. A proposição já havia tramitado no Legislativo, em 2017, porém foi julgada inconstitucional. Fato semelhante aconteceu em Caxias do Sul, quando o caso foi parar no Tribunal de Justiça do Estado, que deu parecer favorável à criação da Lei. “Em função dessa cidade e outras que puderam regulamentar o tema, decidimos reapresentar o projeto”, afirma.
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